entrevista

Religiosa conta as experiências de ter comandado colégios franciscanos no Rio Grande do Sul por três décadas

Fotos: Arquivo Pessoal

Nascida e educada em Santa Rosa, a Irmã Maria Kreutz, 70 anos, completa, em 2019, 49 anos de vida religiosa junto das irmãs franciscanas. Há dois anos, é coordenadora da administração e manutenção do Convento de São Francisco de Assis, sede da Província das Irmãs Franciscanas da Penitência e Caridade Cristã. Ela também já atuou como diretora de colégios, em traduções simultâneas de eventos internacionais e, lecionou para crianças e adolescentes. Mesmo com transferências, Irmã Maria, mora, há 24 anos, no Coração do Rio Grande. Formada em Letras e Pedagogia pela Faculdade Imaculada Conceição (FIC), Irmã Maria também cursou pós-graduação em Administração Escolar, em 1978, e Gestão e Marketing de Pessoas, em 2012, ambas na Universidade Franciscana. Além disso, ela fez mestrado em Letras na UFSM, concluído em 1996.

Nessa entrevista, ela conta a experiência de religiosa franciscana e do seu trabalho com pais e alunos . Confira na integra: 

Artista plástica santa-mariense conta as experiências e processos criativos da profissão

Diário - Como foi ser diretora e professora?
Irmã Maria Kreutz -
Foi um período de crescimento muito grande. Durante 30 anos, dirigi sete colégios franciscanos no Rio Grande do Sul e, por cinco, fiquei em sala de aula. A experiência foi muito boa, no sentido de ter sempre equipes colaborando para o bom funcionamento de toda da escola. Gosto muito de fazer gestão participativa e tive pais, alunos, professores, coordenadores e demais equipes sempre engajadas com o trabalho. Era ainda jovem quando fui diretora do Colégio Franciscano Sant'Anna. O desejo era de inovação e busquei muito conhecimento da Europa. Os pais vibravam com as mudanças. Crescemos muito como instituição. Quando fui transferida, fizeram manifestações e abaixo-assinado pedindo minha permanência. Foi difícil deixar a escola e a cidade. 

Encontro das irmãs franciscanas para a formação de jovens que querem ingressar na vida religiosa. Em 2017, no convento de Santa Maria

Diário - Como é sua relação com o Coração do Rio Grande?
Irmã Maria -
O povo de Santa Maria é acolhedor com quem vem de fora. Me sinto bem aqui. É um local de muita cultura e onde fiz todo meu estudo. Com as transferências conheci mais e melhor as irmãs da minha e de outras províncias. É a quarta vez que retorno e sempre sou bem recebida. 

Religioso utiliza música para evangelizar crianças e adolescentes

Diário - De qual maneira a senhora descobriu a vocação para a vida religiosa?
Irmã Maria -
Minha família incentivava a prática religiosa. Frequentávamos a igreja católica regularmente. Também tinha outros parentes que eram religiosos e nos contavam como era a rotina. Nossa mãe conversava conosco dizendo que era uma maneia de ser feliz. A vocação religiosa é algo especial. É um movimento interior que não consigo expressar em palavras. É um chamado de Deus. Aos 15 anos, fui estudar com as Irmãs Franciscanas, no Colégio de Santa Rosa. Lá, nós recebemos explicações sobre a vida religiosa franciscana. Como o desejo de seguir nesse caminho aumentou, decidi aprofundar os meus conhecimentos e discernir sobre minha vocação. Quando me senti confirmada na minha opção de vida, decidi seguir as etapas necessárias para tornar-me religiosa franciscna. Em Santa Maria, realizei o postulado e o noviciado, onde fiz meus primeiros votos religiosos, consagrando-me a Deus como irmã franciscana em 2 de fevereiro de 1970. É uma história de buscas e lutas para ser feliz. Hoje, digo que acertei no projeto que Deus tinha para mim. 

Irmãs em assembleia provincial na capela do convento são Francisco de Assis, em 2016

Diário - A senhora tem algum religioso (a) que é sua inspiração?
Irmã Maria -
Nós seguimos a espiritualidade de São Francisco de Assis e da Madre Madalena Damen. Temos as Irmãs Formadoras, as mestras que nos ajudaram no entendimento da vida consagrada, que são diversas e não tem como citar os nomes. Elas nos incentivaram durante todo o processo de discernimento e construção conhecimento sobre o nosso carisma, a espiritualidade franciscana, a nossa vida e missão no mundo e na Igreja. 

Irmã Maria Kreutz, ao lado da irmã de verde, fazendo a tradução simultânea em leitura de Capítulo das Esteiras, em São Leopoldo, em 2018, com a presença de 5 irmãs americanas e 2 romanas

Diário - A vida religiosa lhe possibilitou conhecer muitos locais.
Irmã Maria -
Sim. Sempre gostei muito de conhecer e me comunicar. Conhecer culturas diferentes me possibilitou, também, o melhor aprendizado em línguas. Queria ser irmã, professora de letras, mas, desde, muito cedo, exerci cargos de direção, a pedido da província. Mesmo assim, me especializei na área de línguas. Vivi, por duas vezes, nos Estados Unidos e, também, na Alemanha, onde pude aprimorar o alemão e o inglês. Em Roma, exerci a função de tradutora e intérprete em eventos internacionais. No Brasil, não foi diferente. No fim de 1999, fui eleita uma das cinco irmãs administradoras da congregação com residência em Roma por cinco anos, em uma assembleia internacional da minha congregação. No meu trabalho como Conselheira Geral, tive a oportunidade de visitar as irmãs franciscanas e seu trabalho nos quatro continentes em que marcam presença. Conheci a América do Norte, Central, Sul, África, Ásia, e Europa. Foi muito enriquecedor, uma experiência indescritível. Louvo e agradeço a Deus e a tantas pessoas que fazem parte da minha história de vida e que me ajudaram a crescer e ser feliz como irmã. 

Colaborou Natália Venturini

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