Operação Gangster

Juiz que atuou em Santa Maria é ameaçado de morte por facção na Capital

Naiôn Curcino

Foto: Polícia Civil (Divulgação)

A violência que envolve as facções criminosas no Estado parece mesmo não ter limites. O Ministério Público e a Polícia Civil divulgaram, nesta quinta-feira, resultados da Operação Gângster, que descobriu envolvimento de três advogados da gangue "Bala na Cara" com os criminosos em um plano de execução.  

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O objetivo deles era matar o juiz da 2ª Vara do Júri de Porto Alegre, Felipe Keunecke de Oliveira. Três advogados e 11 criminosos foram denunciados por embaraço à investigação e por formação de organização criminosa. Oliveira, que hoje atua em Port Alegre trabalhou na 3ª Vara Criminal de Santa Maria e foi professor do curso de Direito do então Centro Universitário Franciscano, no início dos anos 2000.

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Segundo as investigações do MP e da PC, foi descoberto, após quebra de sigilo telefônico, que através de mensagens, um dos advogados, teria ajudado no plano de assassinar o magistrado junto de um dos líderes da facção, José Dalvani Nunes Rodrigues, o Minhoca. O advogado teria passado detalhes da rotina de Oliveira, como suas idas a um clube social de Porto Alegre e também aos jogos do Grêmio. Outros dois advogados também foram denunciados. Os nomes dos advogados não foram divulgados. Os profissionais não foram presos. Um pedido de prisão preventiva foi negado por uma juíza da Capital.

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Com informações dos advogados, integrantes da facção também ameaçavam testemunhas dos processos contra Minhoca e até mesmo policiais civis. Os advogados foram afastados da função e tiveram seus registros suspensos. Além disso, bens deles foram bloqueados, no valor de aproximadamente R$ 36 mil, assim como veículos.

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O magistrado e seus familiares precisam andar com seguranças 24h e utilizam veículos blindados. Os recursos foram garantidos pelo Tribunal de Justiça do Estado. Em entrevista ao Diário, o magistrado, que atua há 10 anos na Vara do Júri de Porto Alegre, falou do fato dele justamente julgar homicídios, e ser vítima de um plano para tirarem a sua vidade.

- É uma situação que deixa a gente muito apreensivo. A gente está preparado para isso (lidar com ameaças), mas não nessa monta, como o Ministério Público e a Polícia Civil descobriram, com um plano desse - afirma Oliveira.

Há a possibilidade de que o juiz se afaste da área que julga homicidas, mas será uma decisão tomada mais adiante, segundo ele.

- Não vou me afastar agora. Em função de tudo isso, para que as coisas se amenizem, vou tirar férias. Depois, vou retornar e ver o que fazer. Estou precisando de umas férias para colocar a cabeça no lugar e dar atenção a minha família - relata.

NOTA 

A Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (Ajuris) e o Tribunal de Justiça do Estado se manifestaram sobre o fato por meio de notas.

A Ajuris manifestou "solidariedade ao magistrado" e diz que a "situação deve ser repudiada (...) e deve ensejar profunda reflexão sobre a segurança dos magistrados". A associação também elogia o Tribunal de Justiça pelo apoio dado ao juiz, e diz confiar que a Ordem dos Advogados do Brasil atue firmemente na punição aos advogados denunciados.

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Confira a nota do TJ:

"Em relação à notícia veiculada nesta data sobre ameaças a magistrado da Vara do Júri da Capital, a Administração do Tribunal de Justiça informa que já de algum tempo tinha ciência dos fatos e acompanhava atentamente a situação.

Desde o primeiro momento, de forma discreta e sigilosa, no intuito de preservar a integridade do Juiz, disponibilizou de imediato segurança integral para ele e seus familiares, além de providenciar seu reposicionamento na jurisdição. 

Ainda, importante salientar que o Tribunal de Justiça conta com eficazes dispositivos de segurança em suas dependências para preservar magistrados, o que inclui a Vara do Júri da Capital; isso inclui portais, segurança reforçada e outras providências que são mantidas em sigilo, além de novas instalações, recentemente inauguradas e projetadas especialmente para o plenário do Júri."

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