Moradores do Bairro João Goulart pedem o fim dos alagamentos e mais iluminação

Foto: Rafael Favero (Diário)
Vários móveis de Adriane foram estragados pelos seguidos alagamentos no seu pátio. A cada chuva, a água invade a residência

A sensação de abandono toma conta da população do Bairro Presidente João Goulart, na região Nordeste de Santa Maria. Ruas esburacadas, a maioria sem asfalto, postes sem iluminação e frequentes alagamentos em períodos de chuva fazem com que os moradores do local se sintam desamparados pelo poder público.

É o caso da faxineira Adriana da Silva Cavalheiro, 35 anos, que convive há 15 anos com inundações na rua em mora. Segundo ela, toda vez que chove, o pátio é inundado pela água, que invade a residência. Adriana relata que o vizinho chegou a abrir uma valeta no pátio para dar vazão à água, mas o trabalho não surtiu efeito porque os bueiros da rua estão entupidos de terra.

- O assoalho da minha casa está estragado, está cedendo. Toda vez que chove, é um desespero. Minha geladeira estragou e tive de comprar outra. O guarda- -roupa está se desmanchando por conta da umidade - reclama.

A rua em que a faxineira mora é chamada pelos moradores de Travessa H. Várias ruas do bairro ainda não têm nome oficializado. Como se não bastassem os problemas decorrentes dos alagamentos, a rua de Adriana também tem problemas com iluminação. Os postes não têm lâmpadas e, à noite, a escuridão impera no local.

- Durante a noite, a rua é um breu. Não é só na minha rua, é na maioria - afirma Adriana.

Foto: Rafael Favero (Diário)
Poucas lixeiras e resíduos acumulados são uma reclamação da comunidade

MORADORES CLAMAM POR UMA CRECHE

Outra demanda que não partiu somente de Adriana, mas, também, de outros moradores que conversaram com a reportagem do Diário, é uma creche pública. A população de aproximadamente 6 mil pessoas, segundo dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2010, tem apenas a Associação Estação dos Ventos oferecendo oficinas e recreação para os pequenos e jovens, no turno inverso às aulas. Conforme a coordenadora da associação, Fabiana Ribeiro Machado, 45 anos, o lugar atende cerca de 60 crianças e adolescentes, dos 5 aos 16 anos:

- Nós pedimos uma contribuição para os pais, que varia de R$ 30 a R$ 50, para manter o local. Há pessoas que estão desempregadas e que trabalham voluntariamente aqui. Quando vemos que a família não pode pagar, oferecemos o serviço de graça - explica.

BURACOS

Em fevereiro de 2018, o Diário visitou o Bairro Presidente João Goulart e os problemas permanecem, praticamente, os mesmos. Segundo uma moradora que preferiu não se identificar, uma equipe da prefeitura colocou pedras nos buracos da Rua Luiz Castagna mostrados na reportagem, porém, o conserto não surtiu efeito e as pedras foram deslocadas pelas intempéries e pelo trânsito de veículos.

Foto: Rafael Favero (Diário)
Apesar de a prefeitura ter colocado pedras nos buracos da Rua Luiz Castagna, o problema voltou a aparecer

Quanto à sobrecarga de atendimentos da UBS Waldir Mozzaquattro, a coordenadora do posto de saúde, Maria Antonieta, 53 anos, diz que a demanda de consultas é grande porque a unidade atende, além do João Goulart, o Bairro Km 3. Ela informa que são feitos de 100 a 120 atendimentos de clínico geral por semana.

Até o ano passado, a UBS Waldir Mozzaquattro contava com três clínicos gerais. Atualmente, há apenas dois, pois um deles se aposentou e a reposição de vaga ainda não ocorreu. Além destes profissionais, atuam também na unidade um ginecologista e dois dentistas.

A falta de contêiners e lixeiras chama a atenção de quem passa pela região, pois é comum avistar uma grande quantidade de sujeira e lixo acumulado em terrenos baldios.

O QUE DIZ A PREFEITURA

• Sobre os alagamentos

Segundo a prefeitura, periodicamente é feita a manutenção das redes de esgoto. A prefeitura ainda destaca que a comunidade deve colaborar, não propiciando que resíduos sejam jogados na via e, consequentemente, entupam os bueiros.

• Sobre a nomenclatura das ruas

Conforme a prefeitura, o processo de regularização fundiária desse local está em curso. Existe um projeto aprovado para individualização dos lotes e para abertura de matrículas dos mesmos no Cartório de Registro de Imóveis, e também para a regularização das ruas. A questão da nomenclatura oficial é atribuição da Câmara de Vereadores.

• Sobre a creche

Segundo a prefeitura, a construção de uma creche foi cancelada pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), pois as obras não tiveram início desde 2011, prazo legal para isso.

• Sobre iluminação 

Conforme a prefeitura, uma rede de energia elétrica nova está sendo implantada para a regularização fundiária do Bairro João Goulart. Desta forma, todas as vias serão contempladas com iluminação pública.

• Sobre o lixo

Segundo a Secretaria de Meio Ambiente, existe um cronograma de limpeza nos bairros. O trabalho consiste em retirar acúmulos de resíduos das áreas públicas. Terrenos privados são fiscalizados pela Secretaria de Estruturação e Regulação Urbana (SRU). A equipe da pasta afirma também que, no Código de Posturas do município, consta que isso é obrigação do morador. Ainda conforme a secretaria, a coleta de lixo está normal no local citado, e a área não é uma região conteinerizada.

• Sobre a saúde

Quanto ao questionamento sobre os clínicos gerais que saíram da UBS Waldir Mozzaquatro, a Secretaria de Saúde informa que dois profissionais da área deixaram a unidade e apenas um foi substituído. Em relação aos atendimentos, a pasta orienta que os usuários da UBS podem buscar atendimento alternativo em outros postos, como, por exemplo, na UBS Itararé. A prefeitura afirma, ainda, que está prevista a construção de outra unidade de saúde no Bairro Km 3.

• Sobre os buracos na Rua Luiz Castagna

A prefeitura informou que as obras no local são parte do processo de regularização fundiária e que a manutenção das vias é planejada por meio de cronograma da Secretaria Infraestrutura e Serviços Públicos.

*Colaborou Rafael Favero