Artigo

OPINIÃO: Ainda é tempo

Péricles Lamartine da Costa

Alguém disse, não sei se o adágio, algum escritor, pensador, ou mero articulista, que a maneira mais inteligente de aprender é pela observação dos erros alheios. Isso é história, acho, eu, a mãe de todas as ciências.

Quem observa, antevê. 

Não é necessário, assim, dom messiânico ou poder de adivinhação para saber do futuro de uma cidade, por exemplo. Mero compulsar de fatos ocorridos pouco antes, em comunas maiores, faz com que se possa projetar o que vem pela frente.

OPINIÃO: Ali Babá e os 513...

Já tem quase um ano que eu tornei ao centro de Santa Maria com minha vida profissional, o que tem me feito andar pelo seu núcleo sempre populoso, agitado, corrido, movimentado.

Por lealdade com meus conterrâneos, devo confessar que me desagrada a nuance hostil que tenho visto, mas de que já havia ouvido falar, que permeia a região do município pela qual, todos, passamos em um momento ou outro.

OPINIÃO: Uma previdência social para poucos

Já ouvira dizer de que há um calçadão durante o dia, e outro pela noite, onde convém não convém passar sob pena de assalto, para dizer o mínimo, tendo em conta que até homicídios já ocorreram, ao menos, em suas adjacências. Relatos deram, e dão conta de que, uma vez baixadas as portas de ferro do comércio, instaura-se a completa insegurança.

Esse processo de perecimento da convivência do cidadão com o centro de sua cidade já se deu em Porto Alegre e São Paulo, por exemplo, com as consequências sociais e ate financeiras que todos sabemos nefastas. Ele se principiou exatamente assim, pela noturna anarquia e desmando, até alcançar os estágios praticamente irreversíveis em que se encontram.

OPINIÃO: Que saudade pungente do mistério dos quintais...

Para minha tristeza, a história, os exemplos, como dizia, e o que tenho visto, não me proporcionam otimismo ou mero alento.

Aqui, mesmo durante o dia, já se pode perceber a juventude, sem qualquer tutela estatal, social, comunitária, familiar, o que seja, no pior dos exercícios para a mente humana, logo, o ócio.

Fosse a inatividade e a inércia cândidas e desinteressadas, até nem mereceriam registro. Mas não. 

Lateja ali o germe da delinquência, peculiar a uma juventude que está, em verdade, não contemplando ou aproveitando o centro da sua cidade, mas jogada ao sabor do vadear sem qualquer perspectiva de progresso intelectual, moral, social ou financeiro pela produção.

Algum dos senhores ou das senhoras pode até pensar que me porto preconceituosamente em relação a determinados grupos que ocupam setores ou vagam sem destino pelo centro de Santa Maria, já mesmo à luz do dia. É direito seu, mas injustiça comigo.

Só estou me reportando aos exemplos dos outros centros, das outras cidades onde tudo começou exatamente da maneira que lhes relato e cujas realidades são palpáveis por qualquer um que lá vá.

A única diferença entre aquelas cidades e a nossa, é a de que ainda temos um pouquinho de tempo. Seria de bom alvitre agir...


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