Não foi desta vez que a facção Bala na Cara, de Porto Alegre, conseguiu se estabelecer em Santa Maria. A Delegacia Especializada em Furto, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec), em parceria com o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), desencadeou, na manhã de ontem, a Operação Palco, com o cumprimento de 24 mandados de busca e apreensão em sete municípios gaúchos, 12 deles em Santa Maria, e 21 de prisão, quatro aqui na cidade.
O principal investigado é o famoso assaltante de carros fortes José Carlos dos Santos, o Seco, que, com a ajuda de Edson Marcos Silva da Rosa, o Tucano, que é de Santa Maria, planejava dominar o tráfico de drogas após tomar o Beco da Tela, que fica na Vila Schirmer, no bairro João Goulart, na região nordeste de Santa Maria.
Seco comanda seus negócios de dentro da Pasc
Seco está preso na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), e Tucano, na Penitenciária Estadual de Santa Maria (Pesm). Mesmo assim, os dois conseguiam falar por telefone de dentro das casas prisionais, e negociar a compra, a venda e a distribuição de drogas. Os dois se conheceram na Pasc, onde eram vizinhos de cela. No entanto, Tucano, em setembro deste ano, conseguiu transferência para a sua cidade natal, mas também com o intuito de estender os braços do Bala na Cara sob o comando de Seco.
Dos quatro mandados de prisão cumpridos em Santa Maria, três foram na Pesm. Um para Tucano, e os outros dois para Jeferson dos Santos Domingues, que comprava drogas do grupo para revender, e Cláudio Padilha, que foi enviado por Seco junto com seu irmão para tocar os negócios no Beco da Tela. Além deles, foi preso em casa, no Beco, José Laureci Felipe dos Santos, que, junto com sua filha, Daniela Medianeira dos Santos, eram responsáveis por receber a drogas dos "mulas" e fazer a distribuição.
Um dos "mulas" da facção era o adolescente de 17 anos que confessou ser o autor de pelo menos três homicídios este ano em Santa Maria, em matéria publicada pelo "Diário" em setembro.
O Seco é um empresário do crime, e a sede da empresa é a Pasc. Ele faz as intermediações, as negociações, acerta os preços, determina contas que vão ser usadas, compra produtos, orienta o transporte e onde fica o depósito e cobra contas avalia o delegado regional e titular da Defrec, Sandro Meinerz.
Todos os 21 mandados de prisão preventiva tinham como justificativa, pelo menos, tráfico de drogas e associação para o tráfico. Nos quatro mandados em Santa Maria, esses requisitos foram preenchidos. Em Santa Maria, a operação foi coordenada pelo delegado Antonio Firmino de Freitas e contou com a participação de aproximadamente 60 policiais civis e militares, além de 27 agentes penitenciários da Pesm.
A operação ganhou o nome de Palco, porque, em escutas telefônicas interceptadas pela polícia, Seco e seus comparsas diziam que "dominam a cena" nas ações criminosas. Até a tarde de ontem, 19 pessoas haviam sido presas. Ao todo, foram cerca de 150 agentes da Polícia Civil, da Brigada Militar e da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe).
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