CRIME

Ataques a caixas eletrônicos já ultrapassam registros de 2014

Naiôn Curcino

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De repente, o silêncio é interrompido por um estrondo ensurdecedor ou pelo barulho de disparos de armas de fogo. Esses sons, cada vez mais recorrentes em todo o Estado, são resultado da ação de organizações criminosas especializadas em furtos, roubos e arrombamentos de agências ou terminais bancários. Na região central, no entanto, a ocorrência mais comum é a de arrombamentos em caixas eletrônicos. As estatísticas crescem desde 2010 e, até o fim de agosto, o número de crimes em 2015 já superava todo o ano de 2014. Já são 25 ataques – mais que o dobro do registrado no mesmo período do ano passado, que teve, ao todo, 19 casos.

O último caso na região foi registrado no domingo, em Itaara. Por volta das 12h40min, vizinhos acionaram a Brigada Militar denunciando o roubo no caixa eletrônico da agência do Banrisul. O equipamento teve a frente cortada com maçarico.

O valor furtado não foi informado. A polícia fez buscas mas, até o fim da tarde de ontem, não havia sinal dos suspeitos.

O Rio Grande do Sul conta com um serviço especializado na investigação desses casos: a Delegacia de Repressão a Roubos e Extorsões, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). Conforme o delegado Joel Wagner, de janeiro de 2015 até o final de junho, o órgão fez 84 prisões e apreendeu armamentos (entre eles, 11 fuzis, 16 coletes à prova de balas e 35 quilos de explosivos).

Segundo Wagner, as quadrilhas são classificadas, conforme os alvos e métodos de ação, como "caixeiros", "toupeiras" e "explosivos" (veja quadro). De acordo com Wagner e com o delegado regional de Polícia Civil, Sandro Meinerz, são os caixeiros os que mais atuam na região.

Tendo como alvo caixas de cidades pequenas e com pouco efetivo policial, a maioria dos caixeiros vem da região de Joinville (SC), cidade com força no setor metalúrgico. Por isso, dominam o emprego de maçaricos, usados para arrombar os equipamentos.

– Esses ataques contam com apoio de pessoas daqui, para questões como local para ficar, deslocamento etc. Mas os criminosos são de Santa Catarina. No início dos anos 2000, havia 40 caixeiros conhecidos, hoje são mais de 700. O serviço é árduo. Para cada crime, há um tipo de investigação. Muitos são presos, mas não por muito tempo. A lei é muito branda – avalia Wagner.

Conforme Sandro Meinerz, são vários os grupos a agir na região, o que fica evidenciado pelo tipo de cortes feitos nos equipamentos.

– Percebe-se que os cortes são diferentes. Alguns são tão precários que (os ladrões) nem conseguem tirar o dinheiro. Outros são cirúrgicos, o que demonstra o conhecimento especializado – afirma o delegado.

O perfil das quadrilhas

Caixeiros
- Agem contra agências onde há caixas eletrônicos
- A ação costuma ser praticada à noite e em cidades pequenas
- Geralmente não agem com violência
- Usam algum objeto para cobrir os vidros e impedir que sejam vistos dentro do local
- Utilizam um maçarico para arrombar os caixas eletrônicos
- As primeiras quadrilhas desta modalidade teriam surgido em Joinville (SC)
- Em 2000, havia 40 "caixeiros" identificados. Atualmente, são mais de 700

Toupeiras
- Ingressam em agências furando paredes ou pelos telhados, com marretas ou as chamadas serras copo
- Arrombam o cofre da agência com uso de maçaricos
- Priorizam ações noturnas e em cidades com pouco efetivo policial
- Evitam o confronto violento
- As primeiras seriam de Porto Alegre e na região metropolitana

Explosivos
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