plural

PLURAL: os textos de Suelen Aires Gonçalves e Silvana Maldaner

  • Não pense em me matar
    Suelen Aires Gonçalves
    Socióloga e professora universitária

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    Nesta semana, trago um tema estratégico e urgente para o debate público em nossa sociedade. Estaremos tratando do lançamento da campanha do "Levante Feminista contra os Feminicídios".A iniciativa tem como objetivo conscientizar a população do grave crime contra a vida das mulheres e construir ações e transformações para com essa triste realidade. Nosso foco é a campanha #NemPenseEmMeMatar, que, nos próximos anos, discutirá a temática e estará em busca de articulações da sociedade civil para com o enfrentamento dos crimes de feminicídio em território nacional.

    Apresento, também, alguns fragmentos da carta "Manifesto" e, nas próximas edições, iremos trabalhar os demais eixos de ação para que a população santa-mariense e da região tenha a oportunidade de conhecer o "Levante Feminista contra os Feminicídios" bem como, possa articular ações no enfrentamento à violência letal contra mulheres. 

    "Nós, mulheres feministas brasileiras, negras, indígenas, pardas, brancas, quilombolas, periféricas, convivendo com deficiências, lésbicas, bissexuais, cis e trans, das cidades, do campo, das águas e das florestas, nós, mulheres mães, parteiras tradicionais, trabalhadoras precarizadas, hiperexploradas e desempregadas, nos levantamos,em um ato de revolta, contra o feminicídio no Brasil e exigimos seu fim".

    ÍNDICES ASSUSTADORES

    A luta contra os assassinatos de mulheres não é recente, porém, os crimes estão tomando maiores proporções desde 2016, com o fim das políticas públicas para as mulheres a nível de governo federal, com a extinção da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM). Com o avanço da cultura do ódio às mulheres, a prática do feminicídio criada pelo patriarcado nunca esteve tão ostensiva e extremista. 

    Estamos diante de um cenário com índices assustadores. Somente no primeiro semestre de 2020, foram mortas 648 mulheres brasileiras, a maioria negras e vivendo em duríssima desigualdade social. Os feminicidas são homens que não admitem a autonomia, a igualdade e a liberdade das mulheres. Reproduzem a violência física, psicológica, moral, sexual e patrimonial contra mulheres e seus filhos até o extremo, que é o ato do feminicídio. A articulação do "Levante Feminista contra os Feminicídios" luta pelo fim da violência promovida pela cultura feminicida patriarcal, racista e capacitista.

    #NemPenseEmMeMatar

    #NemPenseEmNosMatar

    #QuemMataUmaMulherMataaHumanidade


    *Este artigo foi originalmente publicado na página 20 da edição de quinta-feira, 25 de março de 2021.

    20 milhões de mães solteiras
    Silvana Maldaner
    Editora de revista

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    Parabenizo de coração todos os homens que são pais na plenitude. Que descobriram o prazer em compartilhar conhecimentos, aventuras e sonhos com seus filhos. Afinal, quando nasce um filho, nasce também um pai. Sem manual de instrução. O guia é o amor, a intuição, a perseverança, a vontade de fazer o melhor e os costumes que aprendeu em casa. 

    Temos vários modelos de pai. Tem o pai que sustenta, o pai que educa, o pai que reclama. O pai que é pai e mãe também. E tem o pai ausente. 

    Segundo os últimos dados levantados pelo IBGE, mais de 20 milhões de mulheres são mães solteiras no Brasil. Mais de 5,5 milhões de crianças não tem o nome do pai na certidão de nascimento. Mais de 40% das famílias são chefiadas por mulheres.

    E ainda não está contabilizada a figura do pai que só paga pensão, ou aquele acha que seu único papel é pagar as contas. Ainda justificam que se matam trabalhando para dar tudo aos filhos. Dar comida, escola, vestuário e presentes caros, não compensa a falta de amor, atenção, tempo, exemplo, diálogos longos, conversas abertas, programas familiares. 

    Infelizmente, em pleno século 21 presenciamos em todas as classes sociais o abandono afetivo, o desprezo e a violência familiar. Talvez seja o reflexo de relacionamentos desastrosos. Da banalização da família, e do estímulo constante do sexo sem compromisso, principalmente entre adolescentes que ainda não possuem maturidade. A consequência disto, é a proliferação da violência, do uso das drogas nas ruas, da desistência escolar e, principalmente, aumento da pobreza.

    Também presenciamos famílias afortunadas em que o dinheiro substitui qualquer tipo de afeto. Praticamente tudo acontece na base da chantagem, da troca, do comércio e no pagamento de terapia com psicólogos e psiquiatras que tentam tratar as carências e frustrações sofridas e vividas no ambiente familiar.

    Acho muito triste, apesar de ver famílias valorosas se ajudando. Avós, tios e até vizinhos que assumem o papel dos pais. Mães que são verdadeiras heroínas que conseguem trabalhar o dia todo, muitas vezes em 2 ou 3 empregos para sustentar os filhos sozinhas. 

    O amor consegue curar tudo. Suprir todas as dificuldades. Vencer barreiras. Superar limitações. E a falta dele consegue arruinar tudo.

    Enquanto houver estímulo para uma desconstrução da família, neste país do funk, uma infinidade de crianças continuará sendo largada no mundo como um produto do acaso, do azar ou dos infortúnios da vida. Negar os filhos é negar a própria existência


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