O Rio Grande do Sul está quebrado, isso ninguém nega. Mas não é de agora, e muito menos foi de surpresa. Pelo contrário, quem assumiu o seu comando utilizou muito essa realidade para entrar no Palácio. E foi justamente para isso que foi eleito, para resolver, ou, ao menos, melhorar a situação, porque quem senta na cadeira sabe que pega para si tal responsabilidade.
Qualquer gestor, ao aceitar um contrato de risco, deve prever as dificuldades inerentes à administração, e, consequentemente, tem a obrigação de montar uma estratégia antes de assumir o cargo.
Até uma microempresa, por mais humilde que seja, quando troca o comando, tem a esperança renovada, e ganha um crédito extra, interna e externamente, que deve ser bem utilizado.
É a faixa “sob nova direção” que dá essa margem. Justamente o tempo necessário às mudanças estruturais e organizacionais exigidas, e que pelo desgaste natural, limitação temporal, ou qualquer outro motivo, não foram efetivadas na gestão anterior.
Ninguém imagina que o novo gestor permanecerá gritando aos ventos que a situação é ruim, que o administrador anterior era ruim, e que o que está sendo feito é o máximo, uma vez que em gestão nunca há máximo, mas meta e resultado. Não há o “meu melhor”, mas apenas o “melhor”, objetivamente considerado. E a pergunta é: está melhor?
Criar caixa é fazer sobrar algo entre a receita e a despesa. Sim, é isso. Porém, por óbvio, esse lastro não pode vir do não pagamento de contas, pura e simplesmente, porque isso gera uma situação absolutamente insustentável. Uma “melhora” fantasiosa.
Deixar de pagar salários, parar com investimentos e dar entrevistas com aula de matemática não me parecem ações propositivas, e muito menos eficazes, no sentido da melhora da saúde financeira do Estado.
São paliativas e retóricas, diga-se, bem desgastadas, quase enfadonhas, repetidas diariamente, e sem qualquer vínculo com uma tática clara de resolução.
Tudo agravado pelo fato de que há apoio da Assembleia, o que mata na origem a desculpa de plantão, de que o Executivo quer resolver, mas o Legislativo emperra.
Então o que é? O que tem impedido métodos eficazes de gestão? Muitos correriam para termos como incompetência ou até para teorias conspiratórias em face do funcionário público.
Não há a necessidade de ir tão longe. O discurso era vazio, o governo é vazio, como a maioria dos discursos e governos anteriores eram vazios. O nosso Rio Grande está oco de política e de gestão. Estamos empobrecendo silenciosamente, de quatro em quatro anos, com soluções de continuidade catastróficas, eivadas de vaidade e egoísmo político. Gestões de meta única – a reeleição, que, aliás, nunca vem.
Difícil admitir um Estado como o nosso na “baga” da competição dos estropiados. Mas, sim, somos hoje o ruim entre os ruins, algo impensável há duas décadas. E o pior, seguindo firme, a trote.