surto de toxoplasmose

Quase dois meses depois da confirmação do surto, Santa Maria ainda não recebeu remédios para tratar a toxoplasmose

Thays Ceretta


Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)

Quase dois meses depois da confirmação de um surto de toxoplasmose (o surto foi confirmado em 19 de abril), que já se tornou o maior em número de casos no mundo, Santa Maria amarga a espera por medicamentos para tratar dos pacientes infectados. Depois de repetidas reuniões entre representantes da área da saúde e do Ministério Público Federal e Estadual para tratar da questão do envio dos remédios por parte do governo federal, o MPF enviou uma recomendação ao Ministério da Saúde para que se manifestasse sobre a forma como iria disponibilizar os remédios para a cidade.

Porém, o prazo de 10 dias terminou hoje e, até a data, o órgão federal não havia enviado uma resposta. O fato fez com que representantes da área da saúde do município e do Estado se reunissem, na manhã de hoje para a elaboração de um documento oficial que deve ser entregue hoje ao MPF. Integrantes da Secretaria Municipal de Saúde, da 4ª Coordenadoria Regional de Saúde (4ªCRS), infectologistas, Ministério Público Federal e Estadual trataram sobre o estoque na cidade e sobre a situação dos pacientes que estão em acompanhamento.

:: Leia as notícias sobre o surto de toxoplasmose em Santa Maria ::

RESPONSABILIDADE DA UNIÃO
Como a cidade vive um surto, em casos de epidemia, a responsabilidade da medicação fica por conta da União. Esse foi um dos motivos que levou o prefeito de Santa Maria, Jorge Pozzobom, a viajar diversas vezes para Brasília em busca dessa ajuda. A secretária de Saúde de Santa Maria, Liliane Mello Duarte, afirma que é de responsabilidade do governo federal o envio dos medicamentos, e o município está precisando em caráter emergencial.

- O Ministério Público deu 10 dias para o Ministério da Saúde se posicionar, dizer se ia ter medicação ou não e como ia ser. E, agora, estamos informando que não recebemos nada. Claro que descobrir a fonte é importantíssimo, medidas de prevenção também, mas o mais importante é tratar quem já está doente, principalmente as grávidas, e nós precisamos dessa medicação. Eles (o governo) precisam colocar a medicação na nossa mão - enfatiza Liliane.

Conforme o último boletim, 41 gestantes estão com a doença, e a medicação é para quem está no grupo de risco. Além delas, estão as crianças com menos de 2 anos e os imuno deprimidos (pessoas com imunidade baixa). Na cidade, 485 pessoas estão com a doença, de acordo com os exames do Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Sul (Lacen-RS).

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PREFEITURA PAGA A CONTA
O prefeito Jorge Pozzobom já liberou cerca de R$ 50 mil para a compra de dois lotes de medicação que atendeu às grávidas de Santa Maria e da região. Os medicamentos básicos para a toxoplasmose estão sendo distribuídos de graça na Farmácia Central, que fica na Rua Roque Calage, 55, Centro, das 8h às 15h, de segunda a sexta-feira. Os pacientes precisam apresentar receita emitida por um médico que atenda nas unidades básicas de saúde da prefeitura para a retirada dos medicamentos. A prioridade continua sendo o grupo das gestantes. No caso delas, os medicamentos também são oferecidos de graça caso a receita seja dada por um médico particular ou da rede privada. Já os medicamentos estratégicos estão sendo entregues na farmácia da 4ªCRS, que fica Rua Astrogildo de Azevedo, 277, Centro.

O titular da 4ª CRS, Roberto Schorn, conta que a União ainda não enviou nenhum tipo de medicamento, e que a equipe estava fazendo o levantamento sobre a situação dos remédios. Essas informações devem constar do documento a ser entregue hoje.

A procuradora da República Bruna Pfaffenzeller comenta que, até a tarde de hi, o Ministério da Saúde não havia respondido à recomendação. Uma ação judicial pode ser o próximo passo para conseguir os medicamentos, mas isso ainda será avaliado pelo MPF.

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PACIENTES DERAM ALTA
Em junho, o surto de toxoplasmose completa dois meses. As equipes da área da saúde continuam trabalhando com a busca ativa, aplicando os questionários e georreferenciando os pacientes que foram diagnosticados com a doença e também os casos notificados. É dessa forma que está sendo construído o perfil epidemiológico de quem foi infectado.  

Esses dados estão sendo divulgados uma vez por semana com o boletim oficial emitido pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs). Conforme o último documento, o levantamento preliminar do perfil epidemiológico foi feito a partir de um estudo aprofundado de 79 casos com resultado positivo, que tem por objetivo tentar identificar as causas da doença na cidade ou pelo menos chegar mais próximo da origem do surto. Desses casos, 72 pacientes procuraram atendimento médico devido aos sintomas. Do total, apenas 19 necessitaram de internação hospital, e um, de internação em Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Porém, neste momento, nenhum paciente está internado na cidade, pois todos já deram alta.

Mesmo assim, as autoridades de saúde da cidade alertam que ainda é preciso seguir as medidas preventivas, como lavar bem os alimentos, não comer carne crua e beber somente água mineral ou filtrada. Quem apresentar sintomas como febre ou dor no corpo, deve procurar o médico.

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