destino do lixo

90 contêineres de coleta seletiva estão guardados à espera de uma nova licitação

Camila Gonçalves e Marcos Fonseca*

Fotos: Renan Mattos (Diário)
Quase um ano após instalação de 10 contêineres laranjas, recolhimento de lixo seco ainda é pouco abrangente em Santa Maria

A coleta seletiva de lixo ainda depende de uma série ajustes para ser criada de forma efetiva em Santa Maria. Em março do ano de 2018, 10 contêineres laranjas foram instalados nas ruas centrais para o depósito de papéis, papelões, livros, jornais, revistas, plásticos, latinhas de alumínio e outros tipos de lixo seco. Na época, a prefeitura prometeu a implantação de mais 90 unidades até setembro de 2018. Passados cinco meses, as novas unidades não foram instaladas e seguem no depósito da empresa licitada para o serviço de coleta, a Conesul.

A PROMESSA
Em março de 2018, reportagem do Diário mostrava que a promessa da coleta seletiva era setembro de 2018

A Conesul, de Santa Cruz do Sul, começou a operar na coleta de lixo orgânico e seco em Santa Maria em 2016. No ano seguinte, instalou os primeiros contêineres para material reciclável. Os atuais 10 recipientes, na cor laranja, diferenciam-se dos demais, que são cinzas e servem para o depósito do lixo comum. Todos ficam na Região Central.

Em 2017, o prefeito Jorge Pozzobom (PSDB), anunciou que seriam implantados outros 90 contêineres laranjas para ampliar a coleta seletiva. Dois anos depois, a prefeitura informa que o atual contrato com a Conesul, que vai até agosto deste ano, não contempla a instalação dos 90 recipientes laranjas.

A implantação dos equipamentos implicaria em maior trajeto de recolhimento dos caminhões de coleta e, portanto, em alterações nas cláusulas e valores do contrato de prestação do serviço com a Conesul, com a Sustentare (que faz a coleta convencional, recolhendo lixo das residências), e com a Companhia Riograndense de Valorização de Resíduos (CRVR), que recebe os resíduos no aterro municipal.

Segundo a secretária de Meio Ambiente, Sandra Rebelato, a prefeitura está elaborando um termo de referência, que é a especificação dos serviços que as empresas deverão prestar, para depois abrir uma nova licitação que contemple ainda mais a coleta seletiva.

- Não posso exigir das empresas que estão fazendo esse trabalho, atualmente, o que não existe no contrato. Agora, os técnicos estão trabalhando no termo de referência, com a descrição pontual de todos os serviços que devem ser feitos, para termos uma nova licitação - diz.

DIFERENÇAS NO RECOLHIMENTOO contêiner cinza é para lixo comum, o laranja é para resíduos secos

A coleta de resíduos classificados como doméstico ou comum em Santa Maria funciona de duas formas:

  • Contêineres _ Há a coleta diária, na Região Central, na qual a população leva os resíduos até o contêiner. A empresa contratada para o serviço de contêineres é a Conesul Soluções Ambientais, que atua de segunda-feira a sábado, mas sem horário específico, segundo informado pela assessoria de comunicação da prefeitura. A cidade conta, atualmente, com 550 coletores, - a maioria na cor cinza -, para disposição de resíduos doméstico orgânicos. Todos estão distribuídos pela Região Central. O destino deste lixo é a Companhia Riograndense de Valorização de Resíduos (CRVR), onde fica o aterro municipal, situado na Região Oeste de Santa Maria
  • Coleta comum - Feita em diferentes bairros e sedes dos distritos onde não há contêineres. A empresa contratada é a Sustentare Saneamento, que também destina resíduos coletados até o aterro sanitário. A coleta comum é estabelecida conforme a região da cidade e pode variar de uma a três vezes na semana. Para fazer a coleta, o material deve estar embalado em sacos plásticos apropriados.

Para o lixo reciclável, como plásticos, alumínio, papel e papelão, há 10 recipientes na cor laranja. O problema é que, independentemente de ser lixo seco ou orgânico, o destino dos resíduos dos contêineres recolhidos pelos caminhões da empresa acaba sendo o mesmo: o aterro municipal, situado na região oeste de Santa Maria.

RECICLADORES NÃO RECEBEM LIXOS SECO DOS CONTÊINERESFoto: Gabriel Haesbaert (Diário)
Associação não recebe material depositado pela população nos contêineres laranjas do Centro

Além disso, a logística de distribuição para recicladores locais, por exemplo, depende da regularização das entidades junto aos órgãos ambientais e a Receita Federal. A Associação de Selecionadores de Materiais Recicláveis (Asmar) é a única licenciada pela prefeitura. 

- Essa coleta seletiva vai ocasionar a necessidade de termos mais associações aptas a receber os resíduos. Temos feito um trabalho de conscientização das outras agremiações que existem, porque esses grupos de batalhadores têm muita dificuldade. Eles precisariam de licença ambiental. Estamos em contato com as universidades Federal e Franciscana para auxiliá-los a se licenciar junto à prefeitura - completa Sandra. 

Por enquanto, quem se preocupa em depositar o lixo orgânico no contêiner cinza e o resíduo seco no contêiner laranja facilita o trabalho da separação dos resíduos que vão para o aterro, mas ainda não beneficia as famílias que sobrevivem da renda do material reciclável. Margarete Vidal, que integra a coordenação da Asmar, diz que a entidade não recebe o lixo dos contêineres, mas realiza a coleta em condomínios cadastrados. A cada dia, duas regiões da cidade são visitadas e são atendidos 28 bairros.  

Para ela, a coleta seletiva só teria vantagem para as 25 famílias de recicladores se fosse feita a colocação correta do lixo seco nos contêineres pela população. Porém, a entidade tem de arcar com os custos da coleta, além de alimentação dos associados, entre outros gastos.  

 - Seria perfeito se a prefeitura dividisse o conteúdo dos contêineres e entregasse nas associações. Pouparíamos combustível. Mas isso deveria começar com uma propaganda forte. Muita gente não sabe que não pode misturar com o lixo orgânico - diz Margarete. 

COLETA SELETIVA: PROMESSA QUE PASSA DE UM GOVERNO PARA OUTRO
As promessas de implantação da coleta seletiva em Santa Maria são antigas.
Em 2003, o Diário já mostrava que o recolhimento do lixo seco era discutido no município. Em 22 de outubro daquele ano, o Diário publicou reportagem com o seguinte título: "Coleta seletiva anda a passos lentos na cidade". Na ocasião, a prefeitura alegava falta de recursos para a efetivação do serviço. Três meses antes, a administração do prefeito Valdeci Oliveira (PT) havia lançado uma campanha de conscientização para a população separar o lixo em casa, facilitando a reciclagem.

Passados mais de 15 anos, o recolhimento do lixo seco, aquele que pode ser reciclado para virar outros produtos, segue apenas no campo das ideias. Diversas tentativas foram feitas nesse período, mas nenhuma avançou. Uma das iniciativas foi criada em 2005, com a coleta de porta em porta. Quarenta catadores, com uniforme e carrinhos padronizados, atuariam no recolhimento do material separado pela população em casa. A proposta acabou sendo abandonada.

Santa Maria fica com 10 contêineres de lixo seco até setembro

Em 2008, na sua segunda gestão, Valdeci firmou contrato com uma nova empresa para o recolhimento de lixo doméstico por meio de contêineres na Região Central da cidade. A meta era disponibilizar, também, a coleta seletiva em todos os bairros. Mas, novamente, a proposta não saiu do papel. A empresa recebia R$ 8 milhões, à época, para realizar a coleta do lixo comum em todo o município.

Em 2011, em sua primeira gestão, o prefeito Cezar Schirmer (MDB) rompeu o contrato com a prestadora e licitou o serviço novamente. Outra vez, havia a promessa de uma associação recolher cerca de 50 toneladas de resíduos recicláveis produzidos por mês no município, na época. Até então, quatro associações cadastradas na prefeitura faziam esse serviço de forma independente. Nenhum contêiner específico para lixo seco foi implantado na cidade.

*Colaboraram Naiôn Curcino e Pâmela Rubin Matge

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