combate ao tráfico

Apreensões de drogas crescem até 700% em dois anos em Santa Maria

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Foto: Polícia Rodoviária Federal (divulgação)
Maior apreensão de drogas neste ano em Santa Maria foi feita pela PRF em 28 de julho, na BR-392. Na ocasião, mais de 190 quilos de maconha estavam sendo transportados por um casal no porta-malas de um Gol

As apreensões de drogas aumentaram significativamente nos últimos dois anos em Santa Maria. Em um comparativo com os primeiros sete meses de 2019, 2021 registra um aumento de até 700% no número de apreensões no mesmo período.

Na soma dos dados disponibilizados pela Polícia Civil, Brigada Militar (BM) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), a droga mais apreendida é a maconha, que neste ano já soma 482 quilos. Em 2020, 282 quilos foram localizados pelos órgãos da segurança. Já em 2019, a diferença é ainda maior, já que de janeiro a julho foram apreendidos 164 quilos. Comparando 2019 a 2021, o aumento foi de 193%.

Nota-se também aumento na apreensão de cocaína e crack. A cocaína, que tem um maior valor no mercado, teve um aumento de 900% de 2019, quando três quilos foram apreendidos, para 2020, onde esse número aumentou para 30 quilos. Já neste ano, este tipo de droga teve queda de 16% em relação ao ano passado, com 25 quilos encontrados. Mas, comparando com 2019, o volume de cocaína recolhido em 2021 representa um crescimento de 733%.

O crack registrou aumento gradativo. De cinco quilos em 2019, subiu para 13 quilos em 2020 e 20 quilos em 2021. Isso mostra que, durante a pandemia, o tráfico aumentou na cidade.

De acordo com a delegada Alessandra Padula, titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), assim como a pandemia alterou a vida de todos, com o mundo do crime não foi diferente, já que nos últimos dois anos observa-se um grande volume de drogas apreendido.

- Acreditamos que o que interfere também é o fato das forças da segurança estarem com as atenções voltadas para o mundo do tráfico de drogas, pois houve uma queda nos outros crimes - conta a delegada.

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MIGRAÇÃO
O comandante do 1º Regimento de Polícia Montada (1º RPMon), tenente-coronel Cleberson Braida Bastianello, explica que foi possível verificar uma migração em determinados delitos. Um exemplo é o roubo a pedestres, crime que teve queda de 26% nos seis primeiros meses deste ano em comparação ao mesmo período do ano passado. 

- Com a menor circulação de pessoas, nosso foco também migrou para esse tipo de delito. Com policiamento ostensivo em determinados locais, através de uma análise qualificada, ou seja, por meio de estatísticas, horários e dias da semana, esses indicadores fizeram com que direcionássemos nosso policiamento e, consequentemente, fizéssemos uma maior apreensão de entorpecentes e prisão de pessoas - afirma Bastianello. 

Para a delegada Alessandra, a pandemia pode estar diretamente relacionada com o aumento das apreensões de maconha, cocaína e crack. Isso pode ser explicado pela questão de que alguns tipos de drogas, como as sintéticas, são consumidas em ambientes de festas e boates, o que foi proibido na pandemia. 

- A gente sabe que as festas clandestinas continuaram acontecendo, mas ainda em um número menor de quando tudo era liberado. Isso pode explicar o aumento do consumo de determinados entorpecentes - observa Alessandra Padula.  Veja abaixo o comparativo de apreensões de drogas, em quilos, pela Polícia Civil, BM e PRF.

CENÁRIO SANTA-MARIENSE É O MESMO DO ESTADO
De acordo com a PRF, o cenário de grandes apreensões de drogas em Santa Maria não é diferente do que está sendo visto em todo o território gaúcho. Nos sete primeiros meses do ano, na comparação com o mesmo período do ano passado, houve um aumento de 60% na quantidade de drogas apreendidas, com destaque para a maconha, que teve um acréscimo de 80%. 

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Nas rodovias federais do Rio Grande do Sul, principalmente nas que ligam o centro do Estado às fronteiras, não há um padrão no transporte de entorpecentes. Na verdade, o que se observa é que as organizações criminosas contam com traficantes que têm vasta ficha criminal, mas também com pessoas, supostamente acima de qualquer suspeita, viajando em família, muitas vezes com filhos pequenos e parentes idosos para dissimular o crime.

O mesmo cenário também é registrado em todo o país. Em junho deste ano, o aumento das apreensões, com destaque para a maconha, foi o assunto mais debatido na 23ª Semana Nacional de Políticas sobre Drogas. Nos dados divulgados pelo Programa Nacional de Segurança nas Fronteiras e Divisas, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, as apreensões registram um aumento de 111% de junho de 2020 a junho de 2021, em comparação com o período de junho de 2019 a junho de 2020. 

O TRÁFICO DE DROGAS MOVE A CRIMINALIDADEAssim como a delegada Alessandra Padula, o tenente-coronel Cleberson Bastianello também afirma que toda a criminalidade está vinculada com o tráfico de drogas. É o mundo dos entorpecentes que comanda outros crimes, como roubos a pedestres e veículos e, principalmente, os homicídios.

Em uma reportagem divulgada pelo Bei em 8 de setembro, data, que até então Santa Maria somava 35 homicídios, dados da Polícia Civil apontavam que, pelo menos, 70% dos assassinatos estão ligados ao tráfico de drogas. Já a BM credita que mais de 90% dos homicídios tem ligação direta ou indireta ao crime organizado e ao comércio de entorpecentes.

Conforme a delegada, a Draco, por ser uma delegacia especializada, criada no final de 2018, tem como foco e vem aprimorando ainda mais a atuação contra o crime organizado, que basicamente se alimenta do tráfico e do roubo.

- Na delegacia, sempre priorizamos atingir o ápice do grupo. A gente não vai na base, mas sim no topo. Por meio de muito trabalho, temos conseguido isso - diz Alessandra.

A titular da Draco também conta que o tráfico de drogas é um crime que nunca vai parar. Pois, enquanto houver um mercado consumir, o tráfico vai continuar existindo e as forças da segurança vão continuar combatendo.

SEM SEPARAÇÃO
Bastianello observa que não há como separar o mundo do crime. Onde tem a droga, existem a arma e o roubo:

- A BM vai seguir sempre, 24 horas por dia, e cada vez mais forte, atuando nesse setor. Vamos fazer a parte que cabe à BM, com repressão a esse tipo de delito - aponta.

O tenente-coronel garante que a atuação qualificada dos policiais vai continuar cada vez mais. Diz, ainda, que, infelizmente, se existe uma maior quantidade de drogas sendo apreendida e circulando é porque há um grande consumo de entorpecentes.

- A polícia vai continuar fazendo apreensões de drogas, realizando mais prisões de traficantes, mas o que motiva a existência desse meio é, sim, o consumo de entorpecentes. Segurança pública é dever e responsabilidade do Estado, mas também é responsabilidade de todos - observa o comandante do 1º RPMon.

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DESTINO DA DROGA
Referente ao destino dos entorpecentes apreendidos, a delegada conta que todas as ocorrências referentes ao tráfico de drogas são enviadas para a Draco, seja elas apreendidas pela Brigada Militar, pela Polícia Rodoviária Federal ou pela Polícia Civil. A partir disso, uma pequena porção da droga apreendida é enviada pela delegacia para a perícia - procedimento que é realizado por lei para saber qual o tipo de droga - e o restante é imediatamente encaminhado para a Divisão de Investigações do Narcotráfico (Denarc) em Porto Alegre, que é responsável pela incineração do produto. A queima de drogas ocorre, em média, duas vezes por ano.

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