Foto: Bruno Miolo
O primeiro implante da lente intraocular RayOne Galaxy no Brasil foi realizado pelo oftalmologista santa-mariense Gustavo Hüning no último fim de semana, São José do Rio Preto. O procedimento durou menos de 10 minutos e, após o retorno da paciente, foi constatado que sua visão estava 100% em ambos os olhos. Gustavo atua em Santa Maria ao lado dos irmãos, Arthur e Affonso.
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A RayOne Galaxy foi desenvolvida pela empresa britânica Rayner, a partir da ideia de um oftalmologista de Alagoas. A tecnologia se diferencia das lentes trifocais convencionais por ter um desenho em espiral, em vez de anéis concêntricos. Isso permite maior sensibilidade ao contraste, com menor perda de luz, além de ampliar a indicação a pacientes que normalmente não poderiam utilizar lentes trifocais, como aqueles com olho seco, alterações de retina ou histórico de cirurgia refrativa. Com a RayOne Galaxy, esses pacientes passam a ter uma nova opção de tratamento.
– Nas lentes tradicionais, como a trifocal, a luz se divide em três e isso naturalmente reduz o contraste. Já essa lente nova, com o desenho espiralado, não divide a luz da mesma forma, e isso resulta em maior nitidez. Os estudos mostram uma sensibilidade melhor ao contraste e menos perda de energia – explica.

De acordo com Hüning, a inovação pode representar mais conforto visual e menor incidência de halos noturnos – círculos brilhantes que algumas pessoas percebem ao redor de fontes de luz, que são comuns em outras lentes. O médico destaca que o implante representa uma nova alternativa, especialmente para perfis com contraindicações a tecnologias anteriores:
– Hoje em dia, com os novos exames, a precisão aumentou tanto que nós estamos operando as pessoas antes de terem catarata, naqueles casos em que as pessoas têm graus altos. Nós antecipamos e, podemos até tornar essa pessoa mais independente dos óculos. Na maioria das vezes ela fica totalmente independente.
Pioneirismo
A oportunidade de trazer o implante para o Brasil surgiu a partir do contato direto de Hüring com a fabricante durante o Congresso Brasileiro de Catarata e Cirurgia Refrativa, realizado em maio deste ano, do qual o oftalmologista foi um dos presidentes. Na ocasião, uma das salas do evento recebeu o nome de Santa Maria como forma de homenagem à cidade.

O médico reforça que o procedimento inédito no Brasil ser realizado por um santa-mariense demonstra que o interior também é capaz de conduzir avanços científicos e tecnológicos na área médica. Ele defende que inovação não está restrita aos grandes centros urbanos e que o coração do Rio Grande tem estrutura e profissionais competentes para ser pioneiro em cirurgias como esta.
– Assim como nos maiores centros mundiais, isso hoje se torna acessível a qualquer pessoa, tanto as que moram aqui no interior quanto as que moram nos grandes centros. Aqui no interior também se faz ciência. A gente trabalha muito com pesquisa clínica, e somos um dos maiores do Brasil, inclusive. Não tem nada em Porto Alegre que não exista aqui na nossa clínica – finaliza.