A Polícia Civil e o Ministério Público (MP) investigam a conduta de policiais militares que atenderam uma ocorrência que terminou com agressão e cinco pessoas levadas para a Delegacia de Polícia. O caso aconteceu na noite da última sexta-feira, em Caçapava do Sul.
Operação do MP vai vistoriar áreas de Mata Atlântica em quatro cidades da região
De acordo com relato do casal Ilson, 46 anos, e Anajara Teixeira, 47, um dos filhos deles, Matheus Teixeira, celebrava o aniversário de 22 anos em uma festa, na garagem da casa da família, quando dois policiais militares teriam chegado ao local e dito que o som estava alto. Os PMs teriam pedido para que o volume fosse reduzido. A família contestou a ordem, e os policiais teriam deixado o local e dito que voltariam com reforços.
- Pouco depois que eles (os policiais) foram embora, esses dois policias voltaram com mais outras sete pessoas, que seriam policiais, mas estavam à paisana. Eles nem quiseram conversar, já chegaram arrebentando a porta e batendo em todo mundo. Ninguém podia falar, se não já estava preso por desacato - relata o pai.
A família conta que foi surpreendida pela chegada dos policiais, que teriam usado balas de borracha e cassetetes. Um vizinho gravou um vídeo, da rua, que mostra uma viatura em frente à residência e a movimentação de policiais no local.
No vídeo, é possível ouvir os barulhos, que seriam de disparos de munição de borracha, e gritos de Anajara pedindo por socorro. Pelo menos 12 pessoas ficaram feridas e foram atendidas no Pronto-Socorro da cidade. Um dos filhos do casal levou 16 pontos na cabeça. Um dos feridos é um policial militar que, conforme o boletim de ocorrência, levou um soco no olho. Ainda conforme o registro feito na delegacia, os policiais relataram que só usaram a força após um deles ser agredido e receber ameaça com um canivete. O pai, a mãe, o filho, a nora e um amigo foram algemados e levados para a Delegacia de Polícia de Caçapava, mas, ao chegarem no local, foram liberados.
INVESTIGAÇÃO
Na segunda-feira, a Polícia Civil começou a ouvir testemunhas e, nesta quarta-feira, deverá ouvir depoimento dos policiais envolvidos. O MP investiga a conduta dos policiais. Em entrevista à RBS TV, o promotor Diogo Taborda disse que, em um primeiro momento, é possível ver que foi uma ação abusiva e que "pode gerar processos tanto de abuso de autoridade, lesão corporal e improbidade administrativa, o que vai ser investigado pelo Ministério Público e a justiça competente."
Concessionária de luz é condenada a pagar R$ 418,4 mil à família de homem eletrocutado
O tenente-coronel Sérgio Alex Laypner Medina, comandante do 6º Regimento de Polícia Montada de Bagé, explica que cabe à Brigada Militar, Ministério Público Militar e Justiça Militar o processo investigativo do caso e que já instaurou um Inquérito Policial Militar para apurar o ocorrido. Os policiais militares seguem atuando no município.
- A guarnição da Brigada deslocou até o endereço em que tudo desenrolou em decorrência de serem acionados porque havia perturbação da ordem pública. A guarnição compareceu, houve um destrato da guarnição, foi solicitado apoio. Como Caçapava só tem uma viatura de serviço obrigatoriamente, o pessoal de folga deslocou para apoiar os colegas. Nessa situação, houve, então, atrito nessa ocorrência e desse atrito restou um policial militar lesionado no olho e outras pessoas também lesionadas e que foram conduzidas à delegacia - comentou o comandante.
