coronavírus

Câmara aprova projeto de decreto que reconhece calamidade pública por coronavírus

18.395

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta-feira projeto de decreto legislativo que reconhece estado de calamidade pública no Brasil em decorrência da crise do coronavírus. O texto foi aprovado em votação simbólica. O projeto exigia maioria simples, ou seja, era necessária a presença de ao menos 257 deputados para que a votação ocorresse.

Santa Maria tem sete casos suspeitos descartados de coronavírus

Após a Câmara, o Senado deve aprovar texto que também reconhece o estado de calamidade. Por ser decreto legislativo, o projeto não precisa do aval do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), segundo o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

O projeto de decreto legislativo foi elaborado em resposta à mensagem enviada pelo presidente Jair Bolsonaro na noite de terça-feira. Pelo texto, relatado pelo deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), o Câmara aprova projeto de decreto que reconhece calamidade pública por coronavírus, que desobriga o governo de observar a meta de resultado primário e a fazer contingenciamento das despesas para cumprir as estimativas iniciais.

O projeto cria também uma comissão mista, formada por seis deputados e seis senadores, com mesmo número de suplentes. O grupo terá como objetivo acompanhar a situação fiscal e a execução orçamentária e financeira das medidas adotadas para conter a disseminação do coronavírus.

A comissão poderá trabalhar virtualmente, alinhada com a decisão do Congresso de reduzir a presença de parlamentares nas duas Casas para evitar o alastramento da doença.

FOTOS: comércio vazio reflete as consequências do coronavírus

Os membros do colegiado se reunirão todos os meses com o Ministério da Economia para monitorar a situação fiscal e a execução orçamentária e financeira das medidas.

Além disso, bimestralmente a comissão fará audiência pública com o ministro Paulo Guedes (Economia) para apresentar e publicar relatório sobre a avaliação das medidas adotadas.

Os deputados rejeitaram alterações propostas ao texto. Uma delas queria reduzir de mensal para quinzenal as reuniões da comissão mista. A outra indicava que a decretação da calamidade pública não implicava autorização para decretação de estado de defesa ou de sítio.

Antes da aprovação, Maia havia defendido que a solução para a crise passava pelo governo aportar recursos para "proteger os brasileiros mais simples, mais vulneráveis" e manter os empregos diante da possibilidade de demissões no setor privado pelo impacto econômico da epidemia.

- E mais importante, a decretação de calamidade abre espaço fiscal, abre espaço para o governo poder aplicar mais recursos na área de saúde - disse.

A medida teve o respaldo de partidos de todo campo político. O líder da oposição na Câmara, deputado André Figueiredo (PDT-CE), disse que a decisão do governo foi uma surpresa positiva.

- Nós estávamos muito preocupados com o governo federal praticamente omisso - afirmou.

O projeto foi elaborado após o governo pedir ao Congresso que reconhecesse calamidade pública pela crise do coronavírus.

Na noite de terça, nota divulgada pela Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República) indicou que o pedido foi feito também por causa do "monitoramento permanente da pandemia Covid-19" e em virtude "de proteger a saúde e os empregos dos brasileiros e da perspectiva de queda de arrecadação".

Nesta quarta, o presidente Jair Bolsonaro reconheceu que o estado de calamidade pública impactará a atividade econômica do país.

Estado anuncia R$ 7 milhões para o Hospital Regional de Santa Maria

Em mensagem presidencial enviada ao Poder Legislativo, solicitando o reconhecimento do decreto, ele ressaltou que os impactos da pandemia da doença poderão levar a uma queda do PIB (Produto Interno Bruto) deste ano.

- De fato, as medidas necessárias para proteger a população do vírus que desaceleram a taxa de contaminação e evitam o colapso do sistema de saúde implicam inevitavelmente forte desaceleração também das atividades econômicas - disse.

A mensagem do presidente ressalta ainda que medidas de precaução, como a redução de interações sociais e o fechamento temporário de comércios e indústrias, "devem causar grandes perdas de receita e renda para empresas e trabalhadores".

- Não há como evitar o choque recessivo no curto prazo, que deve afetar a maioria dos países do mundo, inclusive o Brasil", disse. "É inegável que, no Brasil, as medidas para enfrentamento dos efeitos da enfermidade gerarão um natural aumento de dispêndios públicos, outrora não previsíveis na realidade nacional - acrescentou.

A mensagem ressalta ainda que a pandemia da doença gerará arrefecimento da trajetória de recuperação da economia brasileira e diminuição significativa da arrecadação do governo federal.

- Neste quadro, o cumprimento do resultado fiscal seria temerário ou manifestamente proibitivo para a execução adequada dos orçamentos fiscal e da seguridade social, com riscos de paralisação da máquina pública - observou.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Brasil já tem quatro mortes por coronavírus Anterior

Brasil já tem quatro mortes por coronavírus

Santa Maria tem sete casos suspeitos descartados de coronavírus Próximo

Santa Maria tem sete casos suspeitos descartados de coronavírus

Saúde