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Foto: Anselmo Cunha (Especial)
Insistir, repetir e quase esgotar apelos para a importância do uso da principal proteção à doença que já matou mais de 303 mil pessoas no país e que também reflete em desesperadores recordes no Estado (18,3 mil óbitos) e no município (373 óbitos) ainda são insuficientes. É que a utilização da máscara, transcorrido um ano dos primeiros casos de coronavírus, ainda não é uma prática unânime na rotina da população. Em Santa Maria, conforme um levantamento feito pelo Diário nos dias 22 e 23 de março, apontou que 29,6% das pessoas não utilizam o equipamento, 15,6% usam de forma incorreta e apenas 54,8% fazem o uso adequado.
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Foram analisadas 250 pessoas, sendo 50 em cada um das regiões da cidade: Norte, Sul, Leste, Oeste e Centro. Há menos de três semanas, eram 37,3% que não usavam o utensílio, o que representa um leve aumento da adesão da máscara em comparação aos últimos dias, quando o índice de gente sem máscara caiu para 29,6%. Em julho do ano passado, eram 30% não que utilizavam o equipamento. Embora o cenário atual esteja melhorando, não é menos preocupante, já que se atravessa o momento mais crítico da pandemia, figurado pela luta diária por vagas de leitos de UTI, respiradores e até insumos. Segundo o modelo de Distanciamento Controlado do Estado, todos municípios seguem em bandeira preta, com altíssimo risco de contaminação.
- O uso de máscara, especialmente em ambiente, fechado reduz a chance da pessoa adquirir o SARS-Cov-2, causador da Covid-19 , bem como reduz a chance de transmissibilidade caso o paciente seja positivo (para o vírus). Também reduz outras doenças infecciosas respiratórias e nós precisamos da conscientização de todos pelo momento epidemiológico que vivemos. As medidas precisam ser respeitadas junto da higienização de mãos e de evitarmos aglomerações - relembra o médico infectologista Thiego Teixeira Cavalheiro.
POLÍTICAS PÚBLICAS
Outro aspecto, porém, é levantado por Ronaldo Hallal, infectologista e integrante do Comitê Covid da Sociedade Riograndense de Infectologia. Não se pode ser simplista em atribuir às pessoas a responsabilidade única para não popularização da máscara. Segundo o médico, há uma necessidade de se ter campanhas de comunicação e ações educativas para o uso correto e o fornecimento de equipamentos apropriados. O ideal é estimular o uso das máscaras cirúrgicas pela população em geral. As N-95 são as mais seguras. Já as artesanais podem ser adotadas se tiverem três camadas.
- Há uma lacuna no ponto de vista do poder público. O enfrentamento à Aids, por exemplo, não se limita a dizer: use camisinha, mas em uma política de distribuição de preservativos, de combate à homobofia e a questões de vulnerabilidade social. Diante da Covid-19, não temos uma política de renda, não há condições objetivas para a prevenção no que diz respeito ao uso de máscaras. E temos percebido que a P1, essa nova linhagem (do coronavírus) é mais transmissível por via respiratória, então, esse tema é bastante sensível. Isso (o uso de máscaras) é importante porque muitas prefeituras têm proposto a volta de atividades comerciais, que estimula a circulação de pessoas e pode estabelecer o risco de uma nova expansão da pandemia no Estado - analisa Hallal.
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REGIÕES
No centro da cidade e na Região Oeste, foi observada maior adesão à máscara, com 70% e 62% de pessoas usando. Já as regiões Sul e Leste foram onde se percebeu o maior número de pessoas circulando pelas ruas sem o equipamento, totalizando 44% e 38%. Muitas vezes, a máscara só é colocada ao se aproximar de farmácias, lojas ou lotéricas. Na Região Norte, pouco mais da metade usava o utensílio, indicando 52%.
Em diferentes bairros, a obrigatoriedade imposta pelo transporte coletivo parece seguir estimulando o uso do acessório nas paradas de ônibus. Contudo, cenas em que a máscara fica abaixo do nariz e ou apenas na mão foram vistas em 39 das 250 pessoas analisadas, o que representa 15,6%.
com máscara | sem máscara | uso incorreto | |
Total na cidade | 137 (54,8%) | 74 (29,6%) | 39 (15,6%) |
Centro 50 pessoas | 35 (70%) | 9 (18%) | 6 (12%) |
Região Sul 50 pessoas | 19 (38%) | 22 (44%) | 9 (18%) |
Região Oeste 50 pessoas | 31 (62%) | 13 (26%) | 6 (12%) |
Região Norte 50 pessoas | 26 (52%) | 11 (22%) | 13 (26%) |
Região Leste 50 pessoas | 26 (52%) | 19 (38%) | 5 (10%) |
Leis do Estado e de Santa Maria preveem a aplicação de multas
No começo de março, um decreto do governo estadual estabeleceu multas para quem descumprir medidas sanitárias, como não usar máscara. A proteção deve cobrir boca e nariz e ser utilizada na circulação em espaços públicos e privados acessíveis ao público, em vias públicas e no transporte público coletivo. Quem não a utilizar pode receber uma advertência. Caso a pessoa não coloque a máscara, pode ser multado em R$ 2 mil. Se for reincidente, o valor dobra para R$ 4 mil. Entretanto, em cidades onde já há uma legislação específica sobre o não uso da máscara, segue em vigor a lei municipal. A observação é feita pela Patrulha da Máscara e pela fiscalização da prefeitura.
Em Santa Maria, a lei vale desde agosto do ano passado. Até dezembro, haviam sido aplicadas três multas por não uso de máscara. À época, a prefeitura explicou que a lei não tem o objetivo de acumular multas nem arrecadar valores, mas, sim, conscientizar as pessoas sobre a necessidade de utilizar a proteção. Assim como a regra estadual, a fiscalização é orientada a advertir quem não utilizar o equipamento. Em caso de recusa, a multa pode ser de R$ 106 a R$ 568, no registro da primeira até a terceira reincidência. O não pagamento resulta na inclusão em dívida ativa.
INDISPENSÁVEL
A máscara se torna indispensável porque a Covid-19, doença causada pelo coronavírus, é transmitida, sobretudo por meio do contato com pequenas gotículas que contêm o vírus e são expelidas por pessoas infectadas, ficando suspensas no ar. Elas entram em contato com as vias aéreas, a principal via de transmissão, e o coronavírus começa a se multiplicar.
A máscara funciona como uma barreira física para a liberação dessas gotículas no ar quando há tosse, espirros e até mesmo durante conversas. Seu uso é importante principalmente em locais em que não é possível manter uma distância mínima de segurança. Apesar da eficácia, o uso deve ser acompanhado de outras medidas de proteção como limpeza frequente das mãos e distanciamento físico de 2 metros de outras pessoas.