“PMDB – Partido sem definição política, sem identidade ideológica, sem autenticidade partidária e sem um programa de ajuda ao país (o único programa conhecido é o do casuísmo, do oportunismo e do adesismo incondicional).
Não constitui nenhum segredo que o PMDB sempre revelou uma incontrolável vocação para aderir a quem estiver no poder, não tendo nenhuma importância se o grupo governante empunha a bandeira da esquerda, da direita, do centro, de cima, de baixo ou da Cochinchina.”
Essa definição não pertence a mim, é do delegado da polícia federal Geraldo José Chaves. Não encontrei outra melhor!
Desde o início, o PMDB foi isso. Seu adesismo começou quando ainda éramos MDB. Quando a ditadura acabou com os partidos tradicionais e criou a Arena e o MDB, pouca gente tinha coragem de pertencer ao MDB. Aqui em Santa Maria, a caro custo, conseguimos 130 assinaturas para iniciar a formação do partido. Só aqueles trabalhistas “de cruz na testa” é que tiveram coragem para tanto. Mas o povo quieto e mudo sabia onde pisava. Na primeira eleição para prefeito, em 1968, o MDB elegeu o prefeito de Santa Maria. Nos anos 70, o partido foi crescendo, mercê da resistência à ditadura. Chegamos a eleger 16 governadores num total de 22 Estados. Então, aí, começou o “adesismo”. Foram saindo, sorrateiramente, da Arena e vindo para o MDB, os “muristas” também.
Em 1979, com a extinção da Arena e do MDB, foram formados os novos partidos. Quem era trabalhista, logo formou o novo PTB, depois PDT. Quem era a favor do extinto governo, formou o PDS, que era o antigo PSD. Mas os adesistas, casuístas, “muralistas” e que tais, astutamente, colocaram um P na frente, passaram a se dizer os verdadeiros herdeiros do MDB. Havia os bem-intencionados, patriotas e honestos, mas eram uma minoria dentro da cúpula do partido. A base partidária, bem-intencionada, nem sabe desses malabarismos.
Aí, começou a saga da institucionalização da corrupção. O que antes era pontual e raro, passou a ser comportamental e constante. Com Eliseu Padilha no Ministério dos Transportes, a arrecadação de propinas destinadas à sustentação partidária foi institucionalizada. Lula perdeu três eleições combatendo à corrupção e denunciando os “malfeitos”. Só depois que resolveu mudar, com a carta ao povo brasileiro e comprometimento com a FIESP, é que conseguiu se eleger. Com a adesão da base peemedebista, copiou o modelo, com superação. Veio o “mensalão” e, com ele, o projeto de perpetuação no poder. Sob o comando de José Dirceu, começou a ser institucionalizada a corrupção, que, agora, está exposta nas investigações da Lava-Jato. Digo isso não para isentar o Lula, que sabia de tudo e era o chefe do governo.
OPINIÃO: Todos por um mundo melhor
Esse modelo corrupto, que tem pai e mãe, se espalhou como erva daninha e hoje infesta os partidos, a tal ponto que existem partidos sem ideologia e programa de governo, que se anunciam como de anticorrupção e de mãos limpas...
Só uma nova constituinte, com representação classista, e não continuísta, será possível dar um “reset” e começar tudo de novo. Com os deputados atuais, e mesmo com novas eleições feitas pelo modelo eleitoral vigente, não conseguiremos mudanças substanciais que venham redimir nosso povo desse descalabro em que nos encontramos.