
Imagem: Reprodução (Google Street View)
Conforme informações preliminares, estima-se que mais de 1,1 mil pessoas teriam sido lesadas pela Conceitual Construtora
Imagina entregar o lugar em que mora, mais as economias de uma vida na esperança de uma nova morada, e descobrir que você e diversas outras pessoas foram vítimas de um golpe imobiliário que, além de não entregar o imóvel adquirido, ainda duplicou a venda de uma mesma propriedade. O caso aconteceu em Santa Maria e está sendo investigado pela Polícia Civil. Conforme informações preliminares, estima-se que mais de 1,1 mil pessoas teriam sido lesadas pela Conceitual Construtora, que não entregou nenhum dos quatro prédios vendidos em Santa Maria.
+ Receba as principais notícias de Santa Maria e região no seu WhatsApp
Em só um dos edifícios, que têm 139 unidades, a construtora vendeu cerca de 217 propriedades. Ou seja, 78 proprietários podem ter sido lesados na compra dos imóveis, pois o mesmo apartamento foi vendido para mais de uma pessoa. Por isso, há vários registros de suposto estelionato, e mais de 50 ações judiciais. Só uma vítima perdeu R$ 1 milhão, e há quem cogite mais de R$ 70 milhões de prejuízo total.
A duplicação, em alguns casos até triplicação nas vendas, foi descoberta após a morte do dono da construtora, em novembro de 2023, em um acidente de trânsito na BR-158, quando bateu o carro em uma pedra. Com a demora na promessa de entrega, o empresário pagava multas aos compradores dos imóveis, para pagarem aluguel. Com a morte, as multas deixaram de ser pagas e os clientes passaram a tomar medidas jurídicas. Foi neste momento o rombo foi descoberto.
De acordo com o advogado contratado por algumas vítimas, a maioria dos contratos foram fechados entre 2011 e 2017, com promessa de entrega entre 2019 e 2020.
– Ele pagava (a multa), alguns ele pagava atrasado, outros ele juntava quatro, cinco meses e pagava – conta.
No que talvez seja o maior rombo imobiliário do Estado, para garantir a posse do imóvel comprado, há casos em que pessoas estão indo morar no apartamento mesmo inacabado.
E não é só quanto a moradia que as pessoas foram lesadas. De acordo com o advogado, em um dos prédios, só um box de garagem chegou a ser vendido 40 vezes.
– O pessoal está desesperado. A maioria das pessoas são de idade, de 80 anos para cima. Elas entregaram tudo que tinham. Hoje alguns não têm nem onde morar, eles tinham entregado os imóveis na compra e era o proprietário da empresa que pagava o aluguel onde estavam morando – diz o advogado.
As obras dos quatro prédios estão paradas desde a morte do empresário. Os compradores tentam respostas, e o escritório de advocacia que representa a construtora não teria dado retorno. O Diário também tentou contato, mas não obteve resposta. Funcionários da construtora também buscam na Justiça os direitos trabalhistas