Ex-prefeita de São João do Polêsine relembra sua trajetória política e pessoal

Fotos: arquivo pessoal

Valserina Maria Bulegon Gassen, a prefeita Valse, é uma pessoa de destaque para o município de São João do Polêsine, na Quarta Colônia. Participou, na década de 1990, do processo emancipatório do município e foi prefeita por diversas gestões. Atualmente, aos 75 anos, ela é diretora de captação de recursos financeiros e relações institucionais do Consórcio de Desenvolvimento Sustentável da Quarta Colônia (Condesus). Casada com Celso Marcos Gassen, a professora estadual aposentada é mãe de Taísa, Fernanda e Jonas, e avó de Teresa. A família, a educação e o município onde reside são as maiores paixões de Valserina. Confira nesta entrevista um pouco da trajetória desta pessoa que muito fez para melhorar a realidade do meio em que vive.

Diário - O que mais lhe marcou durante os primeiros anos de vida?
Valserina Maria Bulegon Gassen - A convivência familiar que perdura até hoje, as brincadeiras com amigas da minha idade, os ensaios e apresentações de teatros que fazíamos na comunidade. Minha trajetória é simples. Quando criança e na juventude, trabalhei muito para poder estudar. Naquela época, não tínhamos a oportunidade que temos hoje. Quando iniciei o estudo superior, logo fui convidada para ser secretária da Escola João XXIII, pois tinha o curso de secretária de escola pósmédio pelo Ministério da Educação (Mec) e, no ano seguinte, comecei a dar aulas. Naquele tempo, havia poucos professores e o Estado contratava estudantes de Ensino Superior para lecionar. Em 1968, iniciei como professora do Estado. De 1974 a 1982, passei a lecionar na Universidade de Passo Fundo (UPF). Nesta trajetória, sempre me envolvi com assuntos da educação.

Diário - De que forma atuou na criação do município de São João Polêsine?
Valserina - Em 1990, participei da Comissão de Emancipações da Assembleia Legislativa do Estado para aprovação da Lei Estadual nº9.070, de 2 de maio de 1990, que permitia a criação de novos municípios. São João do Polêsine já havia feito três tentativas para se emancipar e sempre teve problemas. Com esta Lei, a possibilidade de emancipação se tornou mais acessível. Então, a comunidade convidou a população em geral para uma assembleia que tinha como objetivo a decisão de encaminhar o referido processo e de eleger a diretoria que, segundo a Lei, deveria ser formada por 12 pessoas. E assim foi feito. Dos 12 integrantes da equipe que estava à frente do assunto, recebi o maior número de votos para ser a presidente da Comissão de Emancipação. Aprovado o processo, realizamos o plebiscito dentro das normas autorizadas pela Assembleia Legislativa e fomos vitoriosos.

Valserina e o esposo Celso brincando com a neta Teresa Gassen da Rocha

Diário - E como veio a ser prefeita?
Valserina - Após a sanção da Lei de criação do município pelo governador Alceu Collares, iniciamos as tratativas com o município mãe, Faxinal do Soturno, e montamos os partidos políticos. Na sequência, organizamos as eleições e coube a mim ser a candidata do PMDB. Com muita honra, no dia da primeira convenção, recebemos a visita do deputado federal Nelson Jobim, um grande amigo. Após as eleições, iniciamos, com Faxinal do Soturno, a divisão dos bens que nos cabiam, a organização para a instalação do município e a posse dos eleitos em 1º de janeiro de 1993.

Diário - E mesmo sem estar à frente da administração, a senhora sempre buscou participar de movimentos para o crescimento da região. Como foi isso?
Valserina - Em 1997 a 2000, trabalhei como secretaria da Associação dos Municípios do Centro do Estado (AM Centro). A gestão municipal sempre é um desafio. Por isso, de 2001 a 2004 e de 2004 a 2008, fui reeleita prefeita. De 2009 a 2012, trabalhei na captação de recursos da prefeitura de Santa Maria e, em 2013, assumi mais uma vez, pelo quarto mandato, a gestão do município de São João do Polêsine. Muitos dizem que governar é impossível. Para mim, "impossível" é só uma palavra. Por onde passei, deixei claro meu trabalho. Se passei pela escola e pela gestão pública é porque, quando se quer, tudo é possível, principalmente através da educação.

Com a família reunida no casamento de Taísa. Na fotografia, Jonas (a partir da esq.), a nora Martina, o marido, Celso, Taísa, o genro Lorenzo, Valserina, Fernanda e o genro Michel

Diário - Como resume a trajetória construída ao longo dos anos?
Valserina - As cidades são as entidades políticas mais perto da realidade das pessoas. Devemos torná-las fortes, ofertando melhores serviços para a população. Ao olhar para Polêsine, vejo que meus sonhos e desafios não foram em vão. Temos saúde e educação de qualidade e um povo trabalhador. Temos Vale Vêneto como nosso 2º distrito que, na época, já tinha infraestrutura. Além disso, damos continuidade as necessidades da população e ao Recanto Maestro. Após a emancipação de Polêsine, tive a honra de transformar aquele local abandonado com o professor Antonio Menegheti, falecido, transformando em 3º distrito, quando poucos acreditavam que poderia se tornar o que é hoje. Depois de persistir na busca de recursos, principalmente na área educacional, tive oportunidade de criar a creche Recanto dos Sonhos e de implantar o polo da Universidade Aberta do Brasil. Na Saúde, colaborei com a construção de dois postos de saúde e de um pequeno hospital que, em breve, irá oferecer atendimento regional. Nesses e em outros feitos, sempre estive acompanhada de bons vice-prefeitos, secretários e funcionários comprometidos e prontos a colaborar para o crescimento do município. Desafios sempre existirão. O importante é fazermos boas escolhas.