saúde mental

Profissionais e pacientes aderem a terapias a distância

18.303

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Divulgação
Psicóloga Denise Flores de Araújo diz que tecnologia vem sendo essencial no contexto da pandemia

Quando os primeiros decretos que determinam o fechamento de escolas, comércio e restrição dos serviços de saúde foram publicados, pairava a dúvida do tempo em que essas limitações durariam. Há mais de três meses, quem precisa de acompanhamento psiquiátrico ou psicológico não só se deu conta de que o isolamento social pode durar muito mais, como também sentiu os reflexos do confinamento. Para dar conta das demandas de saúde mental, profissionais e pacientes tiveram de se adaptar a uma troca por meio de telas de computadores, smartphones ou por ligações telefônicas.

Para oferecer os serviços utilizando os recursos tecnológicos, órgãos como o Conselho Regional de Medicina do Estado (Cremers) e o Conselho Federal de Medicina e o Conselho Federal de Psicologia publicaram normativas autorizando a conduta, em caráter excepcional, por conta da pandemia.

O médico psiquiátrico e psicólogo Juliano Fontana Trevisan, com mestrado em Psicologia Institucional, conta que aderiu aos teleatendimentos há cerca de dois meses e que os pacientes reagiram de diferentes formas.

Houve maior resistência entre a faixa etária dos 70 aos 90 anos, por conta da dificuldade de lidar com a tecnologia, mas o mesmo público disse se sentir mais à vontade no ambiente virtual do que no próprio consultório.

Juliano considera que o momento atual serviu para desconstruir um "pré-conceito" sobre a consulta virtual.

- Não se trata de uma qualidade interior, mas de uma relação médico/paciente diferente, tão potente quanto a consulta presencial. A internet dá uma trancada, fica recarregando, às vezes se perde andamento da consulta, mas tem ganhos importantes. Com muitos pacientes, conseguimos avançar em alguns pontos. É como se fôssemos privados de determinado sentido e, então, acabamos desenvolvendo muito mais outras capacidades que vão ficando mais nítidos à medida que a gente vai trabalhando - descreve o especialista.

Campanha do Agasalho fará arrecadação de doações nos bairros neste sábado

EXPERIÊNCIA NOVA
Verônica Kist, 27 anos, é psicóloga e paciente. Familiarizada com o meio virtual desde 2016, quando começou a trabalhar no consultório "por internet" através da Psicologia Viva, maior plataforma de psicologia on-line da América Latina, Verônica também teve experiência atendendo em sessões presenciais, em Florianópolis, onde morava.

Ainda na capital catarinense, nas consultas como paciente, era atendida no consultório. Com a pandemia, ela veio para Santa Maria e seguiu conectada com a maioria dos pacientes e com a terapeuta.

- Como eu já estava adaptada ao ambiente virtual, a transição foi tranquila. É bom estar no conforto de casa. Estou em Santa Maria, com a família. As sessões virtuais são uma forma de não encerrar meu acompanhamento profissional nem meu trabalho - conta.

A psicóloga Denise Flores de Araújo, que atende em consultório particular, também relata o posicionamento de alguns pacientes sobre o desconforto com a tecnologia, e ainda, de outros que se sentiram mais à vontade.

Ela ilustra que, diante da demanda de pessoas em quadros como ansiedade, depressão e pânico, a modalidade se tornou uma ferramenta essencial durante o isolamento social.

Além do trabalho à distância, Denise também precisou fazer atendimentos domiciliares, já que alguns pacientes desenvolveram medo de sair de casa até mesmo para frequentar terapias de saúde.

- São pacientes que deixaram de ir aos consultórios médicos para tratar doenças como câncer, diabetes, que não têm feito exames, por medo de contrair o vírus. Em alguns casos até intermediamos o contato com o médico - explica.

A coordenadora da Política de Saúde Mental da prefeitura de Santa Maria, Cláudia Melo, confirma um aumento gradativo da procura por acolhimento em saúde mental na rede pública.

Em Santa Maria, os pacientes em acompanhamento pelos quatro Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e pelo Santa Maria Acolhe seguiram sendo atendidos por telefone e, alguns deles, presencialmente. Apenas os serviços destinados a grupos foram suspensos em razão dos protocolos para evitar aglomeração.

Depois da ventania, chuva chega e temperaturas começam a cair

style="width: 50%; float: right;" data-filename="retriever">

ESCUTA
Em março, a prefeitura de Santa Maria também abriu os canais por telefone para atender à população (veja contatos abaixo) e a profissionais de saúde que estão na linha de frente no combate ao novo coronavírus. Segundo Cláudia, os telefonemas só começaram a crescer agora. No mês de maio, foram registrados quase 900 atendimentos.

- Estima-se que um terço a 50% da população poderá apresentar algum problema psicopatológico em situação de pandemia. É um processo de sofrimento de uma população inteira que está tendo que se adaptar, lidando com o medo do desconhecido - explica Cláudia.

Ainda segundo a coordenadora, o atendimento por telefone exige dos profissionais ainda mais apuração nos sentidos:

- Muitos usuários estão tendo dificuldade de expressar aquilo que realmente está incomodando e acabam comunicando algo que não é realmente o motivo daquele sofrimento.

Diante disso, a equipe de profissionais acaba tendo que ter um ouvido mais afinado para definir a intervenção adequada em relação a cada demanda.

A prefeitura de Santa Maria também está adquirindo equipamentos com a finalidade de atender pacientes por meio de chamadas de vídeo.

Em reunião com MP, Corsan diz que adutora em Camobi deve ficar pronta nos próximos dias

SERVIÇOS PÚBLICOS DE SAÚDE MENTAL

  • Acolhimento por celular - (55) 99148-5594, (55) 99164-4154, (55) 99129-8326 e (55) 99154-2464 - De segunda a sexta-feira, das 8h às 18h 
  • Santa Maria Acolhe - (55) 3219-2333 - De segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17h 
  • Policlínica Nossa Senhora do Rosário - (55) 3921-7028 - De segunda a sexta-feira, das 8h às 16h 
  • CAPS II Prado Veppo - (55) 3921-7959 - De segunda a sexta-feira, das 8h às 18h 
  • CAPS Ad II Caminhos do Sol - (55) 3921-7144 e 3921-7281 - De segunda a sexta-feira, das 8h às 18h 
  • CAPS Ad II Cia do Recomeço - (55) 3921-1099 - De segunda a sexta-feira, das 8h às 18h 
  • CAPS ij II - O Equilibrista - (55) 3921-7218 - De segunda a sexta-feira, das 8h às 18h 
  • Apoio do Centro de Valorização da Vida (CVV) - 188 (atendimento 24h por dia de forma gratuita)


Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Santa Maria registra 16ª morte por coronavírus Anterior

Santa Maria registra 16ª morte por coronavírus

Em reunião com MP, Corsan diz que adutora em Camobi deve ficar pronta nos próximos dias Próximo

Em reunião com MP, Corsan diz que adutora em Camobi deve ficar pronta nos próximos dias

Saúde