VÍDEO: com vacinação avançada, celebração do Dia das Bruxas mobiliza santa-marienses

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Pedro Piegas (Diário)

Crianças fantasiadas saem às ruas em busca de doces. A cena é comum de filmes de Hollywood, mas o Halloween cada vez mais toma conta também dos costumes brasileiros. Em Santa Maria, isso não é diferente. O Dia das Bruxas (oficialmente, Dia do Saci) mobiliza santa-marienses que esperam celebrar a data em um momento em que reuniões e eventos são retomados com mais intensidade após o avanço da vacinação contra a Covid-19.

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Apesar de figurar na cultura pop dos Estados Unidos, o nome "Halloween" tem origem britânica. Dia 1º de novembro é Dia de Todos os Santos (em inglês, All Hallows' Day). Já 31 de outubro, a véspera (em inglês, "Eve") é All Hallows' Eve. A pronúncia criou a abreviação e a palavra conhecida atualmente.

Uma das possíveis origens do Halloween é pelo povo Celta, que viveu na Europa entre 600 a.C e 600 d.C. Eles acreditavam que, nesta data, os mortos visitavam o mundo dos vivos. Depois, a celebração se estendeu à cultura cristã com o Dia de Todos os Santos e Finados.

A proprietária e professora da North Idiomas, Letícia Fontoura, credita o sucesso da data no Brasil ao estudo do inglês. Ela explica que não há como o idioma ser descolado do ensino sobre a cultura.

- Tem muita influência por séries e filmes. Tudo nos faz buscar o idioma, que é a porta para uma cultura. Nunca ensinamos só o idioma, abrimos a porta para os alunos. Com isso, vem o Halloween. Tem também no México, o Dia de Los Muertos, que também é bem conhecido.  As crianças amam. Desde março eles perguntam: "vai ter festa? Vai ter "candies" (doces)?". Até os adultos perguntam se vai ter para eles - conta.

DIA DO SACI
A data é destinada a eventos culturais, folclóricos e esportivos que valorizem a cultura e as tradições brasileiras. A autoria do projeto foi da então vereadora de São José dos Campos (SP), Ângela Guadagnin (PT). Na Câmara, a proposta foi levada pelo então deputado Chico Alencar (Psol).

O objetivo da criação da data, conforme o projeto,  chamar a atenção para o resgate de lendas do folclore brasileiro. A lei teve inspiração na Sociedade dos Amigos do Saci (Sosaci), criada em São Luiz do Paraitinga, no interior de São Paulo. A escolha pelo 31 de outubro não foi por acaso. A intenção colocar referências nacionais ao lado da influência estrangeira.  Ainda de acordo com a lei, a comemoração no Brasil iniciou na década de 1980 por influência de escolas de inglês.

O professor Pedro Brum, do Departamento de Letras da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), estuda regionalismo e identidade. Para ele, as celebrações são diferentes e tendem a coexistir sem interação direta com o folclore brasileiro.

- Do ponto de vista do congraçamento social, o Halloween tem o lado positivo de integrar o universo infantil através de brincadeiras, interações, trajes típicos. Acordar a magia e o mundo da bruxaria tem seu encanto, claro. E, hoje, convivemos com uma produção cultural desse imaginário através de filmes, livros, jogos, brinquedos, que é muito potente. Já como manifestação importada, o Halloween não interage com nosso folclore. A questão, porém, não é recusarmos tais manifestações em um mundo globalizado, mas aproveitarmos tais ocasiões para criarmos verdadeiros contrapontos de modo que as crianças também possam ter contato com elementos genuínos de nossa cultura que é muito rica e diversificada - reflete.

Ainda na análise de Brum, o Halloween não gera conflito com a cultura nacional do Brasil. O que pode haver, segundo o professor, é uma "sobredeterminação", principalmente pela influência da indústria cultural norte-americana.

- É uma oportunidade a menos para pensarmos em nossas festas, nossos mitos, na rica história das culturas que nos formam enquanto povo. O ideal é que conseguíssemos conciliar políticas públicas e o natural interesse comercial dessas datas com nosso patrimônio cultural que é extenso e sincrético - argumenta.

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VENDAS AQUECERAM
Em uma loja de decoração e fantasias de Santa Maria, a gerente Fabíola Borin viu o consumo superar em até 30% o esperado pela administração. O salto foi ainda mais positivo se comparado a 2020.

- Teve muita venda de Halloween para festa em casa, para não passar em branco. Mas esse ano foi surpreendente, tanto em guloseima, quanto em linha de festa e fantasia. Por influência de escolas e condomínios. São muito legais as propostas - afirma.

Fantasia e assessórios são os itens mais vendidos na Big Festa. A parte de maquiagem e itens como sangue artificial também tem boa saída. O spray de cabelo chegou a esgotar na loja e no fornecedor. Poucos itens ainda restavam no estabelecimento. No sábado, véspera do Halloween, funcionários também se caracterizam com fantasias.

- Eu vou de vampira - brinca Fabíola.

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Pedro Piegas (Diário)

A fantasia de Helena Ferreira Teixeira, 14 anos, é menos assustadora e envolve decoração com flores. Ano passado, ela celebrou a data em uma chamada virtual com seis amigas. De casas diferentes, elas assistiram juntas a um filme de terror. Neste ano, o mesmo grupo vai se reunir em uma festinha de Halloween.

- Eu acredito que seja meu "feriado" favorito, mesmo que não seja bem feriado - afirma.

No domingo, a data do Halloween mesmo, Helena vai se reunir com a tia no Bairro Camobi. Neste ano, elas vão retomar o costume de bater às portas em busca de doces. Segundo Helena, os vizinhos costumam preferir as doçuras às travessuras.