estilo de vida

VÍDEO + FOTOS: Jardim das Esculturas tem 600 obras e quer chegar a mil

José Mauro Batista

Fotos: Gabriel Haesbaert (Diário)
Rogério Bertoldo é o responsável pelas obras no espaço turístico em Júlio de Castilhos

Um dia, enquanto trabalhava na plantação de fumo dos pais, na localidade de Sítio dos Mello, no interior de Júlio de Castilhos, o adolescente Rogério Bertoldo, teve um insight e pensou: "Nunca vou ser imortal fazendo isso". 

Então com 14 anos, o guri despertou seu interesse por yoga e meditação, ao ver um catálogo de livros sobre o assunto, e passou a cultivar um estilo de vida diferente, subindo o morro íngreme para contemplar a paisagem e refletir. Foi com essa idade que trocou os bancos escolares, na 7ª série do Ensino Fundamental, para mergulhar na literatura oriental.

Anos mais tarde, em 2005, começou a esculpir obras de arte em pedra de arenito. A semente plantada resultou em um parque temático denominado Jardim das Esculturas, destino turístico na Região Central, que chega a receber até 3 mil visitantes por mês, inclusive de fora do país.

Aos 50 anos, Rogério e a mulher, Giselda Moro Bertoldo, 41, construíram, além de um empreendimento, um modo de viver baseado em meditação, convívio com a natureza e dieta vegetariana e vegana.

Encravado nos morros castilhenses, no limite com Nova Palma e Ivorá, o Jardim das Esculturas tem uma área de 6 hectares, na propriedade que o escultor herdou dos pais. O parque abriga 630 esculturas e está em constante transformação.  

- Se você voltar na semana que vem, o Jardim vai estar diferente. Sempre tem escultura nova - diz Giselda, que cuida da administração, enquanto o marido se ocupa com o lado artístico.

A produção das obras de arte começou despretensiosamente com a confecção de um leão. Em seguida, já havia 60 esculturas, o que chamou a atenção de vizinhos. A partir daí, a área de 60 mil metros quadros começou a ser invadida por imagens de animais, pessoas, duendes e outras representações do mundo.

Hoje, são 630 esculturas, algumas em tamanho gigante, como a estátua de Buda, que fica na Montanha do Silêncio, um morro com acesso por uma trilha e uma escadaria com 90 degraus. A imagem de 5,5 metros de altura e 40 toneladas foi construída em 15 dias e é a maior do parque.

As primeiras criações foram feitas a machado, conta o artista, que, atualmente, utiliza ferramentas mais sofisticadas como demolidores de pedra e talhadeiras elétricas.

 Falante, Rogério faz questão de mostrar como produz suas obras. Também gosta de contar sobre sua trajetória como pessoa e como artista citando frases e provérbios orientais.

- Não tendo foco não se vai a lugar nenhum. É preciso foco - diz o escultor, que eternizou sua sensibilidade artística num jardim de pedras.


META É CHEGAR A 1 MIL ESCULTURAS
Parceiros há 26 anos, 22 de casamento, Rogério e Giselda têm planos bem definidos para o empreendimento turístico. A ideia é melhorar a infraestrutura do espaço, que tem uma pousada e um restaurante de comida natural, e torná-lo lucrativo. 

Os atrativos do parque são muitos, como "O caminho da Consciência", uma trilha que leva à "Montanha do Silêncio", e um espaço dedicado à "Mãe Terra". Agora, o objetivo é melhorar a recepção.

- Hoje, o Jardim das Esculturas é autossustentável, mas o lucro vem das esculturas que o Rogério faz para terceiros - diz Giselda, que acredita já ter investido mais de R$ 300 mil no local.

O artista tem mais de 300 obras em outras cidades, 40 delas em Nova Petrólis, na Serra Gaúcha. As peças são feitas por encomendas e têm preços bastante diversificados devido à complexidade de cada trabalho, algumas podendo chegar a R$ 50 mil.

A proprietária acredita que o limite do parque é de mil esculturas e revela não ter planos de ampliar a área. O foco que o casal aprendeu com a prática de artes marciais - Rogério foi professsor por 17 anos, e Giselda, sua aluna - é também aplicado nos negócios. O projeto a médio prazo é construir uma nova recepção, com café, e uma sala de audiovisual. Também serão feitas melhorias no paisagismo. O artista projeta, ainda, esculpir a figura de um gigante.

A concentração e a dedicação, outras virtudes cultivadas nas artes marciais, são fundamentais para o fazer artístico.

- Nos primeiros nove anos do Jardim, eu não saí dos portões - conta Rogério, que chegou a trabalhar 18 horas por dia e hoje reduziu esse ritmo.

As esculturas não estão somente na área do parque. Há várias delas indicando o caminho, ao longo da estrada municipal de Nova Palma, uma via de chão batido e principal acesso ao refúgio.

COMO VISITAR

  • Onde fica _Na localidade de São João dos Mello, na área rural de Júlio de Castilhos 

COMO CHEGAR

  • O melhor trajeto para quem sai de Santa Maria, pela RS-287, é pegar a RS-149, por Nova Palma. Há um trajeto de 7,5 km de estrada de chão
  • Quem sai de Porto Alegre, pela BR-386, deve acessar a RS-287, até Faxinal do Soturno, e pegar a RS-149, também por Nova Palma
  • O acesso principal, via BR-158, não é recomendado porque a estrada está sem condições de uso

HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO

  • Aberto ao público às sextas-feiras, sábados, domingos e feriados nacionais, das 9h às 18h 

COMO AGENDAR

  • Excursões colegiais devem ser pré-agendadas de terça a sexta-feira, no turno da manhã ou tarde 
  • Excursões de adultos devem ser pré-agendadas de terça-feira a domingo

QUANTO CUSTA

  • Adultos - R$ 20 
  • Crianças até 12 anos - R$ 12
  • Excursões colegiais - R$ 12 por pessoa
  • Excursões de adultos - R$ 15

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