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OPINIÃO: Educador, onde está?

Carmen Andrade

Participei de uma reunião em Brasília em que se discutiam reformulações curriculares das licenciaturas e da educação básica, e voltei pensando que, quando se pensa nesta temática, vale arguir sobre o papel exercido pela educação na sociedade, sobre a falta de clareza da função do educador e na problemática surgida nas reuniões para redefinição dos cursos em suas diferentes habilitações.

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Ao visualizar o profissiograma de nossos acadêmicos para sentir quem estamos formando, fica-se a questionar: será um profissional de educação especialista em conteúdo? Será um facilitador da aprendizagem? Um organizador das condições de aprendizagem? Ou um educador?

Em pesquisa comparativa feita nos anos 2015/2016 com pais, alunos e professores, de Instituições de Ensino Superior, particular e federal, de Santa Maria e Porto Alegre, das 1500 entrevistas concluiu-se que o professor é conceituado como um profissional: atualizado, preocupado com o produto final de seu trabalho, transmissor de conhecimentos, responsável pela mudança social, e aquele que deve suscitar todas potencialidades dos alunos. 

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Para uma segunda questão, de como o professor deveria ser, as respostas foram: ser atualizado no sentido de qualificado e especializado, ser competente, considerar a vivência do aluno e ser responsável. Como principais problemas na atuação do professor, encontramos: falta de atualização, teoria dissociada da prática e má remuneração.

A partir da interpretação deste tripé (o que é, o que deveria ser o problema da atuação) questiona-se: será que os professores que estão atuando na formação de professores fazem o que pensam ou apenas pensam que fazem? Será que ainda continuam atrelados à ética religiosa cristã clássica, indicadora da “intenção” como moralidade de toda a ação? Quem habita a casa da interioridade: o professor ou o educador? E a casa da racionalidade?

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Se o próprio professor não tem clareza da sua função de educador, se reconhece a autonomia da instituição e fantasia o “profissiograma” do professor com aquilo que poderia ou deveria ser se não tivesse sido condicionado pela escola, como saber se está ligado à função ou a atribuição, a produção, ao salário, ao livro-ponto, ao cargo, ao projeto, ao relatório... Afinal, quem está se encarregando desta coisa imponderável que é chamada educação?

Aqui está a chave do problema: se não se dispõe de critérios para “pensar institucionalmente a educação”, como pensar o educador? Como pensar na passagem do professor para o educador? Será que numa sociedade que considera mais a produção vai ter lugar para a humanização, para a intenção, para a afetividade, para o amor?

Por analogia, formar educador é plantar nozes para colher daqui a 50 anos, quando já se decidiu que plantando chuchu pode-se colher em 6 meses.

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