Fechada há cinco anos, Casa de Cultura sofre os efeitos do abandono

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Pedro Piegas (Diário)

É uma das maiores incoerências de Santa Maria que a Casa de Cultura da intitulada Cidade Cultura está fechada, deteriorada e sofrendo com o descaso. A situação se arrasta há cinco anos, e o espaço voltado à arte, à dança, ao teatro e a tantas diversidades culturais foi vencido pelos diversos estragos e danos estruturais . A prefeitura de Santa Maria afirma que trata a revitalização do edifício de forma prioritária e que está trabalhando para viabilizar o retorno da Casa, agora, sem Cultura.

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Ao longo dos próximos dias, o Diário publicará uma série de reportagens de prédios que fazem parte da história da cidade, mas que sucumbiram ao tempo, ao descaso e ao abandono ou estão em desuso ou desocupados por diferentes fatores.

Construído na década de 1940, o prédio abrigou até 1992 o Palácio de Justiça do município. De estilo Art Decó e rico em detalhes arquitetônicos, é um dos edifícios mais imponentes de Santa Maria. A descrição do prédio até poderia ser diferente se ele não estivesse com janelas e vidros quebrados, rachadura na fachada e totalmente entregue ao tempo, sem manutenção alguma.

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A Casa de Cultura foi fechada em dezembro de 2015, e as iniciativas que tinham no espaço foram realocadas para diferentes lugares. Ao longo do tempo, tapumes foram colocados para garantir a segurança de pedestres, já que partes do reboco começaram a ceder. Uma placa na porta afirma que a área está interditada por tempo indeterminado pela Defesa Civil.

Quem transita pela Praça Saldanha Marinho ou pela Rua Roque Calage, onde está localizado o edifício amarelo e vermelho, não passa indiferente ao que tristemente os olhos enxergam.

_ Está horrível. Muito triste ver um prédio tão bonito chegar a essa situação. Espero que em breve tenha uma solução digna _ destaca a aposentada Maria Luísa Reis, 64 anos.

HISTÓRIA

Ao longo de sua existência, a Casa de Cultura já abrigou a Escola Municipal de Artes Eduardo Trevisan (Emaet), a Casa do Poeta de Santa Maria, o Clube de Xadrez, a TV Ovo, o Santa Maria Vídeo e Cinema, associações de artistas e Conselho Municipal de Cultura, entre outras entidades ligadas à área. No local, diversas oficinas eram promovidas como rodas de capoeira, artesanatos e outras agendas culturais.

PROJETOS ARQUITETÔNICOS E COMPLEMENTARES DEVEM SER CONCLUÍDOS NESTE PRIMEIRO SEMESTRE

A novela envolvendo o prédio da Casa de Cultura se arrasta há quase oito anos, quando começou a ser elaborado um projeto em parceria com a Latu Sensu e a Cida Cultural, de revitalização e modernização do espaço, a fim de inscrevê-lo nas leis de incentivo à cultura estadual e federal para captação dos recursos necessários para a execução. Porém, novas legislações entraram em vigor, especialmente às relativas à prevenção contra incêndio. Em 2020, uma parceria entre a Secretaria de Cultura e o Escritório de Arquitetura Ângela Pisani foi firmada para que fossem feitas as readequações do projeto arquitetônico. De acordo com a secretária de Cultura, Rose Carneiro, após esta etapa o projeto será encaminhado à Secretaria de Estruturação e Regulação Urbana, onde serão feitos os projetos complementares, como hidráulico e elétrico. Após aprovação pelos demais órgãos, como o Corpo de Bombeiros, o projeto fica apto a ser licitado. A previsão é concluir estas fases ainda no primeiro semestre de 2021. 

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_ A Casa de Cultura é uma das prioridades da Secretaria de Cultura e estamos trabalhando para solucionar definitivamente esta questão. Acreditamos que faremos, inclusive, uma campanha voltada para arrecadar recursos, já que podemos receber apoio, colaborações e doações destinadas à recuperação do patrimônio _ destaca Rose.

Ainda conforme a prefeitura, assim que concluído, o projeto será cadastrado para obtenção de incentivo fiscal via leis de incentivos fiscais. 

PROJETO

Tombada pelo Patrimônio Histórico e Cultural do município, a Casa de Cultura tem um projeto ambicioso, avaliado em cerca de R$ 4,5 milhões. Além da reforma da fachada, é previsto auditório, camarins, novas salas, terraço, elevadores, projeto de acessibilidade e sala de exposições. 

O SAUDOSISMO DE QUEM FEZ HISTÓRIA NA CASA DE CULTURA 

Quem viveu a Casa de Cultura só tem a lamentar pelo estado que o patrimônio se encontra. Mas, há esperanças. Proprietária do Café Cultura, que funcionou por 15 anos no espaço, Cristina Ortiz de Senna lembra com saudosismo do tempo em que o movimento e as ações traziam vida à Casa de Cultura. Quando foi fechada, o café se mudou para o Aeroporto Municipal de Santa Maria, funcionando até o ano passado.

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_ Aquele espaço de muitas histórias e vivências se tornou um elefante branco. É muito triste ver a Casa de Cultura desse jeito. Espero que seja revitalizada. Eu tenho esperança e sonho de um dia voltar para lá _ disse Cristina.

Carlos Alberto da Cunha Flores, o Kalu, também viveu e fez muitas histórias na Casa de Cultura. Entre 2000 e 2008, ele lembra com nostalgia das ações que coordenava no espaço, como oficina de artesanato e agendas culturais. Hoje, diz que não gosta nem de passar perto da estrutura para não ver o edifício daquele jeito:

_ É triste ver a nossa Casa de Cultura daquele estado. Tinha muitas coisas boas que aconteciam ali. 

TEMPO

• Conclusão dos projetos arquitetônicos e complementares _ 31 de junho de 2021
  

PRÉDIOS DA SÉRIE

• Condomínio Galeria Rio Branco
• Casa de Cultura
  
•  Sociedade União dos Caixeiros Viajantes (SUCV)
•  Clube Caixeiral
•  Gare da Viação Férrea
•  Prédio do antigo Hotel Jantzen
•  Prédio da antiga sede da União Santa-Mariense de Estudantes (USE)
• *Conhece algum prédio abandonado em Santa Maria e quer saber sobre a sua destinação? Manda um WhatApp para o Diário: (55) 99136-2472

RESUMO

• O prédio foi inaugurado na década de 1940 para abrigar o Fórum de Santa Maria
• Em 1992, o Palácio de Justiça transferiu suas atividades e desocupou o espaço
• Em 1996, foi aprovada lei que reverteu a posse do prédio ao município, nascendo a Casa de Cultura
• Em dezembro de 2015, depois de acumular décadas de desgaste e problemas nas redes elétrica, hidráulica, entre outros, o espaço não tinha Plano de Prevenção e Combate a Incêndios (PPCI). Depois de um ultimato do Corpo de Bombeiros, coube à Secretária de Cultura pedir um prazo para desocupar o espaço e fechar as portas.