Em um dia marcado pela reconstrução – depois da tempestade que causou medo e destruição, na madrugada de quinta-feira –, não foram as desagradáveis estatísticas, nem a exaltação de um ou outro órgão que chamaram mais a atenção. Imbuída de solidariedade, Santa Maria foi reflexo de trabalho coletivo, força-tarefa e humanidade nesta sexta-feira e sábado.
Prefeitura continua limpeza em Santa Maria neste sábado
Nem mesmo o cenário caótico, que deve levar à assinatura de um decreto de emergência, possivelmente, até a próxima segunda-feira ou o cansaço de quem já soma quase 48h sem dormir, são obstáculos. Corpo de Bombeiros, Defesa Civil Municipal e Estadual, prefeitura e secretariado e Guarda Municipal, RGE Sul, Corsan, Cruz Vermelha, empresas e sociedade civil mantém o trabalho para restabelecer a funcionalidade dos serviços, a segurança e o bem-estar da cidade que presenciou uma das piores intempéries da natureza dos último anos. Todos estiveram reunidos em uma coletiva de imprensa na tarde de sexta-feira, na sede do Corpo de Bombeiros, na Rua Coronel Niederauer.
No QG, montado no mesmo local, para concentrar doações, sacolas de mantimentos aumentavam a todo momento. Até as 19h30min de sexta, eram quatro toneladas de alimentos e 2 mil itens de produtos de limpeza. Aliás, nas primeiras duas horas de funcionamento, cerca de 800 kg chegaram. Uma sala de operações, que funciona exclusivamente para receber a demandas do temporal por meio de ligações no número 193, também foi montada. Somente de ocorrências graves, foram 321 atendimentos.
– Não temos mortes e ninguém corre risco de morrer. Agora, as equipes estão trabalhando exatamente no corredor por onde a ventania cruzou. O vento forte começou na Nova Santa Marta, passou pelo Centro e terminou perto do aeroporto, em Camobi. O que fica disso tudo é o entrosamento em diferentes frentes. Todo mundo se ajudou. Até uma senhora, que soube que estávamos aqui no pavilhão trabalhando, trouxe uns sanduíches. Isso é gratificante – mencionou o coordenador da Defesa Civil Municipal, Cladmir Nascimento.
Depois da chuva, temperatura deve cair no final de semana
O engenheiro civil Gilson Piovesan, 41 anos, representando o grupo Bodes do Asfalto, foi ao QG para saber o que seria mais útil no momento:
– Precisam de telhas. Então, compramos R$ 500 do material e entregaremos à Defesa Civil, pois eles sabem os locais que mais necessitam.
Medidas importantes
Em meio aos prejuízos, também emergiam duas medidas importantes para cidade. Uma delas, que já estava encabeçada pela prefeitura e ganhou força, é a criação de um núcleo composto pelo prefeito, pelo vice-prefeito e pelo menos dois representantes de cada secretaria. O grupo receberá capacitação do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil para atuar em momentos de emergência. Com o tempo, voluntários da comunidade também deverão integrar o núcleo. A outra é a compra imediata de um gerador para o Pronto-Atendimento 24h da Tancredo Neves. O local não possuía o equipamento. Desde que ficou sem luz em decorrência da tempestade, passou a funcionar com um equipamento emprestado.
– As duas palavras que nos definem agora são: integração e solidariedade. Queremos montar um "Gabinete de Solução". É disso que a cidade precisa – mencionou durante a coletiva, o prefeito Jorge Pozzobom (PSDB), que também informou que desconhecia o fato de o PA não ter um gerador.