Campus do IFFAR em Santa Maria pode gerar 1,4 mil vagas em cursos

Com forte incentivo à educação profissional e tecnológica, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha (IFFar) conta, atualmente, com mais de 8,9 mil pessoas matriculadas em cursos técnicos integrados ao Ensino Médio, subsequentes e de graduação em todo o Rio Grande do Sul. Após a realização de uma audiência pública na Câmara de Vereadores de Santa Maria em 23 de junho deste ano, representantes de diversos segmentos e sociedade civil têm debatido sobre as possibilidades que a criação de um campus do IFFar no município pode trazer. Desde 2009, Santa Maria é o município-sede da reitoria, que está localizada na Alameda Santiago do Chile. Mas, se aprovado, o campus deve ser instalado em uma área na Região Oeste, tornando-se mais uma referência de ensino para a comunidade santa-mariense.

Importância

Criado pela Lei 11.892, de dezembro de 2008, o IFFar busca ofertar educação superior, básica e profissional, sendo pluricurricular e multicampi no país. Após quase 15 anos, a expansão da rede deve sair do papel.

– Esse processo de discussão de novas unidades vem de um projeto do governo federal de consolidar e ampliar a rede. Hoje, nós temos 680 unidades do Instituto Federal em funcionamento no nosso país. O presidente da República pretende chegar a mil unidades e essa proposição, por meio de um projeto de lei que será encaminhado ao Congresso para viabilizar o recurso para consolidação e implantação, é um marco para comemoração dos 15 anos da rede federal de Educação Profissional e Tecnológica – enfatiza a reitora do IFFar, Nídia Heringer.

Tramitação

De acordo com a reitora do IFFar, o processo inicial para a implantação do campus em Santa Maria será encaminhado ainda nesta terça-feira (4) para a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação (MEC). Serão anexados também a documentação da prefeitura e uma previsão de tipologia, conforme determinado pela portaria 713, publicada em setembro de 2021.

– Sendo aprovado pelo Ministério da Educação, devemos ter um campus 70/45. Significa 70 docentes e 45 técnicos administrativos em Educação e chegar a 1,4 mil estudantes de cursos técnicos (em Santa Maria) – afirma Nídia.

A definição do pedido deve ocorrer ainda no segundo semestre deste ano. Conforme a reitora, o investimento na nova unidade pode passar de R$ 20 milhões:

– Deveremos ter um significativo investimento para a consolidação das unidades existentes. Cada uma dessas novas unidades deve ter um aporte de investimento, na média, de R$ 20 milhões e R$ 10 milhões para o funcionamento dessas instituições ao ano.

Funcionamento

O perfil dos estudantes é um ponto importante para definição dos eixos tecnológicos dos cursos ofertados e dos turnos desses. Caso a implantação do campus em Santa Maria seja aprovado, este fator deve ser considerado para melhor acolher todos os públicos. Em entrevista ao Diário, ela explica um pouco sobre o cronograma de funcionamento atual do IFFar:

– Nós somos uma instituição pública federal. Oferecemos 50% das nossas matrículas em cursos técnicos, preferencialmente integrados ao Ensino Médio. Os cursos técnicos integrados têm dois turnos de funcionamento: manhã e tarde. Os cursos técnicos subsequentes podem ser diurnos ou noturnos e a formação de professores pode ser durante o dia ou durante a noite. Nas nossas unidades hoje em funcionamento, temos atividades em todas as unidades nos turnos da manhã, tarde e noite.Segundo Nídia, o Instituto Federal Farroupilha conta com um processo seletivo próprio para ingresso em cursos técnicos integrados. No caso dos subsequentes, a seleção ocorre por sorteio. Já para os cursos superiores, o IFFar utiliza a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).

Importância deste passo

"Nós temos hoje 11 unidades de ensino em funcionamento. Tenho certeza que a instalação de um campus aqui em Santa Maria, na Região Oeste, gerará oportunidades de matrícula em cursos técnicos para milhares de pessoas que residem naquele espaço da cidade. Também acredito que a definição de eixos tecnológicos e cursos em conjunto com a Secretaria de Educação, as entidades comerciais e empresariais, deverá fazer com que a gente escolha cursos que realmente vão fazer a diferença na formação integrada dos nossos futuros estudantes e promover a condição de trabalho e desenvolvimento na cidade".

Nídia Heringer, reitora do IFFar

"Eu tenho certeza que há espaço para isso aqui na cidade. É fundamental termos outras alternativas para a educação técnica. Enfim, para a nossa juventude. E o Instituto Federal é uma das ferramentas que tem sido determinante para o desenvolvimento das áreas das regiões onde ele está instalado. Nós temos aqui já a reitoria, que é um avanço e nos ajuda muito. Então, sou totalmente favorável. Vou fazer parte, inclusive, deste Comitê Permanente de Mobilização Pró-IFFar aqui em Santa Maria. Estarei na linha de frente fazendo todos os movimentos necessários, porque creio que isso é decisivo para nos ajudar a ampliar a já referência que nós temos hoje de um polo regional educacional. Quanto mais pudermos ampliar, melhor será o serviço que ofertaremos para a sociedade e de oportunidade para nossa juventude, dando também a alternativa na formação profissional, técnica, acadêmica e humana de cada um".

Valdeci Oliveira, deputado estadual

"Estamos participando já dessas conversas desde o final do ano passado, para ser mais exato. Vemos com muito bons olhos pelas características do que o Instituto Federal Farroupilha se propõe. Não se abre mão do Ensino Superior, mas o Ensino Técnico vai ter um papel relevante nesse processo todo. É de interesse da prefeitura sim que eles tenham um campus aqui, uma vez que hoje só tem a sede da reitoria, e que executem o programa que eles têm com relação ao Ensino Técnico. A Região Oeste precisa ter um olhar um pouco mais atencioso. Então, tenho certeza que esse equipamento lá vai poder atender em parte ou totalmente esses objetivos".

Rodrigo Decimo, vice-prefeito de Santa Maria

"A universidade tem dois colégios técnicos, que cumprem esse papel, mas há uma demanda muito grande especialmente no momento em que há o estímulo para a formação técnico profissionalizante por parte das políticas públicas educacionais. Então, não há dúvida que nós temos um fator altamente relevante. Santa Maria é um centro educacional. O próprio Instituto Federal, já tem uma sede em Santa Maria e há uma perspectiva de assumir uma estrutura já existente em parceria com o município. Quer dizer, todos os envolvidos nesse processo estão conjugando as energias para que nós tenhamos, de fato, um campus do Instituto Federal. Além da questão administrativa, teríamos um espaço de formação com recursos federais. Isso significa também a repatriação de recursos para nossa região central do Estado, a partir dessa estrutura educacional altamente relevante e com o nível de formação técnica, que abre possibilidades para além da inserção de milhares de jovens no mundo do trabalho, dando também perspectivas de trilhar outros caminhos como o Ensino Superior".

Paulo Afonso Burmann, diretor geral da Secretaria Estadual da Educação

Comitê

Para articular a proposta e definir os eixos tecnológicos a serem trabalhados no campus do IFFar em Santa Maria, um comitê permanente de mobilização foi criado.

Entidades interessadas podem indicar um representante até hoje. A partir desta data, terá início às primeiras reuniões de trabalho
Podem ser indicados um ou dois nomes, sendo um titular e um suplente, na reitoria do IFFar (Alameda Santiago do Chile, 195, Bairro Nossa Senhora das Dores) ou pelo telefone (55) 3218-9800

Histórico do IFFar

Criado pela Lei 11.892, de 29 de dezembro de 2008, o IFFar surge da integração do Centro Federal de Educação Tecnológica de São Vicente do Sul, de sua unidade descentralizada de Júlio de Castilhos; da Escola Agrotécnica Federal de Alegrete e do acréscimo da unidade descentralizada de Ensino de Santo Augusto, que anteriormente pertencia ao Centro Federal de Educação Tecnológica de Bento Gonçalves
Conforme dados de 2022, a instituição conta com 4.671 matrículas em 40 cursos técnicos integrados ao Ensino Médio; 584 estudantes matriculados em 19 cursos técnicos subsequentes; e 3.657 em 55 cursos de graduação (bacharelado, licenciatura e tecnologia)