data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Camila Gonçalves (Diário)
A professora Giseli Vargas, 60 anos, teve câncer e hoje redobra os cuidados com a exposição solar
Dezembro é o abre alas para o período das férias e da temporada de piscinas, praias e balneários. Não é por acaso que o mês também marca o combate a uma doença que atingiu cerca de 180 mil brasileiros em 2020, o câncer de pele, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). É que o principal fator de risco para a doença é a exposição solar, prática que aumenta neste período do ano. Para promover a prevenção e diagnóstico, a Sociedade Brasileira de Dermatologia realiza a campanha Dezembro Laranja.
Em Santa Maria, não há um número de diagnósticos realizados. Mas, conforme o médico dermatologista André Costa Beber, chefe do serviço de dermatologia do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), entre janeiro e novembro deste ano, foram feitas 270 cirurgias de retiradas de tumores e 3.148 procedimentos menores, também para tratamento de câncer e lesões pré-cancerosas.
De acordo com a médica dermatologista Luana Pizarro Meneghello, o câncer de pele é um dos motivos mais frequentes de consultas com dermatologistas. Ela lembra que a chance de cura é alta quando o problema é diagnosticado precocemente. Os primeiros sinais podem ser detectados pelo próprio paciente:
- É muito importante estarmos atentos a nossa pele, realizarmos o auto exame em busca de alguma 'pintinha' diferente, ou que apresentou modificação ou também de alguma 'ferida' que não cicatriza - explica a médica.
Segundo o Inca, o sinal de alerta deve acender quando as manchas coçam, ardem, descamam ou sangram e também em caso de feridas que não cicatrizam em quatro semanas.
TRATAMENTO
O tratamento depende do tipo de tumor e da extensão da doença. A grande maioria dos casos não-melanoma é tratada com cirurgia. Segundo Luana, o câncer de pele tipo melanoma, forma mais grave do tumor de pele, exige uma avaliação da extensão da doença. Nestes casos, o tratamento pode ser apenas cirúrgico ou ser associado com o uso de medicamentos chamados de imunoterapia ou terapia-alvo.
COMO PREVENIR
- Usar filtro solar com Fator de Proteção Solar (FPS) 30, no mínimo e que contenha proteção tanto contra raios UVA quanto UVB. Importante aplicar e reaplicar frequentemente
- Utilizar medidas de fotoproteção, como o uso de óculos de sol, chapéus e bonés, sombrinhas ou roupas com fator de proteção
- Evitar exposição solar entre 10h e 16h
HISTÓRICO NA FAMÍLIA
A dermatologista explica, ainda, que pacientes que já tiveram diagnóstico de câncer de pele ou possuem familiares com a doença devem fazer avaliação dermatológica de maneira mais precoce e periódica.
A professora Giseli Maria Cardoso Vargas, 60 anos, moradora de São Sepé, teve um caso de câncer de pele na família. A irmã dela, que mora em Porto Alegre, enfrentou a doença. Em 1999, Giseli notou manchas na pele e diagnosticou uma lesão na região da testa. Durante cinco anos, fez tratamento com criocirurgia, um procedimento que destrói o tumor por congelamento com nitrogênio. Em 2004, viu que surgiu uma pinta vermelha no mesmo local. Quando o sinal apareceu, a professora notou que já tinha aspecto de corrosão e procurou a médica que a tratava na época:
- Ao examinar, a médica disse que a lesão tinha voltado com força, que eu teria que fazer cirurgia urgente. O médico que fez a cirurgia disse que raspou até o osso - conta.
Giseli não precisou de outros tratamentos além da cirurgia e, desde então, tem muitos cuidados, principalmente com a exposição à radiação solar. Amante do sol e do verão, ela agora prioriza a saúde. Não deixou de lado as temporadas na praia com a família, mas evita ir para a beira do mar entre 9h30min e 16h e abusa do filtro solar fator 60 ou 100 e reaplica uma vez ao dia. Antes da doença, usava protetores com fator de proteção 30. Outro cuidado da docente é a consulta a cada dois anos com dermatologista.
- Tive a sorte de ficar curada. Mudei totalmente meus valores, vejo a questão da estética com outros olhos. Eu que gostava de estar bronzeada, aprendi a cuidar da saúde em primeiro lugar. O câncer é uma doença muito séria - declara a professora.
E não tem idade para começar a prevenção. Como a radiação solar tem efeito cumulativo, a cautela ao se expor aos raios solares deve começar logo na infância, alerta o Instituto Nacional do Câncer.
CONSCIENTIZAÇÃO
Em Santa Maria, por conta da pandemia, não foram realizadas ações com o público nos postos de saúde, segundo a prefeitura. No Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) também não houve iniciativas relacionadas à campanha neste ano.
No início do mês, a Universidade Franciscana e grupo de humanização do Hospital Casa de Saúde e Hospital São Francisco realizaram a 1ª edição do Dezembro Laranja. Foram promovidas palestras para os 450 colaboradores dos hospitais-escola, cumprindo todas as medidas de prevenção ao novo coronavírus.