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OPINIÃO: Capitalismo consciente

Eduardo Rolim

“Há tempos acredito que as empresas têm a responsabilidade de buscar o equilíbrio entre a lucratividade e a consciência social, ainda que poucos líderes saibam como fazer isso.” Howard Schultz, presidente e CEO do Starbucks.

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Foto: Arte / Diário de Santa Maria

Empresas como o Google, a Southwest Airlines, o Whole Foods Market, a Costco, a Patagonia, a The Container Store, a USP, todas elas incorporaram em sua gestão alguns aspectos construtivos e promissores do capitalismo, atuando de maneira a criar valor não só para si mesmas, mas também para seus clientes, funcionários, fornecedores, investidores, a comunidade e o meio ambiente.

“Toda empresa tem uma hipoteca social”, frase de João XXIII.

OPINIÃO: Mais amor, por favor!

Alberto Pasqualini pregava essa proposta há 60 anos. Ele dizia mais: “A empresa só se justifica pelo seu alcance social. Empreendimentos que só visassem o lucro, numa situação de locupletação dentro da organização social, não seriam aceitáveis por imorais e antiéticos. As empresas seriam responsáveis pelo bem-estar de seus empregados, retribuindo com um mínimo de solidariedade humana aos seus servidores. Isso implica no reconhecimento ao valor do trabalho, sem o qual o capital não progride. Um cofre abarrotado de ouro no meio de um deserto para nada serve. Seu proprietário, certamente, morrerá de sede e fome se não encontrar a solidariedade humana. Pela livre iniciativa, poderá aplicar aquela fortuna num empreendimento que lhe dê lucros e satisfação do dever cumprido. Para isso, terá que se inserir num grupamento social onde possa realizar seus projetos. Ainda, contudo, nada fará se não obtiver o concurso solidário do trabalho.

O trabalhador deve sentir-se participante do empreendimento, bem pago e bem protegido pelas leis sociais. Seu trabalho, tanto quanto o capital investido, deve lhe proporcionar satisfação, bem-estar e ascensão socioeconômica. A empresa que vai bem economicamente, e não atende ao bem-estar de seus empregados, é antissocial e deveria ser penalizada pelo Estado, dentro de uma organização humanamente ética e solidária.

OPINIÃO: O que move a crise

A participação nos lucros da empresa deveria ser equitativa: 50% ao capital e 50% ao trabalho. Um não vive sem o outro. 

Nos últimos 100 anos, assistimos ao embate ideológico dos pensadores e políticos que se preocupam com a distância imoral existente entre a hegemonia do capital e a situação de inferioridade do trabalho, caracterizando uma exploração do homem pelo próprio homem.

Lentamente, as ideias sociais estão emergindo do lodo a que foram jogadas pela propaganda do capitalismo hegemônico e egoísta. Estamos assistindo à grande preocupação com o social, demonstrada por empresários do porte de um Bill Gates, que reconhecem o dever de solidariedade com o grupamento social que lhe proporciona lucros tão fabulosos.

Ainda está faltando, no entanto, que essas iniciativas humanizadoras sejam institucionalizadas, para regrar toda a sociedade e protegê-la daqueles indivíduos radicais, que teimam, egoisticamente, em locupletar-se da vantagem de serem mais agressivos num meio ambiente indefeso pelas desvantagens de uma educação deficiente e uma intoxicação midiática adversa. 


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