Fechada por problemas na rede elétrica, escola de Itaara recebeu investimentos em equipamentos tecnológicos que estão sem uso

Leandra Cruber

Fechada por problemas na rede elétrica, escola de Itaara recebeu investimentos em equipamentos tecnológicos que estão sem uso

Eduardo Ramos

Fotos: Eduardo Ramos

Há cerca de um mês, mais de 200 alunos da Escola Municipal Alfredo Lenhardt, de Itaara, precisam se adaptar a uma nova realidade, já que as aulas passaram a ser realizadas no prédio onde uma vez funcionou a Escola Santos Dumont, idealizada para abrigar entre 50 e 60 crianças. Em julho, durante o recesso escolar, a Alfredo Lenhardt precisou ser fechada em razão de inúmeros problemas na rede elétrica que ofereciam risco aos alunos.

Na Santos Dumont, localizada na BR-158, próxima à Brita Pinhal, os alunos convivem com uma estrutura inferior. Há anos, o local já não funcionava como escola e recebia atividades de um grupo de escoteiros, assim como uma agroindústria, e para receber os alunos, precisou ser adaptado de forma emergencial. Em menos de uma semana, uma equipe da Secretaria de Educação de Itaara realizou a limpeza do prédio. No entanto, a escola não tem refeitório adequado, o pátio para os alunos descansarem durante o recreio é pequeno e a quadra fica ao lado de uma ribanceira, o que dificulta a realização de esportes nas aulas de Educação Física. Além disso, com o número menor de salas, as turmas de sexto ao nono ano precisaram ser reorganizadas. 

Apesar das dificuldades, as professoras do município têm se esforçado para manter a qualidade do ensino e aproximar os alunos da escola. De acordo com Alessandra Scremin, professora de Língua Portuguesa desde 1997, que convive junto dos estudantes do nono ano, os adolescentes têm se sentido desamparados. 

– Eles são adolescentes que estão no último ano do Ensino Fundamental. A escola que agora está fechada tinha muitos problemas, quando muitos ar-condicionados eram ligados, por exemplo, a luz caia. Mas, ainda assim, a estrutura era muito maior que essa. No recreio tinha espaço para caminhar e se divertir. Tinha uma quadra coberta com diversos materiais para Educação Física. Agora, em dias de chuva, não tem espaço suficiente na área coberta para que eles se sintam bem – ressalta. 

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Para estudantes, como Rodrigo Carvalho, de 14 anos, que está no nono ano, os últimos dias na Escola Santo Dumont têm sido desanimadores. Ele reclama, principalmente, do tamanho no local e da estrutura disponível para as aulas:

– Gostava mais de lá porque tinha mais espaço. No recreio aqui não tem nada para fazer. Algumas salas não tem cortinas e nem ventilador. Agora até que não precisa. Mas eu e meus colegas ficamos pensando no verão. 

Já para Breno Viana, 14, o maior desafio tem sido a locomoção. A Escola Alfredo Lenhardt está localizada no centro de Itaara. Com alunos de diversas localidades, o novo endereço, a quatro quilômetros de distância do centro, dificultou o acesso. 

– As aulas não mudaram muito, as professoras são muito legais e nos incentivam a estudar. O que complicou um pouco foi que essa escola é mais longe. Meus pais me buscam, mas alguns colegas precisam do transporte escolar, daí as vezes demora porque agora é mais distante – comenta o estudante. 

Os pais acompanham a situação diariamente e se preocupam com o dia a dia dos filhos na nova escola adaptada. Para Silvia Adriana Tribino da Luz, 49, mãe de uma aluna, o maior receio é com a estrutura do prédio:

– Fazia muitos anos que estava fechada. Esses dias, por exemplo, minha filha relatou que ao ligarem o ventilador de teto parecia que ia cair. Mas nos certificaram que a escola está apta para funcionar. Vamos continuar acompanhando.

Investimentos em recursos tecnológicos

Em fevereiro de 2022, a prefeitura de Itaara publicou um documento referente a aquisição de telas interativas de 75 polegadas para uso pedagógico. Também conhecidas como lousas digitais, o equipamento é um recurso tecnológico usado para auxiliar no ensino. Foram investidos mais de R$ 380 mil nas telas. Agora, o equipamento está parado, já que foi adaptado para uso na Escola Alfredo Lenhardt que está fechada.

De acordo com a professora Cristiane Giacomini, os recursos tecnológicos ajudam muito em sala de aula e dinamizam o ensino, o que facilita a aprendizagem dos alunos:

– Nossos alunos enfrentaram dois anos de aulas remotas e isso afetou bastante a aprendizagem deles. Agora, tentávamos recuperar com reforço no turno inverso ao deles, o que não é mais possível devido à reorganização para que todas as turmas possam ter aulas. E os projetores e telas interativas ajudavam nesse processo, como professora de Ciências usava quase todos os dias. Mas, foi investido em um item que não podemos usar em uma escola já que a rede não aguenta e em outra porque não tem estrutura. Os alunos ficam desmotivados. 

Reforma elétrica está prevista

Na última semana de agosto, a prefeitura realizou um chamamento público para reunir orçamentos de empresas interessadas em realizar a reforma elétrica da escola. O processo será feito em contrato emergencial na tentativa de agilizar o processo. Segundo a secretária de Educação do município, Luciane Lemos, já existe um projeto de restruturação geral da fiação elétrica. A expectativa é que custe entre R$ 90 mil a R$ 100 mil. 

– Durante os anos foram realizadas pequenas reformas na parte elétrica da escola. Então esse é um problema que atravessa gestões. Isso culminou para que a fiação ficasse do jeito que está hoje. Nosso objetivo é refazer a estrutura elétrica da escola de forma geral para que os alunos fiquem seguros e possam usar os equipamentos, como telas interativas e chromebooks de forma plena. 

A expectativa da secretaria é que a obra seja iniciada e concluída ainda este ano. A preocupação do poder público e da direção da escola é com o verão. Para a diretora da EMEF Alfredo Lenhardt, Tatiana Camargo, a adaptação ao novo espaço é necessária para que não se perca o ano letivo:

– Nós ainda estamos nos ajustamos ao espaço e tudo que é novo incomoda e assusta, então entendemos que esteja sendo difícil essa adaptação, principalmente por parte dos alunos. Como direção, temos muitas preocupações e o desejo é que possamos voltar logo para a nossa escola.  

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