Os desafios na educação pública estadual

Escolas de Santa Maria terão de se desdobrar para pagar as contas

Lizie Antonello

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A crise financeira vivida pelo Estado, que culminou com aumentos nos preços dos combustíveis e das tarifas de energia elétrica e levou ao parcelamento de salários de servidores públicos no ano passado, também impactou nas escolas estaduais de Santa Maria.

O orçamento, que já era apertado em anos anteriores, ficou ainda mais reduzido em 2015, obrigando as direções a fazer malabarismos para fechar as contas diante dos atrasos nos repasses de verbas estaduais e do corte de recursos federais.

E se o ano que se encerrou foi difícil, as direções que assumem as gestões das escolas não enfrentarão situação melhor em 2016.

– Esse ano (2015) foi atípico, difícil até para pagar as contas básicas como telefone e papel higiênico – resumiu Adriane Guerra, ex-diretora e atual vice-diretora da Escola Estadual de Ensino Fundamental Marieta D'Ambrosio.

Com maior ou menor gravidade, a situação relatada por Adriane na Marieta D'Ambrosio é praticamente a mesma em oito das 10 escolas estaduais visitadas pelo "Diário" em novembro passado. Apenas o Colégio Manoel Ribas e a Escola Augusto Ruschi disseram estar em condições um pouco melhores.

A dificuldade financeira é a última reportagem da série Os Desafios na Educação Pública Estadual.

Entre 10 escolas de Santa Maria, só duas usam, com frequência, lousas digitais recebidas em 2013

Os efeitos da crise financeira recaíram sobre as escolas mais fortemente no segundo semestre do ano passado. A verba da autonomia escolar, que deveria ser repassada todos os meses pelo governo do Estado, começou a atrasar. Do governo federal, o dinheiro de programas como o Mais Educação e Dinheiro Direto na Escola (PDDE) não chegou. As direções convocaram a comunidade escolar, pediram economia e tiveram de elencar prioridades.

– A gente não sabe o futuro. Sempre trabalhei com pouco dinheiro, mas, sem dinheiro nenhum, começamos a viver essa realidade agora – disse Cleonice Fialho, diretora da escola Estadual de Ensino Médio Professora Maria Rocha, que tem cerca de mil alunos.

Faltam servidores para cuidar das escolas em Santa Maria

No total, o Estado deveria repassar mais de R$ 8 milhões por mês em verba de autonomia para cerca de 2,5 mil escolas estaduais ativas. Segundo a coordenadora adjunta da Divisão de Finanças da Secretaria Estadual de Educação, Clélia Abreu, os atrasos ocorreram em função da crise financeira e do bloqueio de contas do Estado por parte do governo federal. Os meses de novembro e dezembro de 2015 ainda estão em atraso e serão pagos, segundo a secretaria, após regularização dos dados dos novos diretores das escolas eleitos em dezembro.

– Tivemos duas dificuldades: a financeira e as intempéries. Muitas escolas sofreram danos que geraram grandes despesas. Não sei como estará a situação em 2016. Deus queira que o governo consiga equilibrar as contas. Continuamos solicitando os valores aos quais as escolas têm direito. Depende da Secretaria da Fazenda dar conta de pagar – diz Clélia.

De cada 10 escolas estaduais, 9 precisam de reformas

Diante dos atrasos nos repasses e dos cortes de verbas, algumas instituições buscaram outras formas de captar recursos. Com a queda na arrecadação do Programa Nota Fiscal Gaú"

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