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'Eu não acredito ainda, não caiu a ficha', diz jovem que perdeu o pai e a mãe para a Covid-19

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Laísa Taschetto Biassi (Arquivo Pessoal)/

As mortes causadas pelo novo coronavírus, esse inimigo invisível, deixaram uma lacuna na vida de dezenas de pessoas que não tiveram nem tempo para se despedir dos seus familiares.

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Na quinta-feira, o Brasil atingiu a marca de mais de 61,8 mil mortos pelo novo coronavírus, desde que a pandemia teve início no país. No Rio Grande do Sul, 663 pessoas já perderam a vida para a Covid-19, sendo 46 na Região Central. A maioria (80,43%), foram pessoas com a faixa etária acima dos 60 anos. Os homens foram os mais atingidos e representam 52,17% dos óbitos. 

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De modo geral, do total de pacientes que vieram a óbito na região, apenas três não apresentavam nenhuma comorbidade ou fator de risco, e pelo menos 31 pessoas - 67,39% das vítimas - tinham alguma doença cardiovascular (como hipertensão e histórico de AVC, por exemplo) pré-existente. 

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Mais do que números e estatísticas, cada óbito representa também uma vida, uma história, um amor. No caso de Laísa Taschetto Biassi, 30 anos, eram dois amores.  A jovem farmacêutica perdeu o pai e a mãe, vítimas de Covid-19. O casal morava em Jaguari. Luis Antônio Picolli Biassi, 64 anos, faleceu no dia 10 de junho. Ele já estava internado no Hospital de Caridade Astrogildo de Azevedo, em Santa Maria, há cerca de dois anos, devido a complicações de saúde por causa de um acidente de trânsito. Por causa do acidente, ele ficou tetraplégico e teve vários órgãos comprometidos. O quadro clínico agravou-se no início de junho, após testar positivo para a Covid-19.

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- Nós nos cuidávamos bastante. A gente não esperava que dentro do hospital ele fosse infectado. Não esperávamos que fosse chegar na gente. Ele começou a ter sintomas de febre, baixou a oxigenação, fizeram o teste e o resultado saiu uma semana depois. Ele foi transferido para a ala Covid e ficou uma semana na CTI, até falecer - conta a filha.

Laísa viu o pai pela última vez no dia 3 de junho, data em que ele foi transferido para a CTI. Dois dias depois, a mãe dela, a servidora pública Laíde Maria Taschetto Biassi, 60 anos, também recebeu o diagnóstico positivo. Laíde tinha problemas renais e fazia hemodiálise. Com o esposo na CTI, ela voltou para casa para fazer isolamento domiciliar. Cinco dias depois, Luis veio a óbito. E apenas dois dias depois do falecimento do marido, Laíde precisou ser hospitalizada. Ela morreu no dia 17 de junho, uma semana depois que o companheiro.

- No sepultamento do pai eu nem pude ir, eu estava de quarentena em casa, porque tive contato com os dois. Não tive tempo de me despedir. No enterro dela eu consegui, mas só tiraram o caixão do carro da funerária e enterraram. Eles eram tudo. Eu não acredito ainda que eu perdi os dois, não caiu a ficha. Às vezes eu penso que eles estão lá em Santa Maria ainda - relata.

Luis completaria 65 anos na próxima semana. Laísa, que sempre morou com os pais e é filha única, fez o teste, que deu negativo. Aos poucos, a rotina no dia a dia é retomada.

- Eu sempre morei com eles, mas bem dizer nesses últimos dois anos, depois do acidente, eu morava sozinha. A mãe passava a semana com ele em Santa Maria e eu ia nos finais de semana. Desde que ela faleceu, eu estava na casa da minha sogra. Na segunda eu voltei a trabalhar e agora voltei para casa, mas não está sendo fácil. As pessoas têm que se cuidar, isso não é brincadeira. Eu perdi duas pessoas que eu amava da minha família por um vírus que a gente não conhece, que a gente não sabe nada - lamenta Laísa.

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