Operação Fogo Fátuo

Operação contra corrupção prende vice-prefeito, servidores públicos e outras 5 pessoas em Agudo

Foto: Charles Guerra (Diário)

Uma operação contra a corrupção na administração pública prendeu sete pessoas em Agudo na manhã desta quarta-feira. Entre os presos preventivamente estão o vice-prefeito de Agudo, Moises Carlos Kilian (MDB), conhecido como Foguinho; a servidora da Secretaria de Obras Luciana da Silva; o servidor afastado José Luiz Rocha da Silva e o motorista da prefeitura Gilberto Flávio Streck. Outras três pessoas, presas em Agudo e Porto Alegre, que seriam ligados ao ramo da construção civil, foram presas em flagrante por porte ilegal de arma e munição de uso restrito das forças policiais. Um dos presos, de Agudo, pagou fiança de R$ 3 mil e foi liberado Os nomes não foram divulgados pela Polícia Civil. 

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A Operação Fogo Fátuo (glória passageira), que aconteceu em cinco cidades gaúchas, tem como objetivo desarticular uma organização criminosa que atuava na prefeitura de Agudo pelo menos desde 2012. Foram cumpridos 35 mandados de busca, quatro mandados de prisão preventiva, nove ordens judiciais de bloqueio de bens móveis e imóveis em Agudo, Santa Maria, Cachoeira do Sul, Canoas e Porto Alegre. Na investigação, que começou há cerca de um ano, são investigados os crimes de corrupção ativa e passiva, peculato, fraudes licitatórias e lavagem de dinheiro além de formação de quadrilha.


FRAUDE DE R$ 1,1 MILHÃO
Por volta das 9h30min, a Polícia Civil deu uma entrevista coletiva à imprensa e detalhou algumas informações sobre o caso. Conforme os delegados, a investigação começou pouco antes de maio de 2017 após denúncias de moradores e servidores ligados ao Executivo que informaram sobre um esquema de fraudes em licitações.

Conforme o delegado do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) André Lobo Anicet, a delegacia de Agudo levou o caso à regional de Santa Maria, que pediu a ajuda ao Deic, que tem uma delegacia especializada em crimes contra a administração pública. A partir deste momento, o Deic conduziu a investigação em sistema de parceria mútua.

- O delegado de Agudo recebeu informações de que servidores públicos estariam recebendo valores indevidos em compras feitas pela prefeitura e empresas da Região Metropolitana. O desenrolar dessas denúncias culminou nesta que é a maior operação realizada pela Regional neste ano - afirmou o delegado Sandro Meinerz, titular da Regional de Santa Maria.

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Max Otto Ritter, delegado do Deic que coordenou as investigações, esclareceu que os crimes ocorriam a partir da Secretaria de Obras, do qual o vice-prefeito é secretário. Segundo ele, o vice-prefeito tinha conhecimento dos casos:

- Para não chegar ao limite de valores exigidos para uma licitação, havia o fracionamento de despesas. Picotavam as compras para fugir da licitação que é exigida por lei. A fraude se consumava na medida que encontrava na ponta os empresário, que sabiam do esquema, que vem sendo praticado há anos em Agudo. Os crimes se associavam e depois o dinheiro acabava sendo lavado e convertido em patrimônio - disse o delegado durante a coletiva de imprensa nesta manhã.

Conforme o delegado, foi por este motivo que a Justiça autorizou o bloqueio de bens móveis e imóveis, 50% dos valores em contas bancárias dos investigados e a busca de documentos na prefeitura e casas dos envolvidos. 

- Temos provas robustas para indiciamento e oferecimento de denúncia ao Ministério Público não só no aspecto criminal, mas também de crimes administrativos - disse o delegado Max.

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Além das compras fracionadas, haveria notas fiscais com valores superfaturados que eram solicitadas com o objetivo de desviar recursos públicos. O prejuízo estimado, entre 2015 e 2016, conforme auditorias do Tribunal de Contas do Estado (TCE), pode atingir R$ 1,1 milhão.

Na coletiva, os delegados informaram também que durante as investigações, foram registradas duas ocorrências de ameaças contra o delegado de Agudo, Eduardo Flores Machado, e uma promotora da cidade.

O QUE DIZEM OS ADVOGADOS
"Fui contatado pela família do vice-prefeito e ainda estamos tomando conhecimento da investigação. Por enquanto, o que temos em mãos é o documento da prisão preventiva. Eu conversei com o vice-prefeito, que diz que é inocente de tudo o que está ocorrendo. Agora, vamos aguardar o dia para saber mais detalhes, acompanhar o depoimento do meu cliente. Até agora, temos a versão da polícia, a única. A partir do momento em que analisarmos a investigação, poderemos nos manifestar."
Áureo Müller, advogado do vice-prefeito

"Não temos informação alguma por enquanto. A Luciana nem sabe porque foi presa. Por enquanto não temos mais o que falar."
Arlei Vitório Steiger, advogado de Luciana Silva

"Ainda não tenho conhecimento do teor da investigação. Só sei que o Gilberto está preso e não sabe por quais motivos foi preso"
Adriano Puerari, advogado do Gilberto Streck

INVESTIGAÇÃO SEGUE
Conforme informado na coletiva, a partir de agora, os documentos aprendidos serão analisados e os investigados serão ouvidos pela polícia. 

- A investigação não cessa. Hoje é só mais um passo que nós damos. Agora será feita a análise criminal de todos os documentos apreendidos para rebustecer as provas já bem sólidas não só dos crimes, mas também os envolvidos: servidores públicos e empresários.

Os presos seguem na delegacia de Agudo e devem prestar depoimentos antes de serem conduzidos à prisão.

ATENDIMENTO NA PREFEITURA SUSPENSO
Conforme entrevista coletiva à Rádio Agudo FM 90.1, o prefeito de Agudo, Valério Vili Trebien (MDB), informou que os serviços da prefeitura estão suspensos nesta quarta-feira já que policiais estão na prefeitura recolhendo documentos. Conforme Valério, o serviço será normalizado assim que a operação for finalizada. O prefeito informou ainda que não tem conhecimento dos detalhes do caso e a ele foram solicitados documentos da Secretaria de Obras que envolvem licitações, empenhos e pagamentos de compras de peças. 

- Por enquanto, não tenho mais o que comentar porque não tenho conhecimento do real teor da investigação. A gente tem a vontade de fazer o melhor e sempre fui transparente nos meus atos. Se existirem erros na administração pública, temos de corrigi-los - disse o prefeito à Rádio Agudo. 

No fina da manhã desta quarta-feira, a prefeitura publicou uma nota oficial no site: 

"Diante dos fatos da Operação "Fogo Fátuo", o Governo Municipal de Agudo informa que houve busca e apreensão de documentos no Centro Administrativo. O Prefeito Valério Vili Trebien colocou-se à disposição da Justiça e da Polícia Civil fornecendo todos os documentos requisitados, colaborando com as investigações. Tão logo o Município de Agudo tenha acesso aos autos do inquérito, serão prestadas novas informações".

Conforme os delegados informaram na entrevista coletiva, não há qualquer fato que ligue o prefeito aos crimes investigados.

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