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Pesquisadores do Husm participam de estudo brasileiro voltado ao tratamento da Covid-19

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Mariângela Recchia (Assessoria de Imprensa Husm)

O Coalizão Covid Brasil, estudo promovido por pesquisadores por meio de um consórcio de instituições de saúde brasileira, que objetiva avaliar a eficácia e a segurança de medicamentos para pacientes com infecção pelo novo coronavírus, passou a contar com profissionais de Santa Maria. O trabalho é considerado um importante passo para tentar responder a dúvidas que ainda permeiam o tratamento da Covid-19. Por aqui, os ensaios, que começaram ainda em abril, devem ter os primeiros resultados divulgados em até 45 dias, segundo o médico infectologista e professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Alexandre Vargas Schwarzbold, chefe da Unidade de Pesquisa Clínica no Hospital Universitário de Santa Maria (UPC/GEP/Husm). 

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Pelo fato de o Husm contar com estrutura, formação e treinamento em pesquisa clínica, seguindo normativas internacionais como o "Boas Práticas Clínicas", da língua inglesa, Good Clinical Pratice (GCP), pesquisadores de hospitais de excelência convidaram a instituição a participar de estudos multicêntricos. Além do Husm, cerca de 40 hospitais do país participam do Coalizão.

- No Rio Grande do Sul, fazem parte o Hospital de Clínicas de Porto Alegre, o Hospital Moinhos de Vento e nós (Husm) - conta Schwarzbold, que também é presidente da seção regional da Sociedade Brasileira de Infectologia.

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Em abril, deu-se início aos primeiros contatos e avaliações para poder viabilizar os estudos na cidade. O início da unidade de pesquisa clínica, porém, começou em meados 2009 somando-se a estudos clínicos na área de doenças infecciosas que Schwarzbold vinha desenvolvendo. Em 2015, quando o hospital passou a fazer parte da rede Ebserh, tornou-se melhor estruturado para execução de projetos de pesquisa.

Até o momento, o Coalizão Covid Brasil conta com pelo menos nove estudos em diferentes etapas. Três já tiveram os resultados divulgados (veja abaixo). O Husm participa do Coalizão V e, em breve, participará do Coalizão VIII.

AVALIAÇÕES
As pesquisas são multicêntricas- e desenhadas de modo a selecionar aleatoriamente os participantes, controlando com diferentes grupos de intervenção, o que possibilita avaliar o impacto de alguns fatores que podem ocorrer ao acaso e que, eventualmente, possam ser alterados de uma região para outra. Para conferir consistência científica, cada etapa prevê até 1,5 mil pacientes provenientes desses diferentes hospitais do país. Sem um protocolo universal para a Covid-19, o que se objetiva é que os tratamentos testados sejam validados para quaisquer populações. Neles são avaliadas a eficácia, a toxicidade e a dose correta de cada fármaco em cenários clínicos bem definidos. 

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Sem tratamento preconizado para o combate do coronavírus, as pesquisas clínicas do Coalizão para a avaliação de um remédio são comparadas com um placebo (substância que mimetiza medicação). O estudo também é randomizado, isto é, um trabalho em que, aleatoriamente, o computador é que escolhe se será o medicamento ou o placebo que será utilizado em cada paciente, sem a interferência do pesquisador.

Diferentes etapas da pesquisa vão testar medicamentos e formas de tratamento

style="width: 100%;" data-filename="retriever">Alexandre Vargas Schwarzbold, chefe da Unidade de Pesquisa Clínica do Husm
Foto: Mariângela Recchia (Assessoria de Imprensa Husm)/

 O Coalizão V usa a hidroxicloroquina e compara com placebo em pacientes recém-infectados que não estejam hospitalizados, mas que apresentem um fator de risco como diabetes, cardiopatia, doenças renais, imunodepressão, 65 anos ou mais e doenças crônicas. 

- Se o paciente se enquadra nesses critérios de inclusão no estudo e não precisa hospitalizar porque naquele momento não é um quadro grave, oferecemos a possibilidade do ensaio clínico (teste com medicamento). Um computador irá escolher se o participante receberá a hidroxicloroquina ou o placebo durante cinco dias. Nesse estudo, a amostra será de 1,3 mil a 1,5 mil pacientes de hospitais de todo o Brasil, incluindo a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) e o Husm. Queremos avaliar se a hidroxicloroquina terá efeito no que chamamos de tratamento precoce, ou seja, se o medicamento previne que uma pessoa com sintomas leves evolua para hospitalização ou para morte - explica Schwarzbold.

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Cerca de 40 pacientes se voluntariaram, sendo 20 já incluídos no teste. A pesquisa ainda aceita voluntários com Covid-19 recém-adquirida e que se enquadrem para serem recrutados.

A partir de outubro, o Husm deverá participar de uma nova pesquisa do Coalizão. Nessa, o objetivo é avaliar e demonstrar o efeito do uso precoce de anticoagulante na evolução da doença pela Covid-19.

Além desses, o Husm é o único hospital da região sul do Brasil a possibilitar o uso de alguns medicamentos para a Covid-19, como o Remdesivir e o Interferon, como participante do estudo multicêntrico da OMS chamado Solidarity, aplicado em vários países e coordenado no Brasil pela Fiocruz.

CONSÓRCIO
Coordenam o Coalizão Covid-19 Brasil as equipes dos hospitais e institutos Albert Einstein, HCor, Alemão Oswaldo Cruz, Beneficiência Portuguesa e Sírio Libanês, de São Paulo, e Moinhos de Vento, de Porto Alegre, além da Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva (BricNet). Cerca de 40 outros hospitais também atuam no projeto. No Rio Grande do Sul, o Husm é uma das três instituições pesquisadoras 

AS FASES
Até o momento, foram divulgados três estudos da Coalizão Covid-19. Todos foram publicados em revistas de grande impacto internacional na área médica: 

  • Coalizão I - Com pacientes de menor gravidade internados por Covid-19. Nestes pacientes foi avaliado se a hidroxicloroquina é eficaz em melhorar o quadro respiratório. Ainda, se ao se adicionar o medicamento azitromicina, que pode potencializar a ação da hidroxicloroquina, o efeito é benéfico. O estudo demonstrou que não se teve efeito
  • Coalizão II - Com pacientes mais graves, que necessitaram de maior suporte respiratório. Eles receberam hidroxicloroquina, com o objetivo de verificar se a azitromicina tem efeito benéfico adicional, com potencial de melhorar os problemas respiratórios causados pelo novo coronavírus. Ficou demonstrado que não houve efeito com o uso das medicações
  • Coalizão III - Avaliou a efetividade do corticóide dexametasona, uma medicação com ação anti-inflamatória, para pacientes com insuficiência respiratória grave, que necessitaram de suporte de aparelhos (ventilador mecânico) para respirar. O resultado apontou para uma redução da mortalidade em pacientes graves de UTIs

ETAPA LOCAL

  • A estrutura da unidade clínica do Husm tem coordenação do professor Alexandre Vargas Schwarzbold e é composta por uma equipe de quatro enfermeiras, 2 técnicos de enfermagem, dois farmacêuticos e uma assistente administrativa
  • Cerca de 40 pacientes já se voluntariaram, sendo 20 incluídos nos testes
  • A pesquisa segue aberta para todo paciente que confirmar o diagnóstico e quiser contribuir. O critério para essa fase da pesquisa é para perfis de pacientes que tenham testado positivo para coronavírus, que não necessitem de hospitalização, mas que tenham fatores de risco
  • No Coalizão V, os pesquisadores do Husm fazem o monitoramento dos pacientes. O único exame feito antes de iniciar o tratamento é o eletrocardiograma (já que a hidroxicloroquina pode ter toxicidade cardíaca)
  • Esta fase do Coalizão é desenvolvida pelo Husm, mas conta com apoio do município por meio da Unidade de Pronto-Atendimento (UPA). O local é, hoje, a porta de entrada para pacientes com sintomas de Covid-19. Para isso, o hospital celebrou um termo de cooperação com a Casa de Saúde e a prefeitura de Santa Maria

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