A pesquisa, que deve ser publicada na edição de dezembro de uma revista científica editada pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC), foi desenvolvida pela Fiocruz Pernambuco e pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde do Estado (Cevs RS), com a participação de instituições gaúchas como a Universidade do Vale do Rio dos Sinos, a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre e a Universidade Feevale, e internacionais como a Bernhard Nocht Institute for Tropical Medicine, na Alemanda.
Análise
Entre os pesquisadores, estão os especialistas da Secretaria Estadual da Saúde (SES) Richard Steiner Salvato, Regina Bones Barcellos e Letícia Ikeda. Segundo Salvato, a pesquisa tem como base o caso de duas enfermeiras que desenvolveram a doença cinco dias após atender a um paciente em casa para coleta de material e diagnóstico da doença. Os cuidados adotados no atendimento estavam seguiram as normas estabelecidas, que indicam inclusive o uso de luvas no momento da coleta da amostra.
Também foi feita uma entrevista epidemiológica com as profissionais, tentando reconstruir o trajeto delas desde a chegada na casa do paciente e à interação com ele. A conclusão apontada é que as enfermeiras podem ter se contaminado pelo contato com superfícies infectadas da casa desse paciente. Há também a possibilidade de terem se contaminado ao manusear a caixa de transporte das amostras, de início com as luvas (infectadas) e, posteriormente, sem luvas.
Para Regina, trata-se de um resultado de grande relevância.– Nossos resultados levantam um alerta para essa via de transmissão e recomendam cuidados para minimizar esse risco – afirma a especialista.
Os autores recomendam medidas de prevenção e bloqueio dessa rota de transmissão, que envolvem treinamento específico para essa coleta, implementação de medidas de controle, higienização frequente das mãos e utilização correta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). O uso das luvas é recomendado durante todo o período de visita a pacientes, contato com pessoas suspeitas de estarem infectadas e com ambiente/objetos de uso pessoal.
A higienização das superfícies com desinfetante efetivo contra outros patógenos (como norovírus, rotavírus e adenovírus) e a vacinação dos grupos de alto risco, incluindo os profissionais de saúde que atuam na linha de frente dessa doença, são outras medidas apontadas pelo grupo.
Cenário
Conforme o boletim da SES, publicado nesta segunda-feira (17), 245 casos de varíola do macaco foram confirmados, em 38 municípios, e 202 seguem em investigação no laboratório. Apesar de receber notificações, Santa Maria só tem um caso confirmado da doença até o momento, divulgado no dia 27 de agosto.
*com informações da SES
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