saúde pública

Projeto de extensão da UFSM cria grupo de apoio para quem quer parar de fumar

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Arquivo/Diário

O caminho para vencer a dependência química é difícil, sendo um processo que demanda força e persistência. Para o tabagista, desconfortos físicos e psicológicos são recorrentes durante o processo de recuperação, que exige inúmeras tentativas até, finalmente, a dependência ficar de lado.

Durante a pandemia da Covid-19, a ansiedade e o abalo emocional causados pelo isolamento foram fatores que influenciaram o aumento do consumo de cigarro. De acordo com pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 34% dos fumantes brasileiros aumentaram a quantidade de cigarros consumidos nesse período.

Com o intuito de auxiliar quem deseja largar o vício, o grupo de apoio "Deixando de Fumar Sem Mistérios" foi criado. O projeto de extensão é vinculado à Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), e conta com a participação de acadêmicos dos cursos de farmácia e medicina.

O PROJETO

Coordenado pela professora Juliana da Rosa Wendt, de 32 anos, o projeto consiste em oferecer apoio, informação e tratamento para quem deseja parar com o consumo de produtos derivados do tabaco. Originalmente criado pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) sob a lógica do Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT), o programa está inserido na rede de tratamento de tabagismo no Sistema Único de Saúde (SUS). A ação também disponibiliza o Manual do Participante, de forma online e gratuita.

No cotidiano dos profissionais que trabalham com atendimento em postos de saúde e ambulatórios, foi observada uma grande quantidade de pessoas que fumam e não possuem nenhum tipo de apoio que auxilie no processo de parar de fumar. Segundo Juliana, é comum ver pacientes hospitalizados no Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) saírem dos seus próprios quartos para fumar na parte externa do prédio. Ao contrário do que muitos pensam, lutar contra o vício exige muito mais do que força de vontade.

- O cigarro é uma das principais causas evitáveis de mortes, então é muito importante que as pessoas parem de fumar. E não é prejudicial apenas para a pessoa que fuma. Temos toda a questão do fumante passivo, principalmente crianças e adolescentes que são expostas a fumaça do cigarro - explica Juliana. 

A vivência vai além de fins institucionais, permitindo que o acadêmico esteja capacitado para coordenar esse tipo de atividade futuramente, no ramo profissional.

- Muitos médicos acabam a faculdade sem ter essa experiência, que é o meu caso. É muito importante que durante a faculdade eles tenham esse tipo de experiência, que é possível e ajuda as pessoas a pararem de fumar - acrescenta. 

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A estudante Paula Souza Ribeiro, de 20 anos, é acadêmica do 6º semestre do curso de Medicina e está animada para desenvolver o projeto. Ela conta que realizar o trabalho com o grupo, estimulando hábitos saudáveis e desenvolvendo estratégias adequadas para cada caso será uma parte interessante do processo. Além disso, o acompanhamento será realizado presencialmente, após um grande período de estudos remotos, através do Regime de Exercícios Domiciliares Especiais (Rede).

- Estamos fazendo essa transição do online paro o presencial. Vamos finalmente trabalhar com as pessoas no 'ao vivo', na prática, questões teóricas e práticas. Vamos trabalhar com grupos reduzidos para dar uma atenção maior para cada participante. Estamos nos preparando ao máximo para ajudar os inscritos da melhor maneira possível - afirma Paula.

Programas que proporcionam esse tipo de atividade já existem em Santa Maria, porém, a lista de espera é grande e pode demorar para acolher todos os inscritos. Segundo a coordenadora do projeto, a demora para conquistar uma vaga desmotiva a pessoa que quer iniciar o tratamento, provocando muitas desistências. Durante a pandemia, os encontros diminuíram, dificultando ainda mais a participação nesse tipo de atividade. A equipe, composta por 10 alunos de Medicina, é responsável por introduzir a iniciativa no campus da UFSM, oferecendo mais uma opção para a comunidade e facilitando o acesso para quem reside em Camobi.

OS ENCONTROS

O projeto terá quatro encontros, realizados uma vez por semana, com duração de 1h, em média. Inicialmente, a ideia é atender uma turma de 10 a 15 participantes, que serão auxiliados por dois alunos, junto da professora coordenadora. A presença do paciente é imprescindível, já que o momento contará com a exibição de materiais expositivos e informativos, orientação individualizada, e, eventualmente, troca de experiências entre os participantes. Um dos objetivos do projeto é manter o contato com os participantes, através de grupos criados em aplicativos de mensagem para oferecer o acompanhamento necessário.

A estudante do 4º semestre de Medicina Ana Beatriz de Paula Barreto, de 23 anos, foi uma das responsáveis pela ideia de iniciar o projeto. A proposta surgiu quando ela participou, em 2021, em um evento realizado pela Liga de Medicina de Família e Comunidade em parceria com o Education Against Tobacco (EAT), uma rede mundial, conduzida por médicos e estudantes de Medicina, e que atualmente desenvolve ações em mais de 40 escolas médicas, distribuídas em nove países. 

O programa segue as instruções da cartilha Deixando de Fumar Sem Mistérios, que prevê um número exato de encontros. Porém, segundo Ana, isso não impede que alterações no cronograma sejam feitas. Tudo será avaliado no final do tratamento, em uma avaliação individual de cada paciente, para definir o parecer de cada um.

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MEDICAMENTO VIA SUS

O programa conta com a prescrição de medicação, que auxilia o processo. A equipe do Deixando de Fumar sem Mistérios fica responsável por avaliar cada caso individualmente, a partir das peculiaridades de cada paciente. Pode ser feita a administração do uso de nicotina, em forma de adesivos, sem os malefícios de todos os outros componentes do cigarro, ajudando a reduzir a necessidade de nicotina ao longo do tempo. Além dessa possibilidade, medicação de uso oral também será disponibilizada, tudo depende da avaliação individual.

A retirada da medicação poderá ser realizada na Farmácia Escola, organização do Centro de Ciências da Saúde da UFSM, que possui convênio com o programa de combate ao tabagismo do município. Os alunos de farmácia que realizam estágio no local também terão participação no projeto, oferecendo auxílio à respeito das medicações prescritas.

COMO PARTICIPAR

No momento, o projeto está em fase de estruturação, definindo metodologias e treinando os alunos responsáveis pela mediação dos grupos. Além disso, uma consulta inicial será realizada com os participantes antes mesmo da primeira reunião. Nesse primeiro contato, será realizado um teste que mede o grau de dependência à nicotina através de perguntas sobre o cotidiano do paciente, o Teste de Fagerström. O plano de expandir o projeto já está sendo debatido pela equipe, que, futuramente, espera ampliar o número de alunos voluntários e permitir a participação de alunos de outros cursos.

As informações e datas serão divulgadas através do Instagram do grupo, onde será disponibilizada uma lista para os interessados. Também será feito o contato com as pessoas que já haviam demonstrado interesse em outros projetos com a mesma vertente e ficaram na lista de espera.

Para aqueles que possuem dúvidas ou interesse para participar do projeto, o e-mail [email protected] está disponível para contato. O objetivo é iniciar as atividades em junho. O local dos encontros será na UFSM e a divulgação do prédio será feita em breve.

*Vitória Parise 

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