Escritora Nikelen Witter ganha prêmio da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa

Bernardo Abbad

Escritora Nikelen Witter ganha prêmio da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa
Nikelen Witter durante o lançamento do livro “Viajantes do Abismo”, em 2019, na Livraria Athena. (Fotos: Pedro Piegas)

Uma obra de ficção científica distópica escrita por uma santa-mariense de coração foi reconhecida e premiada pela Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social. Pode parecer confuso, mas não é. Trata-se de “Viajantes do Abismo”, livro lançado pela escritora, historiadora e professora Nikelen Witter em 2019, que ganhou o Prêmio Bunkyo esta semana. A honraria é oferecida pela seção de Língua Portuguesa da Sociedade, que, desde 1958, atua para promover e aprofundar as ligações culturais entre os imigrantes japoneses com o Brasil e também com seu país natal. A cada prêmio, um gênero literário dentro das categorias conto e romance são escolhidos para participarem da premiação. Nesse ano, o gênero escolhido para os romances foi a ficção científica.

– Mesmo não sendo muito conhecido de grande parte dos brasileiros, o Prêmio Bunkyo tem uma bela e longa história. Como o gênero da vez era ficção científica, decidi inscrever “Viajantes do Abismo” para participar e, para minha imensa alegria, o romance foi mais uma vez agraciado com um prêmio de reconhecimento nacional – explica a autora Nikelen Witter, que nasceu em Rosário do Sul, mas mudou-se para Santa Maria com sete anos.

Um dos cinco finalistas do Prêmio Jabuti, “Viajantes do Abismo” é uma ficção científica com elementos de distopia e narra a história de uma terra que está sendo engolida pelos desertos, assombrada pela fome e pela perda irreparável da vegetação e da água. Contudo, seus habitantes, ao invés de se unirem para sobreviver, acabam por se envolver em uma guerra fratricida e perseguições de ordem política. Nesse mundo, uma curandeira, sua irmã cientista e sua melhor amiga tentam unir pessoas e curar o planeta antes que seja tarde demais.

Nikelen conta que, como autora, espera que a história continue sendo apenas isso: uma ficção. Ela acredita que um dos papeis da ficção, especialmente da ficção-científica, é o de vislumbrar futuros possíveis e de nos perguntarmos se queremos vivê-los ou não. Nikelen conta que a cada leitura, a cada distinção que o livro recebe, ela sente como se fosse possível tornar essa pergunta mais clara e mais forte:

– Temos florestas e uma natureza inigualável para proteger. E não falo apenas do Brasil e da Amazônia. Falo também de países como o Japão, que podem perder para o mar sua existência. Falo de uma cidadania planetária, capaz de irmanar todos nós, estreitar, conectar, culturas e nosso futuro comum.

STEAMPUNK NA FEIRA DO LIVRO DE PORTO ALEGRE

Os escritores Nikelen Witter, Enéias Tavares, AZ Cordenonsi e Duda Falcão, durante mesa na 68ª Feira do Livro de Porto Alegre

Nikelen Witter também esteve na programação da 68ª Feira do Livro de Porto Alegre neste mês. Juntamente com os escritores Enéias Tavares e AZ Cordenonsi, Nikelen participou de uma mesa sobre a escrita coletiva do romance Guanabara Real e o Covil do Demônio, lançado em maio na Feira do Livro de Santa Maria. O trio conversou com o público da Feira e com escritor Duda Falcão, que também mediou o bate-papo. Um dos temas foi as possibilidades geradas pelo steampunk, subgênero retrofuturista da ficção científica que ganhou fama no início dos anos 90.

– Falamos sobre os desafios de escrever uma obra à seis mãos e sobre porque vemos no steampunk inúmeras possibilidades artísticas de experimentação estética, mas também formas importantes de se repensar a História do século XIX, o Brasil, e até mesmo nossa evolução política e social – finaliza Nikelen.

Além de “Viajantes do Abismo”, Nikelen Witter também é autora de “Dizem que foi Feitiço: as práticas da cura no Sul do Brasil”; “Territórios Invisíveis”, “Guanabara Real” e a “Alcova da Morte” (vencedores dos Prêmios Le Blanc e AGES); e Dezessete Mortos (Prêmio Açorianos).

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