ABIGEATO

Roubo de gado tem queda na região

Francine Boijink

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Polícia Civil/divulgação

Mesmo em um ano marcado pelo aumento nos preços da carne vermelha, o número de abigeatos, que são os furtos de animais do campo, teve uma redução na região policial de Santa Maria. As ocorrências diminuíram de 446 em 2020, para 438 no ano passado. Mesmo cenário de redução registrado no Estado, onde, em 2021, houve 5.199 registros, 2% a menos do que no ano anterior.

Esses dados representam o menor total desse tipo de crime desde 2012, quando começou a contabilização. O resultado passa pelo aprimoramento da investigação e também pela ampliação de competência das Delegacias de Polícia Especializada na Repressão aos Crimes Rurais e Abigeato (Decrabs).

Ao comparar os números de 2021 com os de 2016, quando teve início a força-tarefa que, posteriormente, originou a primeira delegacia especializada, em Bagé, os registros de ocorrências caíram quase pela metade, passando de 10.478 para 5.199 (veja o quadro). O panorama demonstra que a queda que, inicialmente, era mais intensa, passou a encontrar um equilíbrio a partir de 2019.

Na região da Decrab de Alegrete, que abrange Santa Maria e mais 20 municípios do centro do Estado, o roubo de gado é o que apresenta a maior incidência entre os crimes rurais. Segundo o delegado Erickson Gonçalves de Freitas, titular da Decrab, com o passar dos anos, houve uma mudança em relação à forma que o furto é praticado. Atualmente, o trabalho da polícia tem sido mais direcionado ao pequeno abigeatário já que, diferentemente do que acontecia em anos anteriores, não há elevada prática dessas ações por parte de organizações criminosas.

Até 2016, eram constatados furtos de um número grande de animais para abastecimento de restaurantes e do comércio.

- O abigeato na região é muito cometido por aquele pequeno abigeatário, que carneia uma vaca, vai fazer isso uma vez por mês, uma vez por semana. Então, vamos ter uma permanência desse crime durante o ano. De fato, tem um pequeno aumento nas épocas de festividades, principalmente Natal, Ano Novo e Páscoa. São momentos em que as famílias fazem festa, e procuram carne - afirma o delgado.

Freitas acrescenta que, por haver demanda pela carne, os criminosos vão em busca do produto barato, em geral via abigeato.

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CUSTOS SOBEM

style="width: 286.437px; float: left; height: 381.917px;" data-filename="retriever">O preço da carne para o consumidor teve alta de cerca de 10% em 2021, em relação ao ano anterior. O motivo foi o aumento do custo de produção, relacionado à alimentação animal, como do milho e do farelo de soja. Mesmo que o produto tenha ficado mais caro e atrativo para os ladrões de gado, o número de furtos diminuiu na região.

- Tínhamos uma expectativa de que, em função da crise e do aumento do preço da carne, fosse aumentar o número de abigeatos até em relação ao ano passado. Mas a gente conseguiu praticamente manter esse número (de abigeatos) e até reduzir ele um pouco - completa o delegado.

Maioria dos municípios teve redução de casos

 Maria (veja no quadro da página 5) atendidos pela Decrab de Alegrete, 13 apresentaram diminuição, como é o caso de São Pedro do Sul, com os índices desse crime caindo de 102 para 83. Além disso, dois deles, Dona Francisca e São João do Polêsine, mantiveram-se no mesmo patamar, com dois casos. Já em seis, houve um aumento.

- É um cenário positivo, porque a gente teve uma leve redução, e também está falando em número de crimes. Quando se fala em número de gado, como as grandes organizações de grupos criminosos sofreram um combate muito contundente, grandes volumes de cabeças de gado que eram furtados, reduziram, e muito - diz o delegado Erickson de Freitas.

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NÚMEROS

Dos 21 municípios do centro do Estado abrangidos pela Decrab de Alegrete, seis tiveram aumento dos roubos. Santa Maria passou de 68 para 80 entre 2020 e 2021. A elevação foi de 17%.

Em Formigueiro, o cenário foi bem diferente do verificado na maioria dos municípios da região. Os roubos de animais dobraram nos últimos dois anos. Enquanto em 2020 houve 18 casos, no ano seguinte, foram 41 - alta de 127%. Nesses casos, a Polícia Civil investiga o que levou a aumentos tão expressivos.

O presidente da Associação Rural de Santa Maria, Rodrigo Ribas, reforça a necessidade de registrar os roubos. Para ele, o baixo índice de registros na polícia podem mascarar os números. Por isso, reforça a necessidade de fazer o boletim na delegacia, mesmo que sem esperança de recuperar os prejuízos.

- Justamente para fazer uma lúcida e pontual construção desses índices para que a gente tenha uma correta leitura do aumento ou redução desse crime que ocorre na nossa zona rural - aponta rodrigo Ribas.

Registro online de roubos facilita a produtores

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As ocorrências podem ser registradas de forma online. Posterior a isso, as equipes das delegacias realizam o contato na busca de mais informações. Além disso, há também a possibilidade de informações serem repassadas pelo WhatsApp à polícia, sendo garantido o anonimato.

O maior intervalo de tempo entre o fato e o registro faz com que a polícia não consiga constatar dados que acabam sendo importantes, como os relacionados à forma como a ação criminosa foi praticada. Isso porque há características que permitem que a polícia consiga estabelecer relações entre casos ou, até mesmo, direcionar para um determinado suspeito.

Para agir contra esse tipo de crime, o delegado Erickson de Freitas, da Decrab, faz dois pedidos:

- Que o registro seja temporâneo e efetivo, que as pessoas tomem ciência de que a polícia tem mecanismo para que seja feito o registro de ocorrência da forma mais rápida possível, que é a delegacia online. É fácil de fazer o registro. O segundo ponto é essa necessidade que temos de uma parceria com a comunidade. Esse é o ponto-chave para que a gente possa chegar em quem está cometendo os crimes. As informações precisam chegar até nós.

O número do plantão e do WhatsApp da Decrab é (55) 98451-1681.

Falta de comunicação de casos prejudica as investigações

Para que um número maior de crimes possa ser elucidado, a polícia conta com o suporte da comunidade no que se refere ao registro tão logo o roubo seja percebido. No momento, a subnotificação de ocorrências é uma dificuldade com a qual a investigação se depara.

- Muitos proprietários não registram. Isso aconteceu, recentemente, em São Pedro do Sul. Existia uma reclamação grande de produtores, mas não havia o registro efetivo de ocorrência. Não tinha números para trabalhar. O que era aventado pelos produtores rurais não encontrava espelho na própria delegacia. Não existiam aquelas ocorrências - ressalta o delegado Erickson de Freitas, da Decrab.

É essencial que essas informações cheguem à delegacia para que possa ser retratada a realidade da região, de forma que, assim, se perceba quando há necessidade de reforço de efetivo e também para a realocação de recursos. Além disso, o titular da Decrab de Alegrete reforça que o registro em lote de ocorrências, com o acúmulo em função da distância das propriedades, acaba também dificultando o trabalho da investigação. Muitas vezes, roubos ocorridos ao longo de três meses são registrados uma única vez na delegacia, revela Freitas:

- As primeiras ocorrências ficam difíceis de serem investigadas. Se não acontece em tempo hábil, fica difícil, porque toda aquela fumaça do crime se perde e a gente acaba ficando sem os vestígios necessários para poder iniciar uma investigação.


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