Bugio será capturado no bairro Caturrita

Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)
O bugio Fred vive nas árvores do entorno do Bairro Caturrita

Um animalzinho adotado pelos moradores do Bairro Caturrita, região norte de Santa Maria,está no centro de uma polêmica. Batizado de "Frederico", mais conhecido como Fred, um bugio que mora nas árvores do entorno do bairro já fez até selfie com os humanos, mas, ultimamente, tem gerado desconfiança.

Segundo a Vigilância em Saúde, os moradores reportaram que quatro crianças e uma pré-adolescente foram mordidas ou sofreram arranhões. O fato mais recente envolveu uma menina de 10 anos, que é surda e muda. Brenda Monique da Silva Libardi foi ferida na cabeça por uma mordida do macaco, na quarta-feira. Ela brincava em um balanço na Rua Percival do Amaral quando o animal desceu pelas árvores e a atacou.  

Os moradores chamaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e ela foi encaminhada ao Hospital Universitário de Santa Maria (Husm). Segundo a assessoria de comunicação do Husm, ontem, a menina estava internada na unidade pediátrica sem previsão de alta. Ela teria tomado a vacina antirrábica e estava sob observação. Brenda levou quatro pontos na cabeça.

Incêndio destrói depósito de cuias em Santa Maria

Ana Clara Leão Olkem, 5 anos, também disse ter sido atacada. De acordo com a mãe dela, Elisandra Leão da Silva, 36 anos, a menina estava brincando no mesmo local em que Brenda sofreu ferimentos, quando o animal surgiu de repente e mordeu a criança. O ataque foi no dia 3 de fevereiro.

- Ela quase desmaiou. A enfermeira disse que pode ter sido de dor. Fez um furo bem fundo, acho que do dentinho dele (bugio) - conta Elisandra.

A mãe levou a menina ao Pronto Atendimento (PA) do Patronato, onde Ana Clara recebeu duas vacinas, uma delas antirrábica. 

Márcio Rosa, 32 anos, mora na rua onde teriam ocorrido os ataques. Tratando o bichinho como Fred, Rosa conta que não alimenta o animal.

- Ele se alimenta de goiabas, brotinhos das árvores. Em mim, ele nunca avançou. Até já coloquei a mão nele. Ele é um amigão. Até gosta de música. Por mim, não precisa tirar ele daí. A natureza é dele - defende.

Mais de 50 vagas de empregos e estágios para sexta-feira

O QUE DIZEM AS AUTORIDADES

Na quarta-feira, o Corpo dos Bombeiros tentou apanhar o animal, mas não conseguiu realizar a captura. O 2ª Batalhão Ambiental da Brigada Militar informou que aguarda a assistência do administrador do Mantenedouro São Brás, Santos de Jesus Braz da Silva, que não está na cidade, e tem equipamentos para a captura segura do animal. O órgão planeja fazer a captura na segunda-feira.

O veterinário Carlos Flávio Barbosa da Silva, da Vigilância Ambiental em Saúde, confirmou a previsão da força-tarefa e disse que o caso está sendo monitorado pelo órgão desde a semana passada. A primeira medida tomada foi o tratamento das crianças. Todas elas estão recebendo as doses da vacina antirrábica.

Quina acumula e deve pagar R$ 3 milhões no próximo concurso

- Vamos recolher o animal com o mínimo de dano para ele e colocá-lo em quarentena. A ideia não é mantê-lo em cativeiro, mas devolvê-lo a um local seguro tão logo ele seja avaliado, explica Carlos, que recomenda, ainda, que as pessoas evitem o contato com animais silvestres. 

Para Vanessa Barbisan Fortes, professora do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que estuda o comportamento de bugios há 20 anos, é impossível que um animal desça de uma árvore para atacar alguém. Ela ressalta, ainda, que é preciso ter muito cuidado ao tratar desse tema, no momento em que se houve relatos de pessoas que tentam matar os animais por desconhecimento sobre a febre amarela, que não é transmitida pelo bugio. 

- O bugio não é um animal agressivo. Se isso de fato aconteceu, é porque as pessoas tiveram um comportamento inadequado com ele. O que pode ter acontecido é que ele tenha sido atraído, ou as crianças podem ter tentado pegar, passar a mão nele, destaca.