Traficantes estariam mais violentos

Execuções em Santa Maria seriam um reflexo da mudança no perfil dos criminosos

Patric Chagas

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O segundo mês de 2014 chegou ao fim. Porém, o que parece estar longe do final é a onda de homicídios registrada neste ano em Santa Maria. O caso mais recente aconteceu na manhã da última sexta-feira, quando Jonas da Silva Rodrigues, 18 anos, foi morto a tiros, no bairro Patronato. O jovem é a 18ª pessoa assassinada nos primeiros 59 dias de 2014, o que representa cerca de uma morte a cada três dias.

Essa estatística causa mais apreensão se for comparada ao mesmo período do ano passado, quando 11 pessoas foram mortas. A polícia aponta o tráfico de drogas como o principal culpado pela violência que assusta os santa-marienses. Mas esse tipo de crime não é novidade no município. Então, o que mudou em relação aos anos anteriores?

Para a polícia, a resposta está na nova forma de agir dos traficantes. Segundo o comandante do 1º Regimento de Polícia Montada (1º RPMon) da Brigada Militar, tenente-coronel Sidenir Cardoso, uma das hipóteses para o aumento do número de vítimas do tráfico está no crescimento de pessoas contraindo dívidas com os criminosos.
- Não se descarta também a possibilidade de que alguém esteja tentando controlar a distribuição de drogas ou querendo fazer um controle por meio da força, tirando esses outros de circulação - diz Cardoso.

Para o delegado Sandro Meinerz, titular da Delegacia de Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec), existem, ainda, as brigas entre os próprios traficantes, que, segundo ele, eram comuns em outras cidades e que não aconteciam em Santa Maria. Porém, Meinerz conta que, nos últimos três anos, as drogas vêm se tornando características frequentes nas ocorrências de homicídio.  

Com o aumento da concorrência, cresce a disputa pelo poder

O delegado Meinerz acredita que, mesmo não havendo uma guerra entre grupos rivais, por uma questão de sobrevivência no mercado do tráfico, os criminosos instalados na cidade estão ficando mais violentos. A equação parece simples: aumenta a demanda, cresce a concorrência e, consequentemente, a briga pelo poder.
- São brigas entre traficantes, ou desacertos, quando um engana o outro ou quando um não cumpre o que combinou. Muitas vezes, são brigas entre os próprios usuários. Em outras, o usuário não tem como pagar o que está devendo. Quando isso acontece, o traficante precisa mostrar poder. Para ser respeitado nesse meio, ele precisa ser violento - avalia Meinerz.

As características dessa violência ficam claras ao olharmos para as causas das mortes. Das 18 vítimas de assassinatos do ano, 14 foram mortas a tiros. 
- A maioria das pessoas morreu com arma de fogo. São requintes e características de execução, de alguém que planejou uma ação para emboscar, pegar a vítima de surpresa, dificultar a possibilidade de reação e matar obtendo êxito na ação. As vítimas são alvejadas por quatro ou cinco disparos e pelas costas - avalia Meinerz.

Em meio a essa onda de execuções, surgiram até comentários sobre uma possível lista com 40 nomes de pessoas marcadas para morrer. Porém, segundo Meinerz, a informação não passa de especulação.

'Não há rescisão contratual'

Não são apenas os órgãos policiais que tratam o crack como uma droga diferenciada. Para Eduardo Pazinato, ex-secretário de Segurança Pública e Cidadania em Canoas e atual coordenador do Núcleo de Segurança Cidadã da Faculdade de Direito de Santa Maria (Fadisma), o alto grau de dependência desse entorpecente traz, muitas vezes, reflexos nocivos aos próprios traficantes.

Segundo o especialista, pesquisas comprovam que os traficantes, quando vendem maconha e cocaína, acabam consumindo-as de uma forma que isso não impacta no próprio negócio. Mas o mesmo não acontece com o crack. Pazinato acredita que, devido ao poder de dependência da droga, não raramente o traficante acaba se tornando um consumidor:
- Como há uma hierarquia criminal no mercado da droga, essa pessoa, g"

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