Foto: Divulgação
Uma pesquisa desenvolvida no Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), foi reconhecida no Congresso Brasileiro de Fisioterapia em Oncologia, realizado em maio, no Rio de Janeiro. O estudo avalia a aplicação de bandagem elástica funcional, também conhecida como Kinesio Tape, em mulheres com feridas complicadas no pós-operatório de câncer de mama.
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O atendimento foi realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), com média de 17,8 dias entre a cirurgia e a primeira sessão de fisioterapia. A técnica, que também é associada à fotobiomodulação com LED vermelho e infravermelho, integra um protocolo fisioterapêutico que tem como objetivo acelerar a cicatrização, aliviar dores e evitar novas intervenções cirúrgicas em áreas com necrose.
Segundo a professora, fisioterapeuta e pesquisadora Hedioneia Maria Foletto Pivetta, coordenadora do estudo, foram atendidas 12 pacientes com necrose em feridas operatórias mamárias. Todas apresentaram evolução positiva.
— Conseguimos reepitelizar (regenerar a pele) as feridas sem a necessidade de retorno ao bloco cirúrgico. O trabalho teve apoio da equipe de Mastologia do Husm e contou com a colaboração da Enfermagem do Ambulatório de Mastologia, Ginecologia e Obstetrícia — explicou a docente.
O tempo de uso da bandagem varia conforme a resposta de cada paciente. A técnica é aplicada ao redor da ferida para sustentar os tecidos e favorecer a aproximação das bordas. Associada a ela, a fotobiomodulação estimula o processo de cicatrização com LED de baixa intensidade.
— Esse tipo de abordagem pode beneficiar pacientes com medo de novas cirurgias ou que tenham comorbidades que dificultem o retorno ao Bloco, tornando-se uma nova possibilidade no manejo de feridas complicadas — destacou Hedioneia.
Técnica ganha espaço na oncologia

Desenvolvida no Japão em 1973 por Kenzo Kase, a Kinesio Tape ficou conhecida na fisioterapia esportiva e hoje é aplicada em diversas áreas da saúde, incluindo o cuidado oncológico. A técnica tem sido usada para tratar desde incontinência urinária e dismenorreia até o pós-operatório de cirurgias estéticas e mamárias.
No Husm, a pesquisa é parte do mestrado da fisioterapeuta Jhulie Anne Pinheiro Kemerich, sob orientação de Hedioneia. O trabalho integra um projeto guarda-chuva que investiga intervenções fisioterapêuticas no tratamento oncológico.
— A bandagem foi aplicada com uma técnica que promovia sustentação, e combinamos isso com o LED, que estimulava a cicatrização. A cada sessão, nos surpreendíamos com a resposta das pacientes — contou Jhulie.
Além dos resultados clínicos, os relatos das pacientes foram marcantes:
— Elas chegavam felizes, dizendo que a ferida estava cicatrizando, e que talvez não precisariam de nova cirurgia. Isso foi a parte mais gratificante — relatou a mestranda.
Jhulie celebrou a premiação no Congresso Brasileiro de Fisioterapia em Oncologia:
— Foi muito gratificante. É um Congresso de referência, com grandes nomes da área. Ter nosso trabalho reconhecido ali foi uma honra. Trabalhar com mulheres em um momento tão sensível, como o tratamento do câncer de mama, exige muita responsabilidade. Esse reconhecimento nos incentiva a continuar na pesquisa clínica.
Compromisso com a ciência e o SUS
Para a chefe da Unidade de Gestão da Pesquisa (UGPESQ), Dioneia Antunes da Silva, a pesquisa científica sempre foi um dos pilares do Husm desde sua fundação em 1970:
— Como hospital universitário, temos o compromisso de aliar assistência, ensino e pesquisa, desenvolvendo soluções que beneficiem diretamente os pacientes e o SUS — afirmou.
Com cerca de 100 novos projetos registrados por ano, envolvendo graduação, pós-graduação e grupos de pesquisa, o Husm mantém uma produção científica robusta.
— Este estudo é um exemplo concreto de como o conhecimento científico pode resultar em protocolos menos invasivos e mais eficazes. Representa a materialização da nossa missão de produzir conhecimento com impacto real na assistência à população — completou Dioneia.
Ela também comemorou o reconhecimento no Congresso:
— Sentimos imenso orgulho pelo trabalho da professora Hedioneia e da mestranda Jhulie. Ver nossos pesquisadores sendo reconhecidos nacionalmente nos enche de satisfação e nos motiva a seguir investindo em ciência que faz a diferença.
*com informações do Gov