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Número de celulares apreendidos nas casas prisionais em Santa Maria já supera o ano passado

Camila Gonçalves

Foto: Renan Mattos (Diário)

Faltando dois meses para o ano terminar, o número de celulares apreendidos nos arredores das casas prisionais de Santa Maria pela Brigada Militar (BM) já bate o do ano passado. Até ontem, segundo a BM, que faz a guarda externa dos estabelecimentos, 132 celulares foram confiscados em 24 ocasiões no Presídio Regional de Santa Maria, na Penitenciária Estadual de Santa Maria (Pesm) e no Centro de Atendimento Socioeducativo (Case). Em todo o ano passado, foram 103 celulares apreendidos em 22 ocorrências.

O total de telefones interceptados entre as ruas e os muros das instituições, em 2018, foi de 349, já que os agentes da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) barraram a entrada de 217 aparelhos. A Susepe não divulgou o número referente ao ano passado.

Segundo o chefe da 2ª Delegacia Penitenciária Regional da (Susepe), delegado Anderson Prochnow, as tentativas de arremesso aumentaram na Pesm, que fica no distrito de Santo Antão, a cerca de 10 km do centro de Santa Maria.

- Antigamente, havia maiores incidências no Regional, que é da década de 70 e está no meio de várias residências, o que facilita a proximidade dessas pessoas que tentam arremessar chips, celulares e afins. Temos notado que, nos últimos anos, já ocorreram diversas tentativas de arremesso na Pesm - revela Prochnow.

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Para coibir as ações, a Susepe faz revistas periódicas às celas sem divulgação prévia. Na última operação realizada na Pesm, em 25 de setembro, foram encontrados 32 celulares. Já no Regional, durante a última ofensiva, foram encontrados 12 celulares. Como os estabelecimentos não têm bloqueador de sinal telefônico, a polícia acredita que os presos usam os aparelhos como moeda de troca ou ainda para comandar ações fora da cadeia.

A Brigada Militar associa o roubo de celulares em Santa Maria ao arremesso dos aparelhos para dentro dos presídios. De acordo com o comandante do 1º Regimento de Polícia Montada (RPMon), tenente-coronel Erivelto Hernandes Rodrigues, 90% dos roubos a pedestres têm como alvos os celulares. Em 2018, mais de mil aparelhos foram roubados nas ruas da cidade.

Os telefones de melhor qualidade vão para o mercado ilícito, ou são moeda de troca na negociação de drogas ou, ainda, pagamento de dívida por drogas. Os de menor qualidade, que geralmente não entram nas estatísticas de roubo porque as vítimas não fazem o registro, são os preferidos dos comparsas dos presidiários.

- Esses telefones mais antigos não possuem o número de Imei (Identificação Internacional de Equipamento Móvel), por isso, são mais difíceis de ser rastreados - explica o coronel Hernandes. 

DIFÍCIL SABER QUAL PRESO SERIA BENEFICIADO

Neste ano, oito pessoas já foram detidas durante esse tipo de ação em Santa Maria. O número chama a atenção da Brigada Militar pela frequência com que tem ocorrido. Segundo o coronel Hernandes, os infratores conseguem acessar facilmente a cercania das cadeias. Na maioria das vezes, os objetos ficam na rede de proteção dos pátios ou são vistos pelos guardas antes que um detento apanhe a "encomenda".

- Hoje, temos tido atenção especial para tentar esvaziar, cada vez mais, a comunicação dos presidiários com a parte externa - explica Hernandes.

Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada de telefones em estabelecimentos prisionais resultam em pena de detenção de três meses a um ano. O infrator é encaminhado à delegacia para fazer um termo circunstanciado, registro de infrações de menor potencial ofensivo. Como são crimes com pena máxima prevista de até dois anos de reclusão, não há abertura de inquérito. O termo feito na delegacia serve como peça informativa para o Juizado Especial Criminal, que leva adiante o cumprimento da pena. Porém, os crimes de menor potencial ofensivo não têm a intenção de privar o autor de liberdade, mas, sim, reparar o dano causado, o que significa que, dificilmente, os responsáveis pelos arremessos são presos.

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Segundo o delegado regional da Polícia Civil Sandro Meinerz, a maioria das pessoas detidas permanece em silêncio na delegacia:

- É muito difícil descobrir qual preso seria beneficiado. Os celulares apreendidos geralmente não têm nenhum conteúdo. Mesmo os telefones apreendidos durante as revistas da Susepe não possuem mensagens, áudios ou conversas que possam servir para apontar os envolvidos.

ARREMESSOS FRUSTRADOS

  • Em 2018, 349 celulares foram apreendidos nas tentativas de lançamento para dentro dos muros do Presídio Regional, da Penitenciária Estadual de Santa Maria e do Centro de Atendimento Socioeducativo (Case). A Susepe deteve a entrada de 217 aparelhos, e a Brigada Militar, de outros 132 celulares
  • Outros 99 telefones móveis foram apreendidos pela Susepe durante revistas nas celas
  • A Susepe também encontrou 8 chips e 67 gramas de maconha com visitantes

ROUBOS DE CELULARES

A Brigada Militar estima que 90% dos roubos a pedestre envolvem a subtração de celulares em Santa Maria. Confira os números:

  • Em 2017, houve 1.116 roubos a pedestre, cerca de 1.004 casos envolvendo roubo de celulares
  • Em 2018, até ontem, houve 809 roubos a pedestre, cerca de 728 tendo como alvo celulares

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