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VÍDEO: em 60 anos de história, tradição alemã segue viva em Agudo

José Mauro Batista


Foto: Renan Mattos (Diário)
O nome Agudo originou-se de um morro pontiagudo, ponto turístico da cidade. Com 429 metros de altura, o morro ficam em frente à Avenida Concórdia, a principal de Agudo

Quando os primeiros imigrantes alemães, vindos da Pomerânia, chegaram à Região Central do Rio Grande do Sul, há 161 anos, começava a nascer o município de Agudo, que só se tornaria independente um século mais tarde. Os pomeranos desembarcaram na localidade de Cerro Chato, na margem esquerda do Rio Jacuí, dando origem à Colônia Santo Ângelo, instalada pelo governo provincial, entre 1875 e 1885.

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Os alemães chegaram 20 anos antes de os primeiros italianos desembarcarem em Silveira Martins, berço da Quarta Colônia. Agudo é a única cidade colonizada por alemães na microrregião, além de ser a maior em termos populacionais, com 16,5 mil habitantes, conforme a última estimativa de população feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgado no ano passado. 

Um casarão de dois pisos, em estilo germânico, na Avenida Concórdia, 97, abriga um acervo de itens que fazem parte da história de Agudo e que ajudam a contá-la:


CULTURA ALEMÃ EM TODO LUGAR
A cultura alemã em Agudo está presente no estilo arquitetônico de casas, na denominação de vias públicas e praças, nas placas e letreiros de estabelecimentos comerciais e de prestação de serviço, na produção de pequenas agroindústrias, na gastronomia e em monumentos e escolas. Mas ela torna-se mais na evidente na comunicação entre boa parte dos moradores, que falam, além da Língua Portuguesa, a língua mãe de seus ancestrais. Tanto que, em algumas escolas, o alemão é língua obrigatória para as crianças.

Religiosamente, todas as tardes um trio de amigos costuma se reunir para um bate-papo no largo em frente a uma agência bancária, na Avenida Concórdia. Todos já passaram dos 70 anos de idade e, portanto, têm mais anos de vida do que a cidade em que moram. Quando a reportagem do Diário os aborda, os três mostram-se um pouco desconfiados até que começam a se descontrair e a contar histórias.

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O mais velho da turma é o aposentado Ildo Friedrich, 86 anos, nascido e criado no município. Fridrich conta que, antes de aposentar-se, seu ofício era serrador de mármore. Há 26 anos, ele largou a profissão e, hoje, vive da aposentadoria. Bisneto de um casal que veio da Pomerânia, uma região ao norte da Polônia e da Alemanha, na costa sul do Mar Báltico, Friedrich diz, rindo, que, dependendo da ocasião, os amigos trocam o português pelo alemão. Aos 77 anos, Ari Raddatz nasceu em Santa Maria, mas mora há mais de 40 anos em Agudo. Advogado e professor aposentado, Raddatz conta que lecionou Português, Inglês, História, Geografia e a antiga disciplina de Educação Moral e Cívica. O terceiro membro da turma, o agricultor aposentado Ilmo Marcílio Dickow, 84 anos, é o menos falante e o que tem o sotaque mais carregado, por ter vivido muito tempo no interior, onde falar português é menos comum. 


Foto: Renan Mattos (Diário)
Da esquerda para a direita: Ildo Friedrich, Ari Raddatz e Ilmo Marcílio Dickow

- O pessoal daqui entende, sim, e fala a Língua Alemã. Na Alemanha, há núcleos que falam dialetos, mas o nosso alemão é o chamado alto alemão, a base da língua oficial, que também é falada em Paraíso do Sul e Candelária - explica Raddatz, afirmando que qualquer um dos três não passaria dificuldades no país de origem.

No interior, onde, segundo o prefeito Valério Trebien (MDB), vivem 10 mil dos cerca de 17 mil habitantes do município, boa parte não fala português. O próprio prefeito diz dominar o idioma pelo fato de, até os 7 anos de idade, só ter tido contato com a língua dos imigrantes.

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- Falo praticamente tudo em alemão. Aprendi a falar português na marra, quando entrei para a escola - revela o prefeito.

Em solenidades e eventos, ele fala as duas línguas para que todos o entendam. O ensino da Língua Alemã é obrigatório em algumas escolas de Agudo. A partir do 6º ano, pode-se optar por inglês ou alemão. E, para quem se interessar, não faltam cursos e oficinas que ensinam a língua dos fundadores de Agudo.

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