Coluna Vida e Saúde

Limite na infância, limite para a vida

Limite é uma palavra chave na educação dos filhos.

Significa estabelecer fronteiras, dar a dimensão de até aonde a perna dos filhos pode avançar, de até aonde a perna dos filhos pode ou deve ir.

Significa colocar peso e medida para que eles, entre outras coisas, absorvam a ideia de que o que construímos na vida não é de graça, que, por trás de cada conquista ou vitória há um esforço, um empenho que tem que ser valorizado e reconhecido.

Quando estabelecemos limites, estamos passando valores, ou seja, passamos as nossas idéias, os nossos sentimentos e as nossas experiências de vida.

Foto: pixabay / pixabay

A colocação de limites, além de ser, num primeiro momento, uma medida protetora, deverá mais tarde, ao longo do tempo, colaborar para que os filhos assimilem noções de perigo, além de estimular o autocontrole e, principalmente, o desenvolvimento do respeito e da valorização de si e de seu próximo.

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A postura dos pais em relação à colocação de limites não deve iniciar somente na adolescência. As crianças precisam saber, desde cedo, que não é só a vontade e a necessidade delas que imperam, que há coisas que podem ser feitas e outras que não podem.

A permissividade desmedida que a maioria dos pais vêm demonstrando nas últimas duas décadas, no que diz respeito à educação dos filhos, torna qualquer tentativa de colocação de limites uma linha tênue, uma linha quase imperceptível entre o que é permitido e o que não é permitido. Esse limite difuso acarreta aos poucos, num sistema gradativo e crescente, a descaracterização da autoridade dos pais, originando, muitas vezes, confusão na percepção dos papéis dentro da família.

Tempo de estudar e aprender com os filhos  

Cada vez mais fortalecidas, essas crianças chegam à adolescência peritas na arte de não obedecer e com anos de experiência em driblar pessoas e situações. Essas crianças posam como o "umbigo do mundo" e, quando adolescentes, jamais pensam em abandonar a condição de "donos do trono".

Esse poder, concedido pelos pais, nada mais é do que abrir mão dos seus deveres (colocar limites) para dar lugar apenas aos direitos (fazer só o que querem) dos filhos. Esse tipo de atitude fortalece a onipotência dos mesmos, que se sentem verdadeiros reis e rainhas, que mandam e desmandam, ignorando determinações, numa total negação das figuras de autoridade que existem dentro e fora de casa.

Na escola também querem e, muitas vezes, até conseguem, governar o professor e os colegas como se todos fossem a imagem e semelhança dos seus pais. São crianças com problemas de comportamento que vêm para a escola com uma vasta bagagem caseira de desobediência, colocada em prática dentro da sala de aula.

Nos dias de hoje, os pais não estão lidando com a simplicidade da vida de décadas atrás, isto é, do tempo que o empenho da palavra tinha valor, que os negócios de compra e venda eram sacramentados no "fio de bigode" que a vida não representava tantos perigos e as famílias podiam ficar com as portas das casas destrancadas sem sentir medo.

Sem dúvida, a vida está mais complicada e, consequentemente, exige que os pais corram riscos na tentativa de mudar a forma de educar, exige que não fiquem presos a modelos de educação que estão inapropriados e desadaptados. E nem esperem que os filhos aceitem esses limites com um sorriso nos lábios, sem qualquer objeção e, de preferência, os aplaudam.

É preciso encarar isso de frente e ter a consciência tranquila de que é algo necessário, portanto deve ser feito.


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