Fotos: Gabriel Haesbaert (Diário)
Mais que arte, história e talento, as réplicas de dinossauros produzidas por Mauro Aramis Favero, 56 anos, morador de Mata, representam uma trajetória de superação e preocupação com o futuro do município.
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Maurão, como é conhecido, tem uma vida ligada às artes marciais e à comunicação visual, áreas nas quais atuou por décadas em Santa Maria. Entretanto, há dois anos, a vida lhe deu um duro golpe, com a perda do filho Cauan, ainda jovem.
Entre muitas conversas durante o tratamento da doença do filho, o pai prometeu a ele que faria algo para ajudar Mata, cidade onde Cauan nasceu e onde reside a família. A partir de então, o acaso fez com que Maurão descobrisse a habilidade para esculpir réplicas dos gigantes que dominaram o planeta no passado.
- Um rapaz da Bahia veio falar comigo, pelas redes sociais. a respeito de artes marciais. No bate-papo, descobri que ele era escultor, trabalha na prefeitura de Santa Inês e produziu dinossauros para enfeitar a cidade. Começamos a trocar ideias e a aprendi algumas técnicas com ele - lembra Maurão, que é nascido em Santiago.
POTENCIAL
Mata é conhecida como a "cidade de pedra que foi madeira", pela quantidade de árvores fossilizadas que existem no local. No pórtico do município, há, inclusive, um dinossauro que faz referência à ligação da região com a pré-história. Mauro entende que a criatividade que tem, junto ao potencial turístico de Mata pode dar bons resultados.
O primeiro dinossauro feito por ele foi um velociraptor, ao estilo dos filmes da saga Jurassik Park, do diretor Steven Spielberg:
- O velociraptor não está totalmente pronto, mas resolvi colocá-lo na frente da minha casa.
Mauro conta que muitas pessoas paravam, diariamente, para tirar foto ao lado da escultura:
- A partir disso, vi o potencial dos dinossauros para atrair visitantes. A vocação turística de Mata tem que ser renovada.
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Os animais são produzidos a partir de metal e isopor e, em seguida, recebe camadas de resina e a cobertura de tecidos jeans. Isto mesmo! O escultor compra calças jeans e usa o material para cobrir as estruturas. Segundo ele, a combinação deixa os dinossauros resistentes "como um osso".
Além disso, há o processo de detalhar artesanalmente os aspectos da face e da pele dos imponentes monstrengos.
PROJETOS
Passando de lutador a artista, Maurão garante que os animais são feitos em escala. Todas as informações necessárias para o trabalho são encontradas na internet, conforme ele. O custo de produção do velociraptor, inacabado, gira em torno de R$ 2 mil. Agora, está nascendo um novo e grandioso predador, um tiranossauro rex. A cabeça está moldada, com uma massa feita a partir de tinta acrílica. Ao ser finalizado, o corpo do animal deve ter de 3 a 4 metros de altura, com o custo total de R$ 9 mil.
- Quero fazer ele mais agachado, para que as pessoas possam subir para tirar foto - comenta o artista.
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Porém, para que a estrutura fique completa, é necessário recursos para a compra de materiais. Até uma rifa já correu em Mata para a obtenção dos valores. Além de se dedicar às esculturas, Maurão trabalha com a venda de bombas e cuias de chimarrão e espetos. E, para levar adiante o projeto, o santiaguense conta que já conversou com representantes do poder público para conseguir instalar o dinossauro na cidade.
FUTURO
O secretário de Cultura, Turismo e Paleontologia de Mata, Jeferson Saurin, diz que o município gosta da ideia, mas ainda não a apoia financeiramente.
Segundo Saurin, um orçamento de 10 lixeiras personalizadas com a temática dos dinossauros foi encomendado a Maurão e deve ser entregue depois da folga de Carnaval. As lixeiras seriam colocadas na praça central e no jardim paleobotânico. No entanto, o secretário revela a preocupação com a precisão histórica da arte:
- Os dinossauros feitos pelo Mauro são legais. As crianças gostam, é verdade, mas eles não representam fósseis encontrados na Região Central. Então, para levar a ideia adiante, teríamos de ajustar isso. Não podemos fazer uma propaganda enganosa.
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O secretário acrescenta que o Executivo encaminhou um projeto para o Ministério do Turismo para a construção de um Parque Temático em Mata, no santuário de Madre Paulina. Para sair do papel, segundo ele, a estrutura precisaria contar com o apoio de verbas federais.
*Colaborou Rafael Favero
