segurança pública

Número de homicídios nos primeiros quatro meses de 2023 segue tendência de 2022 e acende o sinal de alerta em Santa Maria

Número de homicídios nos primeiros quatro meses de 2023 segue tendência de 2022 e acende o sinal de alerta em Santa Maria

Foto: Maurício Barbosa (Bei/ Arquivo)

Dos quatro primeiros meses de 2023, abril foi o mais violento dos últimos dois anos. Enquanto em 2022 aconteceram sete mortes, este ano foram 10 assassinatos. Somando os quatro primeiros meses deste ano, já são 26 homicídios, um a menos do que no mesmo período do ano passado.

Os crimes violentos letais e intencionais – como são chamados crimes contra a vida como homicídios, latrocínios e feminicídios –, caminham em 2023 praticamente no mesmo ritmo que no ano passado, quando a cidade bateu o recorde de mortes violentas. Ao todo, houve 70 assassinatos em todo o ano passado, mesmo número de 2017, quando houve aumento de mortes por acertos de contas entre facções.

Em janeiro de 2023, foram quatro mortes, em fevereiro, o número caiu para três, mas em março o número subiu para nove mortes e, em abril, a luz vermelha de alerta se acendeu, com 10 assassinatos sendo registrados. Já no ano passado, foram os mesmos quatro crimes em janeiro, oito em fevereiro e março e sete em abril.

Segundo a equipe de investigação da Delegacia de Homicídios, 80% dos crimes deste ano foram elucidados até abril. As investigações dos crimes ainda não elucidados estão em andamento para apontar autoria e motivações. Alguns dependem de perícias que ainda não tiveram resultados divulgados.

O delegado Marcelo Mendes Arigony, titular da Delegacia de Polícia de Homicídios (DPHPP), atribui a maioria das mortes a grupos criminosos por rixas, dívidas ou disputas do tráfico de drogas, e ligações com o sistema carcerário:

– Mais de 90% dos crimes têm relação com a questão prisional. Não posso dizer que em 90% deles o mandante deu a ordem de dentro da cadeia. Mas posso dizer, sim, que 90% ou mais estão ligados às facções, que estão ligadas ao sistema prisional.

Com essa questão do empoderamento, das vinganças, das queimas de arquivos de testemunhas, de pessoas de dentro ou de fora do sistema carcerário.

O delegado ressalta que normalmente a vítima ou o assassino tem envolvimento com o sistema prisional.

– As drogas são o combustível para que esses grupos se estruturem, cresçam e que acabem funcionando como mola propulsora dessa criminalidade mais grave. Grande parte dessa crise está de certa forma relacionada. Essa disputa de grupos tem, muitas vezes, pessoas daqui, ou às vezes até de fora de Santa Maria que vêm para cá visando tomar alguns pontos de venda de drogas – diz o delegado.

 
Para Arigony, Santa Maria ainda está bem em outros índices de criminalidade e é uma cidade boa para se morar. Contudo, admite que o número de assassinatos em 2023 e em todo o ano passado assustam.

– Isso gera uma sensação de insegurança, mas na grande maioria dos outros indicadores, Santa Maria vai muito bem. É uma cidade de 300 mil habitantes. Cidades militares de médio e grande porte não estão imunes aos problemas da criminalidade do mundo moderno, e nós temos os menores indicadores, como roubo de veículo, furto de veículo, assalto a banco. Não temos sequestro, não temos assalto a carro forte, não temos vários indicadores importantes de criminalidade – pondera o delegado de Homicídios.

Tráfico e sistema carcerário alimentam a violência

O delegado regional da Polícia Civil, Sandro Meinerz, diz que em 2023 o número de homicídios continua a preocupar a Polícia Civil, assim como no ano passado. Para o delegado, a maioria dos crimes tem relação com o tráfico de drogas e o sistema carcerário.

– Essas mortes todas estão sendo alvo de investigação. Um dado muito importante em relação a tudo isso, é que praticamente 80% dos crimes deste ano são relacionados a uma briga de grupos criminosos, de facções criminosas que estão conflitando por espaço e acertando contas. Infelizmente as lideranças desses grupos, todos estão no sistema prisional, mas a gente sabe que são presos que acabam tendo acesso à telefones celulares e continuam a comandar as ações criminosas que acontecem nas ruas – diz Meinerz.

O delegado destaca que as ações dos órgãos de segurança de nada adiantam se o contato dos líderes é mantido com os membros das facções que estão soltos.

– Não adianta prendermos, e prendemos muita gente, a Brigada Militar prender e os líderes continuarem a comandar os crimes. Porque existe o contato desses indivíduos com a rua, com os membros da facção que estão em liberdade e que acabam cumprindo as ordens desses líderes matando pessoas, traficando, extorquindo, praticando crimes, roubando. Precisamos, sem dúvida nenhuma, é de uma mudança radical. Precisamos cortar o canal de comunicação desses criminosos com as ruas. Enquanto isso não acontecer realmente, o que podemos fazer enquanto polícia judiciária é investigar e prender, mas infelizmente é difícil estancar essa guerra e acabar com ela – diz.

Para reduzir esse tipo de violência, a polícia ataca o sistema prisional, utilizando bloqueadores de celulares nos presídios. Essa é uma medida essencial que vai a cortar esses canais de comunicação e enfraquecer os grupos criminosos, segundo Sandro Meinerz.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Homem é preso no Bairro Urlândia com duas motos furtadas Anterior

Homem é preso no Bairro Urlândia com duas motos furtadas

Prefeitura investiga possível desvio de conduta em atuação envolvendo guardas municipais no centro de Santa Maria Próximo

Prefeitura investiga possível desvio de conduta em atuação envolvendo guardas municipais no centro de Santa Maria

Polícia/Segurança