Na vida sexual é preciso ter vínculo afetivo? O que é melhor, qualidade ou quantidade? Esses foram assuntos abordados no Faz Sentido do último domingo dia 27, com a jornalista Fabiana Sparremberger e o psicólogo César Bridi Filho. Confira como foi o bate-papo.
Segurança
Fabiana – Quais são as principais queixas dos casais no consultório?Bridi – Entre as principais reclamações, estão a falta de comunicação e a necessidade de vínculo afetivo, em especial para as pessoas com faixa etária a partir de 25 anos. Cama também é lugar de embate e negociação para que o sexo seja bom para os dois. Talvez, seja por isso que nem sempre haja paz na cama.
Fabiana – Enquanto os jovens querem experimentar mais novidades, quem já é mais maduro prefere qualidade. Mesmo assim, a aproximação afetiva é importante?Bridi – Claro que é possível ter sexo casual. No entanto, a condição afetiva para muitas pessoas facilita a relação e contribui para a segurança. E isso melhora a qualidade sexual. Para a maioria das pessoas, o vínculo afetivo é interessante, tanto para homens, quanto para mulheres. Essa condição de reciprocidade é a base de toda relação sexual.
Preliminares
Fabiana – Na relação sexual existem três fases: o desejo, a excitação e o orgasmo. Diante disso, as preliminares são muito importantes para essa primeira fase, que é a do desejo…Bridi – Isso mesmo. O desejo é quando a pessoa quer ter a relação, por isso é bom ter o laço de confiança. A partir disso, surgem os elementos mais fantasiosos para a excitação. As preliminares são essenciais para o ato e vai influenciar no orgasmo.
Fabiana – E, afinal, o que tem atrapalhado tanto as preliminares?Bridi – Vivemos em uma sociedade com alguns preceitos estabelecidos. Às vezes, a mulher não consegue se expressar abertamente ou o homem acha que as preliminares para o gênero feminino demoram muito. Enfim, são várias questões, por isso surgem problemas nessa parte da relação sexual.
Fabiana – E como sincronizar tudo isso? Como o casal pode começar a se entender melhor?
Bridi – Sempre precisa de conversa. E não quer dizer que se a pessoa pratica muito sexo, ela consegue satisfazer a outra pessoa. Por isso, é necessário o diálogo. Os parceiros precisam encontrar a sintonia. Se isso acontecer, várias questões serão resolvidas e a relação vai melhorar significadamente.
Egoísmo
Fabiana – Afinal, por que sempre nos preocupar com o prazer do outro?
Bridi – É necessário que cada um saiba o que deseja e quais as maneiras de conseguir. Na grande parte das mulheres, elas ainda não conseguem focar no próprio prazer. O desejo masculino, geralmente, é mais priorizado. Isso ocorre devido a toda questão de preceitos já estabelecidos socialmente.
Fabiana – Como vou falar do que quero no sexo, se ainda não descobri o que prefiro? Por que os casais se cobram tanto de chegar no orgasmo ao mesmo momento?
Bridi – Por isso que falamos sobre egoísmo. Às vezes, é importante pensar no próprio desejo, principalmente as mulheres. Além do mais, em relação aos casais, criou-se aquela ideia romantizada de que o sexo precisa ter a mesma intensidade para cada um e, mais: o orgasmo deveria ser simultâneo. Mas a realidade não é essa. As reações corpóreas são diferentes. É preciso tentar encaixar os desejos para ambos sentirem prazer.