Após longa de espera, Associação Bem Viver terá nova sede em Santa Maria

Foto: Nathália Schneider

Com foco no acolhimento e apoio de pais, familiares e amigos de pessoas com Síndrome de Down, a Associação Bem Viver atua desde junho de 2000 em Santa Maria. Destes 23 anos de existência da instituição, cerca de 20 foram sem uma sede própria, o que dificultava principalmente a ampliação das atividades ofertadas. 

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Entretanto, após uma longa espera, o sonho parece estar mais perto da realidade em 2023. Cedido pela prefeitura, o prédio localizado na Praça Marechal Osvino Ferreira Alves, no Bairro Nonoai, deve se tornar o novo endereço da Bem Viver, que acolhe 160 pessoas com Síndrome de Down, além de familiares e amigos. 

No início de agosto, a prefeitura e a vencedora da licitação, a Infa Incorporadora Ltda, assinaram a ordem de serviço referente a reforma do local, que estava interditado devido à necessidade de diversas melhorias. Com investimento de mais de R$ 259 mil, a obra tem 120 dias para ser executada. Na reportagem, saiba mais sobre o trabalho da associação e a importância desta etapa. 

A sede

A busca por uma sede própria passou por diversas gestões da Associação Bem Viver. Conforme a atual presidente da entidade, Lilia Maria Farret, 65 anos, vários locais foram vistoriados neste processo, que encerrou quando a prefeitura cedeu o prédio, no Bairro Nonoai, no início de 2020. 

Com a pandemia de Covid-19 e a necessidade de melhorias na estrutura, a equipe não chegou a usufruir plenamente da conquista. 

Em agosto do ano passado, a prefeitura lançou uma licitação para selecionar a empresa que ficaria responsável pela reforma da sede. Quase um ano depois da publicação do edital, a ordem de serviço foi assinada com a Infa Incorporadora Ltda, de Triunfo, no Rio Grande do Sul. 

Com investimento de R$ 259.149,55, o prazo de execução da obra é de 120 dias consecutivos. O projeto em questão prevê construção de novas paredes, revestimento do piso, troca de azulejos dos sanitários, pavimentação externa com acessibilidade e piso tátil, instalação de novas janelas e outros reparos, além de projetos arquitetônico, hidrossanitário e elétrico.

Para Lilia, a etapa simboliza um recomeço. 

– A sede é fundamental, porque poderemos promover oficinas para jovens e adultos. Era só o que estávamos precisando nesses anos de espera e agora, finalmente, vai acontecer. Esperamos que, dentro de quatro ou cinco meses, possamos estar inaugurando ou até passando o nosso Natal ali – projeta a presidente da Associação Bem Viver.

Acolhimento

Atualmente, 160 pessoas com Síndrome de Down estão cadastradas junto à associação, sendo que a afiliada mais velha tem 63 anos. Apesar do quantitativo, Lilia enfatiza que o número de associados ativos tende a ser menor. Com a sede, a gestão pretende aumentar a participação principalmente de jovens e adultos, que serão o foco das primeiras atividades.  

– Como iniciaremos com jovens e adultos, a ideia é promover várias oficinas. Todo o tipo possível conforme a faixa etária de cada um. Como esperamos muito, não tínhamos um planejamento. Agora, com o início das obras, vamos partir para o definitivo e de como serão feitas essas oficinas e buscar pessoas especializadas para nos ajudar. É assim que iremos trabalhar: com voluntários, estagiários e acadêmicos que possam nos ajudar e assim, iremos contar muito com universidades. Então, a ideia é essa: promover muitas oficinas e atividades para a faixa etária de cada grupo – enfatiza Lilia, que também é mãe de Marcelo, de 42 anos. 

Ao retorno para Santa Maria em 2019, a professora de Educação Especial aposentada, Luiza Padilha Rodrigues, 65, entrou em contato com a associação. Mãe de Rodrigo, 41, ela fala sobre as dificuldades enfrentadas por muitas famílias na busca por inclusão. O acolhimento, segundo ela, é uma das maiores qualidades da associação:

– O grupo é muito gratificante. As mães se identificam, conversam, trocam ideias e exemplos. Promovemos os aniversários e eles adoram se encontrar. Como todos os jovens, porque eles não são diferentes, também namoram. Tem casais que dançam e conversam. É maravilhosa a integração. É um verdadeiro grupo, porque temos amizades e muitas coisas em comum. Estamos sempre trocando figurinhas. 

Enquanto secretária na atual gestão, Luiza faz questão de destacar a importância do acolhimento às pessoas com Síndrome de Down:

– A criança que nasce agora está encaminhada. Ela está em algum lugar, fazendo um tratamento ou estimulação precoce. Está recebendo atendimento com fonoaudiólogo, fisioterapeuta ou está em uma escola. Já aquele nosso jovem lá, quando começou a Bem Viver, está praticamente em casa, sem atividades, sem assistência ou sem frequentar grupos. Nós pensamos que esse é o que está mais precisando, no momento, de oficinas e atividades. Sabemos que eles têm condições e todos tem um talento a desenvolver. Então, vamos focar neste jovem, neste adulto – enfatiza.  

Quando Carlos Augusto tinha apenas 1 ano e oito meses, Sandra Scremin Denardin, 64, conheceu a Bem Viver: 

– Eu coloquei ele na Escolinha Despertar e lá falaram sobre essa associação. Entramos e foi maravilhoso para ele. Tinha outras crianças com Down e ele se identificava. Quando passou a não existir mais a escolinha, ficamos perdidos. Quando chegamos lá, ele era bem pequeno. Tinha 1 ano e oito meses. Era maravilhoso, porque tínhamos outras pessoas para conversar e trocar experiências. Eu sozinha não conhecia ninguém, então, foi muito importante. 

Aos 24 anos, Guto, como é chamado carinhosamente, prega o respeito e inclusão em todos os lugares. Ciente da importância do grupo para o filho, Sandra assumiu a presidência da associação Bem Viver entre 2006 e 2008, dando continuidade à mobilização por uma sede própria. Hoje, ela celebra a realização de um desejo antigo.

– É muito importante agora ter uma sede para fazermos tudo que temos em mente e vontade de proporcionar para eles, porque eles merecem e muito – conclui Sandra. 

Com o anúncio da reforma, Luiza (da esq.), Sandra, Rodrigo, Carlos Augusto, Marcelo e Lilia já sonham com o futuro da Bem Viver Foto: Arianne Lima

Reforma da sede da Associação Bem Viver

  • Onde – Prédio localizado na Praça Marechal Osvino Ferreira Alves, no Bairro Nonoai 
  • Investimento – R$ 259.149,55, sendo R$ 85.956,22 referentes a mão de obra e R$ 173.193,33 a materiais
  • Empresa responsável – Infa Incorporadora Ltda
  • O que será feito?  – Construção de novas paredes, troca de azulejos dos sanitários, revestimento do piso, instalação de novas janelas, pavimentação externa com acessibilidade e piso tátil, além de projetos arquitetônico, hidrossanitário e elétrico

Como participar da associação

  • Para participar dos grupos da Associação Bem Viver, basta entrar em contato com a Lilia pelo telefone (55) 9159-2979 


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