Fotos:Beto Albert (Diário)
Os quase 2 mil alunos do Colégio Politécnico da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) retornaram às aulas nesta terça-feira (8), depois de três dias de luto, mas os mais afetados – professores e alunos do curso técnico de Paisagismo, ainda estão longe da sala de aula. As atividades do curso seguem suspensas até, no mínimo, sexta-feira, conforme nota da instituição. O acidente com o ônibus da UFSM aconteceu na última sexta-feira (4) e deixou sete mortos e 26 feridos, quando o grupo do curso de Paisagismo se deslocava para o Cactário Horst, em Imigrante.
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– A gente entende que é importante voltar à rotina, mas que essa volta seja com bastante cautela e calma, respeitando o momento que a comunidade está passando. A equipe multidisciplinar que está nos assistindo, da universidade e da prefeitura, indicou, pelo menos neste primeiro momento, que os atendimentos individuais devem ser priorizados. Ainda não sabemos quando iremos fazer algo coletivo, como uma homenagem, que reúna os alunos – comenta a diretora de ensino do Politécnico, Berenice Santini, sobre a condução do retorno às aulas e a previsão de homenagens.

No Curso Técnico de Paisagismo seriam duas turmas com cerca de 30 alunos cada, e seis professores específicos (três deles envolvidos no acidente). A pequena quantidade de alunos, em meio aos 2 mil, não diminui o impacto em toda a comunidade. A reportagem esteve no local no início da manhã desta terça (8) e ouviu relatos de comoção, entre eles, o da aluna do técnico de Farmácia Clarise Arend Flores, 25 anos:

– O clima é meio pesado. A gente fica com aquele sentimento de tristeza. Perder um colega é bem triste, independentemente de qual curso. Mas temos que seguir. Espero que todo mundo que esteja no hospital, esteja bem.

A comunidade vive, desde o acidente, a angústia por mais informações. Primeiro, para saber sobre os envolvidos. Agora, sobre os sobreviventes. O aluno do Curso Técnico de Zootecnia Wiliam Cheribini, 23 anos, relembra os acontecimentos para aqueles que foram espectadores:

– É um baque muito grande. No primeiro momento, não sabíamos nem quem era, se era amigo ou parente. Então, é um choque. Principalmente para as famílias, que não sabiam se tinham filho lá. Tinha pessoas que estavam com nome na lista, mas não embarcaram. É muito triste. Acho que vai estar um clima meio tenso por causa de tudo que aconteceu.
Atividades do Politécnico
O curso será o último a retomar as atividades, priorizando o acolhimento das vítimas e a recuperação dos pacientes. Primeiro, foi a UFSM, quando voltou com às aulas na segunda (7). Conforme a direção do colégio, o contato com as vítimas continua e é, principalmente, via setor de atendimento multidisciplinar. O Politécnico também está de posse dos pertences das vítimas e faz o contato com familiares para a entrega.
Estrutura
Conforme a direção do Politécnico, alunos e professores contam com um ônibus próprio, utilizado para as viagens. No entanto, na data da viagem ao cactário em Imigrante (ocasião do acidente), o veículo estaria em manutenção. Logo, foi utilizado um da UFSM. A gestão ainda reforça que o veículo do Politécnico passa por manutenção de três em três meses.
Acolhimento

Até sexta-feira (11), o acompanhamento médico, psicológico e de serviço social funcionará em três turnos – 8h às 11h30min; 13h30min às 17h30min; 18h30min às 21h30min.
Vítimas, pais, familiares, amigos, colegas, todos são convidados a procurar o Colégio Politécnico, sem agendar horário, no bloco A. Mais informações no número (55) 9169-8703 (WhatsApp).
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