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Foto: Pedro Piegas (Diário)/
Matéria atualizada às 17h58min, em 28 de dezembro de 2020.
A madrugada mais longa da família Piccin culminou em um desfecho desolador na manhã desta segunda-feira. Às 7h50min, o corpo do técnico agrícola Édison Piccin, 29 anos, emergiu à superfície em uma área de alegue do Rio Jacuí, em Pinhal Grande, diante dos olhos do pai, da mãe, da irmã, da companheira e demais conhecidos e familiares.
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Tragado pelo rio enquanto se divertia com a namorada, a cunhada e um casal de amigos, o jovem estava desaparecido desde as 16h de domingo.
- É algo que a gente não consegue entender. Passei a madrugada na beira do rio, não arredei o pé. Pouco antes das 8h, ele boiou e aí não teve mais o que fazer. Estava todo mundo aqui. Só esperamos os bombeiros retirarem ele da água _ conta João Guilherme Trevisan, 37 anos, cunhado da vítima, e primeiro a avistar o corpo.
De acordo com os Bombeiros de Santa Maria, a área tem cerca de três metros de profundidade e fica próximo à represa da Hidrelétrica de Dona Francisca.
Foram os próprios parentes que avisaram à guarnição. Dois amigos e o cunhado de Piccin passaram a madrugada no local. Os pais permaneceram até as 2h e retornaram assim que o dia clareou.
DESPEDIDA
Dezenas de pessoas que acompanharam as buscas, e moradores do Centro do pequeno município de 4.560 habitantes receberam com tristeza a notícia da morte precoce de Édison.
Nas poucas palavras que conseguia pronunciar em meio ao pranto, a advogada Marta Almeida, 36 anos, namorada de Édison há três anos, resumiu:
- Ele era 10 em tudo. Era o meu amor. Viver com ele foi uma bênção. Só consigo falar de amor...
O corpo foi encaminhado para o Posto Médico Legal (PML) do Instituto Geral de Perícias (IGP) por volta das 10h. Segundo a família, a causa da morte apontada no laudo pericial foi afogamento.
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O velório, seguido do sepultamento, às 19h desta segunda-feira, ocorreram no Rincão da Várzea, interior de Pinhal Grande. A família de agricultores é natural do município e tem sua história construída junto do desenvolvimento da localidade.
- Era um filho que estava sempre do lado da gente. Era amado, querido, carinhoso. Ele dizia: mãe, não se preocupa que eu vou cuidar de vocês, mas não foi como ele pensava - desabafa a mãe Geni Terezinha Piccin, 60 anos, sob forte comoção, ainda às margens do rio, nesta manhã.
Há três anos, Édison, que era técnico agrícola e formado em Tecnologia em Agronegócio pelo Colégio politécnico da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), deixou o Coração do Rio Grande para voltar para casa na cidade natal e cuidar das terras e administrar os negócios dos pais. Além de filho, era amigo e parceiro, segundo o relato do pai.
- Era fim de ano, havia pouca lida e ele adorava vir para o rio. Ele me disse:pai, empresta a caminhonete. Eu emprestei porque era maior, mais cômoda e ia mais gente. Era só para eles se divertirem. Deixei ele vim para acontecer uma tragédia dessas. Ele chegou ir até um altura e voltou pegar mais umas coisinhas, uns documentos. Parece que a gente estava percebendo alguma coisa. Nem penso na falta que eu vou achar, a gente precisa dele junto de nós toda vida e queríamos envelhecer ao lado dele. É triste, é difícil usar as palavras _ lamenta o agricultor Ediseu Piccin, 62 anos
O CASO
Édison Piccin estava em um caíque na companhia de amigos e da namorada quando, por volta das 16h de domingo, pulou na água e não retornou à superfície. O grupo saltava de caíque, que foi usado como trampolim em meio à diversão na água água.
Segundo relato de testemunhas, apesar das tentativas, não foi possível localizá-lo. Conforme o primo da vítima, ele estava sem colete salva-vidas e não sabia nadar.
O jovem estava no local conhecido como Camping da Gringuinha, no interior do município, onde é realizado anualmente o Encontro de Barcos e visita às barragens de Itaúba e Dona Francisca, ambas na divisa de Pinhal Grande com cidades vizinhas.Durante o evento, o uso de coletes é obrigatório.