Dia Nacional de Combate ao Fumo

Parar de fumar exige muita força de vontade

Thays Ceretta

Largar um hábito não é uma tarefa fácil, ainda mais quando esse hábito se torna um vício. Para os fumantes, deixar o cigarro de lado é difícil por uma razão muito simples: fumar causa bem estar ao dependente.

A nicotina, substância presente em drogas derivada do tabaco, se liga imediatamente a áreas do cérebro e associadas à sensação de prazer causa uma reação que faz o fumante buscar novamente por essa sensação. Por sentir prazer, a pessoa procura o cigarro em situações de estresse, para "relaxar". Mas nada é mais eficaz no combate ao vício do que a força de vontade. 

Hoje, dia 29 e agosto é celebrado, no Brasil o Dia Nacional de Combate ao Fumo, a data instituída em 1986 pela lei nº 7488, que foi criada com o objetivo de conscientizar e mobilizar a população sobre os riscos decorrentes do uso do cigarro. O tabagismo é considerado uma doença que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mata quase seis milhões de pessoas por ano, sendo que cerca de 200 mil são vítimas do cigarro no país. O cigarro possui mais de 5 mil substâncias tóxicas que causam alergias, intoxicações, impotência, doenças cardíacas e vários tipos de câncer. Além disso, é inimigo também da pele. 

Conforme a dermatologista Paola Marina Müller, a nicotina provoca uma contração dos vasos sanguíneos, diminuindo o fluxo de sangue, oxigênio e nutrientes para as células, o que resulta em diminuição da síntese de colágeno e lesão das fibras elásticas que sustentam a pele. Isso traz algumas consequências como o envelhecimento precoce, dificuldade de cicatrização, além de aumentar o risco de algumas doenças como o câncer de pele, sendo o câncer de boca o mais comum. Os sinais de envelhecimento precoce mais comuns são: rugas de expressão mais evidentes, principalmente ao redor da boca, flacidez, olheiras profundas, coloração amarelo-acinzentada, pálida e sem viço.

_ Quanto maior a quantidade e o tempo de uso do cigarro, piores serão os efeitos para a pele. Se o tempo de uso for pequeno, os efeitos podem ser mais facilmente reversíveis. Porém, o tempo de uso prolongado leva a sinais mais evidentes de envelhecimento. Nesses casos serão necessários muitos tratamentos para amenizar o problema_ pondera a dermatologista.

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Para amenizar os danos causados pelo cigarro e prevenir novos danos deve ser incentivada a interrupção do tabagismo. O que não é imediato, mas existem tratamentos dermatológicos que podem amenizar como o uso de cremes a base de ácido retinóico, vitamina C, aplicações de toxina botulínica, preenchimentos, peelings químicos e laser. Esses tratamentos terão um melhor resultado apenas após a interrupção do tabagismo, o dermatologista irá avaliar qual o tratamento mais adequado para cada paciente. A dermatologista explica ainda que para quem ainda não conseguiu interromper o tabagismo, recomenda-se evitar a exposição ao sol e usar sempre filtro solar, já que a exposição ao sol associada ao cigarro potencializa os danos causados à pele.

Conforme o pneumologista Gustavo Trindade Michel, o tabagismo é uma doença crônica que pode ser evitada, as campanhas são importantes para informar quem é dependente e também quem não fuma. O tabagismo pode causar doenças respiratórias, cardiovasculares e tumores e não somente de pulmão, mas ainda de esôfago, bexiga e intestino.

_ As tentativas de parar de fumar são válidas, com força de vontade muita gente até consegue, mas dependendo do nível de dependência uma abordagem multidisciplinar é mais eficaz e necessária. É preciso fazer uma avaliação com um médico, que inclusive pode ser no posto de saúde, para então ter um diagnóstico completo. Não adianta só tomar remédio, às vezes não é tão simples assim_ salienta.

O médico comenta ainda que o tabagismo em mulheres está quase equilibrado que em homens.

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Volta por cima

Querer parar de fumar é o início de tudo. O auxiliar administrativo, Paulo Brilhante Filho, 57 anos, decidiu mudar de hábito. Ele conta que fumou durante 30 anos e quando decidiu parar, enfrentou um longo caminho, nos dois últimos anos, chegou a fumar de três a quatro carteiras de cigarro por dia, depois, foi parando gradativamente,

_  Já faz 10 anos que parei de fumar, foi uma decisão exclusiva minha, acho que até foi um aviso. Em novembro do ano passado apareceu um câncer na bexiga, já retirei e estou em tratamento. Além disso, tive três infartos em 26 horas, tudo causado pelo tabagismo _ comenta.

Paulo disse ainda que trocou o cigarro pela água, cada vez que sentia vontade de fumar, tomava o líquido, hoje ele reconhece que fez uma boa troca e que passa a maior parte do dia cheiroso.

O mau cheiro e o mau hálito era algo que também incomodavam a cabeleireira e maquiadora Francine Vieira, 28 anos. Ela lembra que começou a fumar no ensino médio de brincadeira. Por seis anos, fumou ¿escondido¿, o cigarro era uma forma de relaxar e liberar o estresse do dia-a-dia. Depois de fazer uma promessa e realizar o desejo, largou o vício.

_No começo não foi fácil, já faz 2 anos e meio que não fumo e não me arrependo. Tomava bastante água, chupava bala e tomei remédio por um tempo. Tem que ter muita força de vontade, não é impossível parar de fumar _ salienta. 

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Husm ajuda pacientes a abandonar o hábito de fumar

Com intuito de ajudar quem quer abandonar o uso do cigarro, o Serviço de Pneumologia do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM) criou o Grupo de Controle e Cessação de Tabagismo (GCCT). O projeto piloto está atendendo a primeira turma de 12 pacientes que já estão em atendimento no ambulatório de pneumologia. O grupo de apoio conta com atendimento multiprofissional: médico, enfermeira, fisioterapeuta, educador físico, nutricionista e psicólogo. Ao todo são 12 encontros: os quatro primeiros preveem sessões semanais, nas sextas-feiras, e seguem a metodologia do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). Os pacientes encaminhados são submetidos a avaliação completa: consulta médica, exames de imagem e função pulmonar, recebem orientação na primeira consulta, tratamento para as patologias associadas e posteriormente são encaminhados ao grupo

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SAIBA MAIS: 

Nicotina -  diminui o tamanho das artérias, responsáveis em levar o sangue até o músculo, gerando um desempenho muscular bem menor, além de aumentar os batimentos cardíacos. O principal problema é a presença da nicotina, essa substância, altamente viciante, ativa uma série de neurotransmissores que dão uma sensação de prazer é por isso que muitas pessoas fumam quando estão ansiosas ou depressivas.

Alcatrão -  diminui a elasticidade do pulmão; o monóxido de carbono, que compete com o oxigênio, por isso que o indivíduo que fuma possui falta de ar com frequência. Está presente no cigarro e na fumaça, assim, ele pode ser o fator que relaciona o hábito de fumar com o câncer de pulmão, laringe e de boca.

A dependência da nicotina é muito complexa, e seu tratamento requer um autoconhecimento das razões que fazem cada pessoa fumar, orientações sobre como parar de fumar, como resistir à vontade de fumar e, principalmente, como viver sem cigarro

Fonte: INCA – Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva 

AÇÕES ESTÃO PREVISTAS NO DIA NACIONAL DE COMBATE AO FUMO

A Prefeitura de Santa Maria, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, realizará, hoje, na Praça Saldanha Marinho, a distribuição de material informativo sobre os impactos gerados pelo tabagismo. O Grupo de Política de Combate ao Tabagismo de Santa Maria será responsável por realizar a ação, além de orientar e conscientizar a população sobre os riscos do tabaco. A ação ocorre das 9h às 12h e das 14h às 17h, em alusão ao Dia Mundial de Combate ao Fumo.

O Grupo de Controle e Cessação de Tabagismo (GCCT) do Hospital Universitário de Santa Maria também está organizando uma ação em frente ao complexo para chamar atenção de quem fuma. No evento simbólico para marcar a data, vão ser disponibilizadas informações e orientações sobre os malefícios do cigarro. A atividade ocorrerá das 9h às 12h. Quem for no local será convidado para trocar a carteira de cigarro por uma planta.  



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