Valdo BarcelosProfessor e escritor-UFSM
O tema da educação, com certeza, ocupa espaço significativo nas preocupações das pessoas. E me refiro aqui às pessoas que se preocupam sincera e generosamente com a educação. Sim, pois estamos acostumados(as) a ver em determinados momentos muitos(as) oportunistas assumirem o discurso de que a educação é uma prioridade, que a escola é atividade essencial, blá, blá, blá.
Cabe perguntar: se tantos(as) se dedicam a esse tema, como então ainda avançamos tão pouco no sentido de entender algumas questões básicas da educação das pessoas a ponto de, em países como o Brasil, termos índices tão baixos de aprendizado e, consequentemente, uma educação de qualidade tão baixa? Importante ressaltar que temos no Brasil instituições de Ensino Superior de qualidade reconhecida nacional e internacionalmente. Nessas instituições temos departamentos que abrigam pesquisadores(as) da educação reconhecidos nacional e internacionalmente.
Vários pesquisadores (as) da educação já arriscaram algumas repostas para esse cenário tão desfavorável na educação brasileira. Darcy Ribeiro (1922-1997), não se cansava de criticar seus colegas pesquisadores(as) brasileiros que adoravam fazer suas Teses no estrangeiro e voltar ao Brasil para ficar colocando “virgulas e poréns” nos textos de além-mar. O patrono da educação brasileira, Paulo Freire (1921-1997), alertava sobre a prática tão comum de copiarmos modelos para a educação brasileira que não só não observavam nossas peculiaridades culturais como, não raro, já estavam abandonados nesses países.
Diga-se, uma atitude típica do intelectual colonizado e subalterno. O educador Antônio Cândido (1918-2017) alertava que esse tipo de intelectual fazia careira fácil em nossos espaços acadêmicos. Concordo com esses pesquisadores, mas penso que a resposta tem alguns outros ingredientes que passaram despercebidos de nós ao longo de gerações.
Um desses aspectos é o fato de que, por diferentes motivações, deixamos fora de nossas pesquisas em Ciências Socais em geral e na Educação, em particular, algo que considero fundamental. Refiro-me a termos buscado entender a educação sem levar em consideração a dimensão biológica dos seres humanos.
As ciências sociais já esmiuçaram a condição humana até as filigranas. A questão é que elas não explicaram – porque não entenderam – por que temos uma natureza humana biológica e não outra entre as tantas que poderíamos ter adotado. A tarefa de entender a educação é algo complexo e importante demais para ser deixado a cargo apenas das ditas humanidades. Ciências e humanidades são distintas, porém, complementares. Nunca é tarde para mudarmos de rumo.
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